Durante o seu primeiro ano de vida, Diablo 4 passou por inúmeras mudanças, quase sempre levando em conta o feedback dos jogadores e, com isso, se tornou um jogo muito mais divertido e recompensador. Tanto para aqueles que gostam apenas de curtir a trama e o resto do conteúdo de forma solo como para quem ama fazer builds diferentes a cada temporada. Só que a verdadeira transição do jogo acontece agora, com a chegada do update 2.0 e da primeira expansão, Vessel of Hatred.
Ambos chegam oficialmente em 8 de outubro e, enquanto o update trará mudanças à raiz de muitas mecânicas e diversas novidades de qualidade de vida, a expansão oferecerá uma nova classe, um ato inédito para continuar a história de Diablo 4, uma nova região, um sistema de runas, mercenários que podem lutar ao seu lado, mais uma opção de conteúdo multiplayer PVE, diversas masmorras e mais aspectos e itens para suas futuras builds.
A classe Natispírito oferece bastante diversidade, mesmo sem uma build tão eficienteFonte: Blizzard/Reprodução
Nas últimas semanas, eu tive a oportunidade de experimentar Vessel of Hatred, já com as mudanças da versão 2.0 e te conto tudo o que achei da expansão na nossa análise logo a seguir!
Mudanças para todo lado
Antes de qualquer coisa, eu acho importante ressaltar que esse será um review apenas de Vessel of Hatred. É claro que algumas alterações da versão 2.0 do jogo base afetam certos aspectos da experiência geral, mas o plano aqui é focar na expansão, já que ela, diferente do update, é paga, então é o que pode gerar mais dúvidas para os jogadores interessados. Outro ponto do qual você precisa estar ciente é que a minha análise só pode levar em conta a experiência de personagens eternos e não os de temporada, já que não era possível testar a nova season com a expansão ainda.
A Cidade Subterrânea pode ser uma boa fonte para conseguir equipamentosFonte: Blizzard/Reprodução
Se você é um jogador mais interessado nas temporadas e em como a expansão e a versão 2.0 vão alterar a sua experiência a partir de agora, eu não tenho como te dar uma resposta concreta ainda. Pelo o que eu pude perceber, tudo parece ser bem promissor para as futuras seasons, mas só será possível ter uma boa noção disso depois do dia 8 de outubro, quando a temporada 6 for disponibilizada. É claro que vou jogá-la, então se você quiser um relato mais detalhado de como essas novidades impactarão essa experiência específica, deixe seu comentário nos dizendo!
E os ganchos continuam...
Quem zerou a campanha original de Diablo 4, sabe que fomos deixados com um grande gancho após enfrentarmos Lilith. Como sempre imaginamos, é o dever de Vessel of Hatred continuar essa história com um ato inédito, seguindo a nossa missão envolvendo Neyrelle e Mephisto exatamente de onde paramos anteriormente. No geral, eu gostei da trama, que como é tradição nos jogos da franquia, conta com muitas reviravoltas e tragédias no meio do caminho.
Como sempre, as cutscenes preparadas pela Blizzard são primorosas, mas para não estragar a experiência de vocês, é claro que não vou mostrar nada que já não tenha sido revelado em trailers previamente. Se você é uma das poucas pessoas que compra os jogos e expansões da franquia para aproveitar a trama e o conteúdo solo, eu diria que essa pode ser uma experiência agradável, mas acho que Vessel of Hatred faz mais sentido para quem também planeja jogar as temporadas eventualmente, pelo menos no seu preço cheio.
A sua experiência pode variar bastante, mas focando na trama, em explorar a nova área e ao fazer algumas coisas extras, eu levei cerca de 12 horas para concluir a parte principal da história, que acaba com um novo gancho. Realmente não é muito tempo e acredito que isso pode decepcionar alguns jogadores. Depois disso, o jogo ainda continua a campanha ao te encaminhar para subir de nível e fazer atividades voltadas para o endgame. Isso inclui missões secundárias, algumas masmorras, a maré infernal e níveis mais difíceis do fosso, por exemplo. Não é algo que você precisa fazer, mas serve para te direcionar, algo ótimo para novos jogadores.
O que preciso dizer é que com a mudança dos pontos de excelência na versão 2.0, que agora dão apenas 1 ponto por nível em vez de 4 pontos por nível, eu senti que a progressão ficou bem mais lenta e que tive que fazer um grind extra do que estava acostumada para sequer ter dano suficiente para fazer o fosso e a maré infernal nas dificuldades mais altas. É claro que isso também foi causado pela minha falta noção de quais itens, aspectos e habilidades poderiam formar uma build mais eficiente com a classe nova.
