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Review: The Precinct, o GTA de polícia, tem potencial desperdiçado por falhas e bugs

Game se perde em bugs amadores e falhas na jogabilidade e prejudica a experiência inovadora do jogo

Avatar do(a) autor(a): Diego Borges de Sa

13/05/2025, às 13:43

Atualizado em 13/05/2025, às 19:03

Review: The Precinct, o GTA de polícia, tem potencial desperdiçado por falhas e bugs

The Precinct é um jogo que vem chamando atenção desde que foi anunciado, e posteriormente quando ganhou uma versão demo. Ele remete aos primeiros jogos da franquia GTA, ainda com a famosa visão aérea, mas no sentido oposto em relação ao enredo, já que ao invés de promover o caos, você deve combatê-lo. 

No controle de um policial, você precisa patrulhar as ruas fazendo desde atividades básicas, como aplicar multas de estacionamento, até pilotar helicópteros em perseguições por toda a cidade. Mas será que todo o hype vale a pena? Confira! 

Um jovem policial em busca de justiça

A premissa de The Precinct é simples e direta: ser uma espécie de simulador de policial. Para isso, o game traz um enredo que se passa nos anos 80, onde você controla Nick Cordell Jr, um novato que entra para a polícia para perpetuar o legado de seu pai, um agente da lei renomado, que foi morto em serviço. 

Embora não fique claro no começo do enredo, ao longo do jogo é possível notar que Nick também tem como objetivo investigar a morte de seu pai, e que aos poucos começa a ter ligação com o crime organizado que você combate no dia a dia. Sendo assim, é uma história clichê, digna de um filme/seriado policial da década, mas que se encaixa perfeitamente para a ideia do game.

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Entretanto, essa história acaba ficando muito de lado por conta dos dos incansáveis turnos repetitivos, nos quais darei mais detalhes ao longo do texto. Em outras palavras, a sensação é que o game poderia se dividir melhor, e deixar essa escolha para o jogador, como por exemplo focar nas missões de patrulhamento visando evoluir seu personagem, ou optar por seguir o enredo principal para que o mesmo tenha um rumo mais direto, sem interrupções de uma grande investigação, para ficar rodando em estradas em busca de carros acima da velocidade. 

Por fim, também ficou um pouco estranho a forma com que o Nick é usado dentro do jogo por seus companheiros de farda. O jovem policial, que acabou de aprender a multar carros, rapidamente vai parar em investigações complexas, onde ele mesmo precisa investigar cenas de crimes atrás de pistas, papel de um legista ou um agente mais experiente. Fiquei com a sensação de que tudo é muito rápido, e que poderia ter um desenrolar mais realista. 

O dia a dia de um agente da lei

Como dito no começo do texto, The Precinct busca fazer o inverso de jogos do gênero, te colocando para impedir que o mundo se torne caótico, ao invés de incentivá-lo a fazer isso. Sendo assim, é preciso que você assuma o papel de um rigoroso policial para fazer com que a lei seja respeitada em uma região dominada pelo crime, e pela má conduta de seus cidadãos. 

A linha de aprendizado do jogo faz com que você se sinta como um novato. Acompanhado de seu comparsa, você começa a aprender a patrulhar as ruas com as missões mais básicas, que são as multas de estacionamento e de trânsito. Sendo assim, é preciso rodar as ruas e estradas em busca de carros estacionados na calçada, perto de hidrantes, na contramão, etc. Além disso, você deve percorrer vias atrás de quem excede o limite de velocidade, e fazer a abordagem correta, seguida de multa, ou de prisão caso sejam encontradas outras irregularidades, como armas e itens falsificados.

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Um pouco depois a coisa começa a ficar mais agitada. É o momento em que você precisa abordar ladrões e membros de gangues, e usar a força letal caso necessário. Paralelo a isso, há o enredo mencionado anteriormente, onde no meio do seu turno, você pode ser convocado para participar de alguma atividade ligada ao enredo. 

E é nesse momento que temos o primeiro problema: a aleatoriedade com que isso acontece. Ao começar um turno, no qual você pode escolher como ele deve ser feito, e até personalizá-lo, mudando horas e funções, não há como saber se esse “chamado” ocorrerá, ou como ele será feito. 