É claro que a minha experiência foi ainda mais devagar porque eu ter jogado em um servidor de testes e completamente sozinha. Vocês terão a vantagem de contar com guias de builds, mais tempo para fazer as atividades disponíveis, saber qual equipamento usar, jogar com outras pessoas, ter ajuda com inimigos e atividades mais difíceis e, obviamente, o acesso aos bônus de XP da temporada. Apesar de ter um ritmo mais lento após o nível 60, a vantagem é que todos os personagens de um mesmo reino (seja Eterno ou Temporada) compartilharão os pontos de excelência a partir de agora, algo ótimo para quem joga com múltiplos herois ao mesmo tempo.
Uma jornada espiritual
Vale dizer que boa parte do desafio que eu senti ao jogar nas dificuldades mais altas foi causado porque eu queria testar exclusivamente a variedade da classe Natispírito para esse review. Para experimentar um pouco de tudo, mudei de build completamente umas 8 vezes durante o meu teste de Vessel of Hatred. Ela oferece a possibilidade de usar quatro guardiões espirituais, cada um focado em um tipo de dano e estilo de gameplay, além do uso de até três tipos de armas diferentes.
Você pode focar em apenas um dos guardiões ou misturá-los, o que gera muitas possibilidades diferentes, mas também confusão na cabeça de alguém que não tem muito talento para montar suas próprias builds, como é o meu caso. A ideia era realmente tentar todos os guardiões, ou seja, o Gorila, a Centopeia, o Jaguar e a Águia, de forma totalmente solo por algumas horas cada um e depois fazer certas combinações entre eles. Como dá para imaginar, esse troca troca não foi muito eficiente, mas pelo menos foi bem divertido e me deu boa noção de como cada guardião funciona.
Caso não tenha visto muito sobre essa classe, dá para resumir dizendo que o espírito de Gorila foca em ataque físico e defesa, que a Centopeia aplica veneno e debuffs, que a Águia tem muita mobilidade e evasão e que o Jaguar causa dano de fogo e conta com bastante velocidade de ataque. Além disso, você pode escolher um guardião principal e um secundário para receber benefícios extras, mesmo que foque suas habilidades em apenas um espírito.
Eu nem consigo imaginar tudo o que é possível fazer ao combinar esses guardiões, mas as possibilidades do que eu fiz sozinha nesse curto tempo já foram incríveis. Inclusive, eu até recomendo que você experimente essa classe assim que comprar a expansão, mesmo que ela não apresente uma das builds mais fortes da temporada logo de cara. Eu a achei uma excelente adição no game e, no mínimo, você vai experimentar algo bem único e diferente de tudo o que já estamos cansados de ver no jogo base.
Um novo mundo
Falando nos Natispíritos, Vessel of Hatred se passa em Nahantu, a região local dos praticantes dessa classe. A área é bem extensa, possui muitos biomas novos em relação ao jogo base e, é claro, oferece novas cidades, missões secundárias, masmorras com designs inéditos, porões, altares de Lilith e fortalezas, além da chance de adquirir pontos extras de habilidade e de excelência. Apesar de não ter algo super inovador, essa é uma região agradável e é refrescante explorar uma área inédita após tantos meses olhando para os mesmos cantos do mapa.
Vale dizer que com Nahantu, também temos a chegada de atividades como a Cidadela Sombria, um conteúdo de endgame que você pode realizar em grupo, e a Cidade Subterrânea, que você pode explorar sozinho ou com amigos para conseguir um equipamento extra dependendo do seu desempenho. O quanto essas duas atividades serão úteis durante as temporadas, só o tempo dirá, mas elas parecem valer a pena e oferecem mais variedade no jogo.
Ainda na nova região, podemos encontrar e contratar mercenários que nos ajudarão em toda a nossa jornada. Depois de recrutá-los, você pode viajar, lutar e fazer quests com eles ao seu lado para aumentar sua afinidade, o que permite destravar habilidades especiais da sua escolha e que eles usarão em batalhas. Eu achei esse um recurso bem interessante, especialmente para complementar o seu personagem próprio ao escolher skills que cobrem as fraquezas do seu estilo de jogo. Quando mudei minha build focada em Gorila para Centopeia, por exemplo, foi muito útil ter um mercenário mais defensivo, já que eu estava mais vulnerável do que antes.