Pensando em realismo, é basicamente assim que ocorre na “vida real”, afinal, nenhum policial vai para o seu turno sabendo que será chamado para tal investigação. Mas para o bom andamento do jogo, isso acabou me frustrando à medida com que passava o tempo aplicando multas de trânsito, na esperança de ser chamado, e isso não ocorre. 

Além disso, o jogo tem como base de sua história principal encontrar pistas para descobrir a localização de um membro de uma gangue que, quando capturado, começa a iniciar uma nova investigação para outro membro de uma hierarquia acima. Sendo assim, seguir na história principal é uma espécie de loteria, já que não há como optar por focar nas missões que vão levar ao desenrolar da trama. 

O jeito é cumprir o máximo de chamados possíveis, para que em abordagens a suspeitos você encontre alguém ligado a uma gangue, e assim isso some uma pista ao total para “liberar” a missão chave para prender o membro importante do bando. 

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Jogabilidade falha prejudica o game

Antes, é preciso dizer que a versão utilizada para a produção do review foi a de PlayStation 5. Sendo assim, pode ser que todos os problemas mencionados não tenham sido encontrados nas outras plataformas para o qual o jogo foi desenvolvido, que são Xbox Series S/X e PC. 

Infelizmente, The Precinct me surpreendeu de uma forma negativa, apresentando os bugs mais bizarros que pude presenciar em quase 20 anos atuando na área de jornalismo de games. Porém, antes é preciso mencionar as falhas no jogo que não são necessariamente consideradas bugs, mas que necessitam de correções.

A começar pela movimentação em si, seja a pé ou na condução de um veículo. O jogo apresenta falhas, até mesmo cômicas, na hora de correr com o personagem, onde o mesmo simplesmente escala um portão aberto, e com isso acontecendo no vazio algumas vezes. Além disso, é comum atravessar algum elemento do cenário, ou até mesmo um NPC, que por muitas vezes também se comporta de forma estranha, seja correndo na direção de um tiroteio, ou se escondendo dentro de uma lata de lixo, com você a poucos passos atrás dele.

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Já no controle do carro, é um tanto complexo se acostumar com o comportamento do mesmo, já que além de boa parte do tempo não se comportar como deveria em curvas, tem um sistema de “aceleração” que em alguns momentos simplesmente leva mais tempo do que o normal. O game até impõe um sistema de evolução, onde em níveis mais avançados você pode dirigir carros mais poderosos, como vans feitas para colidirem com veículos em fuga. Mas ainda sim na prática não muda muita coisa. 

E para piorar ainda há atividades secundárias onde você pode participar de rachas, porém é quase impossível chegar entre os três primeiros, a não ser que você dê uma sorte imensa com uma colisão coletiva de seus adversários.

Outro elemento que decepciona é o sistema de combate. A começar pela forma que você deve abordar o suspeito de uma maneira não letal, que pode ser feito com um cassetete, que por sua vez é um tanto ineficaz. A forma mais efetiva é simplesmente “entrar em combate” e pressionar o botão rapidamente para disputar força com o oponente. Ou então esperar que ele fuja para pular nas costas dele, ou torcer para o mesmo se entregar.

Já o sistema de “troca de tiros” é uma tragédia. Você precisa se posicionar atrás de um elemento para se proteger e disparar contra os inimigos. E para isso há uma espécie de mira, que por sua vez precisa ser ajustada com um alvo em cima do oponente, mas para isso, você precisa sair da sua proteção, o que torna tudo mais complexo. Felizmente, a sua energia vital volta com o tempo (!!), o que torna as coisas mais simples, porém ainda sim um tanto confusas e irreais. 

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Bugs surreais ao longo do jogo

Como dito anteriormente, o game me surpreendeu negativamente ao apresentar uma das maiores sequências de bugs que presenciei na carreira, ao ponto de me questionar se aquilo não fazia parte do jogo. A seguir o vídeo completo do que eu presenciei em um determinado ponto da minha campanha. 

Ou seja, em menos de 10 minutos, eu pude presenciar carros circulando na contramão e se chocando uns contra os outros, veículos da polícia desgovernados me atropelando, um NPC literalmente voando e sumindo no cenário, e entre outros bugs que vocês podem conferir no vídeo abaixo. 

Infelizmente, não é difícil se deparar com outros. Curiosamente, alguns até fazem parte da sua “rotina”, como seu parceiro sumir no mapa e aparecer dentro do carro. Outros aparecem com frequência a chegam a prejudicar diretamente o andamento do jogo, como na hora de perseguir um carro, ele atropelar uma ou mais pessoas na fuga, e no momento de aplicar a multa por atropelamento ela ser indicada como errada, ou apontar para um “ponto” no cenário e ele acionar outro, como ao aplicar uma multa, mas o personagem acabar quebrando o vidro por ambos os objetivos serem quase colados de tão próximos

É uma pena que um jogo que prometeu tanto em sua versão demo, e que traz um inicio de aventura tão empolgante, acabe sendo totalmente prejudicado por falhas que eu diria até amadoras. Resta saber se eles serão corrigidos até que o mesmo seja liberado para o público em geral, já que ninguém vai gostar de comprar um jogo “completo” que possui um comportamento de um game em fase de testes. 

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Visual faz o básico, mas agrada

Em relação ao visual do jogo, não há nada a ponto de impressionar pelo realismo. Muito pelo contrário, o game não traz uma proposta de impressionar seu público com gráficos detalhados ou algo parecido, a sensação é que The Precinct quer te levar para uma viagem ao passado, mas com elementos que ainda sim hoje em dia conseguem dar uma cara mais atual. Em outras palavras, é algo muito próximo do que seria GTA 1 e 2 de uma maneira remasterizada. 

Nos momentos em que o jogo se passa à noite, é até interessante notar como há um cuidado em retratar áreas comuns a de uma cidade grande, como parques, praças e aglomerados de bares bem iluminados, em contraste com becos e ruas ao em torno de vias expressas às escuras. 

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Me chamou atenção também as cenas de crimes relacionados à história principal. Há diversos detalhes para compor o cenário, desde fitas isolando a área, até um destaque não tão exagerado das pistas a serem investigadas. Isso sem falar em alguns corpos que sofreram mortes inusitadas, como uma juíza presa em suas próprias plantas e um “acidentado” no metrô da cidade. Aliás, esse mesmo nível de detalhes também se expande para casas, bares, estações do metrô, e outros lugares onde é possível adentrar para prosseguir com o enredo.

Mas nem tudo são flores, e há alguns elementos visuais que incomodam em The Precinct. O primeiro deles é a ausência de animações, já que todos os diálogos são feitos com textos e imagens fixas dos personagens. E o outro é a repetição de personagens com a mesma aparência pela cidade. Além de ser inusitado, em determinado momento podem até mesmo comprometer uma perseguição, já que, por serem iguais, você pode correr atrás do personagem errado. 

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Vale a pena? 

The Precinct tinha tudo para ser uma das grandes surpresas de 2025, e até mesmo um dos jogos mais divertidos do ano. Mas tropeça nas próprias pernas ao apresentar um compilados de falhas e bugs que estragam grande parte da experiência do game. Ao mesmo tempo em que busca ser inovador em alguns quesitos, o jogo se torna altamente repetitivo ao apresentar uma jogabilidade que se baseia em replicar atividades bobas, como aplicar multas e correr atrás de suspeitos. 

O simples fato de dar mais liberdade ao jogador, como por exemplo escolher entre missões secundárias ou focar na boa história de plano de fundo, teria mais êxito no que ele optou por apresentar. Sendo assim, aquele que poderia ser uma grande surpresa do ano, “surpreendeu” e se tornou uma das maiores decepções de 2025 para mim. 

Nota do Voxel: 60

Pontos positivos (Prós):

- Enredo simples, mas que cai como um bom pano de fundo
- Começo de jogo empolgante
- Temática diferenciada

Pontos negativos (contras):

- Bugs que tornam o game quase "injogável"
- Jogabilidade repleta de falhas
- Quebra de ritmo do enredo principal 
- Repetição de atividades simples

A review de The Precinct foi realizada com uma cópia do jogo para PS5. O game também já está disponível no PC e Xbox Series S e X. E na sua opinião, qual é o melhor jogo do ano até o momento? Conte para a gente nas redes sociais do Voxel!


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Por Diego Borges de Sa

Especialista em Redator

Jornalista especializado em games e tecnologia desde 2007, com passagens por TechTudo e Globo Esporte.com. Apresentador com passagens por Rádio Globo, SporTV e Canal Combate.


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