Sei que muitos jogadores gostam de um desafio extra e de fazer tudo sozinhos, mas agora que o jogo apresenta níveis de dificuldade mais distintos do que os antigos Tiers de Mundo, não vejo motivo para não usar esses mercenários. Isso vale especialmente para quem não tem amigos que jogam Diablo 4 e para quem tem dificuldade de encontrar desconhecidos para fazer boa parte do conteúdo do jogo em grupo. É claro que mercenários nunca poderiam substituir jogadores reais te ajudando, mas são um bom começo.
Nahantu é realmente uma área muito bonita e diferente do que temos no jogo baseFonte: Blizzard/Reprodução
A outra novidade que promete mudar as builds de Diablo 4 são as palavras rúnicas, uma mecânica similar ao que tínhamos em Diablo 2 e que voltou exclusivamente em Vessel of Hatred. Na expansão, há dois tipos de runa, uma fornece uma quantidade de oferenda e possui uma ação que precisa ser realizada, enquanto o outro tipo de runa requer uma quantidade de oferenda para funcionar e possui um benefício que será gerado com isso. Desta forma, você pode combinar esses dois tipos de runa em seu equipamento para formar uma palavra rúnica, que realizará o tal benefício quando você realizar a ação requerida.
Para simplificar, posso dar o seguinte exemplo: uma runa pode soltar uma habilidade poderosa quando você bebe uma poção e tem a quantidade de oferenda requerida disponível. Você só pode formar duas palavras rúnicas com seu equipamento, então é preciso escolher com cuidado e, com certeza, as futuras builds exigirão runas específicas para funcionar de forma otimizada. Como eu não tive tanto tempo para caçar runas eficientes para as builds que estava fazendo, apenas testei o recurso com o que tinha em mãos, mas mesmo assim, as palavras rúnicas se mostraram muito úteis, especialmente quando joguei nas dificuldades mais altas.
Vale a pena?
Para ser bem sincera, analisar uma expansão é sempre uma tarefa meio estranha, afinal, você precisa separar bem o seu conteúdo do jogo base e ver como ele pode incrementá-lo e se é algo que faz diferença real na experiência do jogador. Fora isso, em um jogo como Diablo, isso é ainda mais difícil pela minha experiência ser bem mais limitada em comparação ao que os jogadores terão acesso em breve e por não contar com uma das partes mais importantes do jogo e que o torna tão duradouro no longo prazo.
A Cidadela Sombria promete ser mais uma atividade interessante para quem curte o endgameFonte: Blizzard/Reprodução
Ainda assim, pensando na campanha, na continuação da trama, nas novas atividades, nas mecânicas inéditas e na nova classe e região, não dá para negar que Vessel of Hatred tem muito conteúdo de qualidade, mesmo que você não participe ativamente das temporadas. O pior que pode acontecer nesse caso é você ter que lidar com um grind mais lento depois de atingir o nível 60, o que não é exclusivo da expansão e nem é algo tão inédito para jogadores de Diablo de qualquer forma.
O que eu posso afirmar é que mesmo que alguns ajustes sejam necessários por parte da Blizzard aqui e ali, vai ser essencial ter essa expansão na sua biblioteca se quiser aproveitar o máximo possível das futuras temporadas, assim como foi o caso de Reaper of Souls em Diablo 3. Há simplesmente muitos aspectos exclusivos que vão fazer a diferença e, aliado com o update 2.0, Vessel of Hatred tem a chance de transformar o Diablo 4 que conhecemos em uma algo ainda mais divertido, recompensador, cheio de melhorias em relação ao antigo jogo base e com atividades ainda mais infernais para quem adora perseguir a build perfeita no endgame.
Nota do Voxel: 90
Pontos positivos
- Campanha interessante o suficiente e excelentes cutscenes
- A região de Nahantu é muito agradável e diferente
- A classe Natispírito é divertida e conta com bastante diversidade
- As novas atividades oferecem mais variedade ao endgame do título
- Mercenários e palavras rúnicas são ótimos sistemas
Pontos negativos:
- Palavras rúnicas serão essenciais para temporadas e deveriam pertencer ao jogo base
- A trama é não é muito longa e acaba com outro gancho
Diablo IV: Vessel of Hatred foi testado no PC com uma cópia antecipada e limitada cedida pela Blizzard.