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Opinião: PS5 é caro porque a Sony pode — e a concorrência permite

Falta de um sucessor para o Nintendo Switch 2 e a confusa estratégia da Microsoft dá espaço para Sony testar os limites do consumidor; entenda!

Avatar do(a) autor(a): Adriano Camacho

schedule13/09/2024, às 17:58

updateAtualizado em 13/09/2024, às 17:57

Depois de muita expectativa e inúmeros rumores, a Sony finalmente revelou o PS5 Pro em um breve evento. Conforme esperado, o novo modelo é simplesmente mais poderoso e capaz que a versão base, mas não reinventa a roda em nenhum aspecto, trazendo apenas versões proprietárias de tecnologias já conhecidas — como o DLSS. No entanto, o que surpreendeu e muito desagradou foi o preço, de US$ 799, praticamente o dobro do exigido na estreia da geração.

Recapitulando, o PS5 foi considerado uma versão melhorada do PS4 Pro em seu lançamento — a forma definitiva de jogar títulos em 4K. Nos consoles, a maior barreira na época era ter que encarar a escolha de dois modos alternativos, priorizando qualidade ou desempenho. Pensando nesse contexto, o PS5 Pro também poderia ser chamado de PS4 Pro 2, justamente por oferecer melhorias bem modestas para o público. Sua principal diferença é, na prática, não ter que escolher entre os modos da versão base.

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No entanto, muita coisa mudou no cenário geral de jogos nos últimos quatro anos, com os maiores avanços acontecendo nos PCs conforme é costumeiro. Até para os mercados mais desenvolvidos, o PS5 Pro parece fazer pouco sentido considerando o custo-benefício —  mas então, por que a Sony teria apostado tão alto? Bom, porque ela pode, ao menos por enquanto.

O que o preço do PS5 Pro representa no atual mercado de jogos?

Se o PS5 Pro não inova o suficiente, não tem jogos que justifiquem os avanços, e ainda custa o dobro da versão original, como seu lançamento ainda pode fazer sentido? Bom, ele não é vantajoso para o custo-benefício do consumidor, mas é coerente na perspectiva do mercado de jogos. 

Para melhor contextualizar, por um lado, temos a Xbox com dificuldades de estabelecer uma estratégia clara de mercado, vendendo cinco vezes menos consoles que a Sony. Por outro, temos a Nintendo, que ainda curte os vitalícios lucros de um excelente portátil híbrido de 2017, consagrado como um dos mais bem-sucedidos na história — e que só deve receber um sucessor daqui a um ou dois anos. Nessa conjuntura, a PlayStation está confortável para conquistar um espaço sem muita disputa, por consequência, ditando um preço agressivo contra o público.

E isso também não é por acaso: o custo para produzir componentes para consoles subiu nos últimos quatro anos, mas a precificação para o consumidor ainda se manteve competitiva dentro do possível. Para piorar a situação, embora sejam de nichos diferentes dentro da mesma empresa, o fracasso de Concord deixou um prejuízo histórico nos cofres da PlayStation — algo que só incentiva a aposta em um preço mais agressivo no PS5 Pro para equilibrar a balança.

Conforme detalhou o The Verge, a Sony chegou a aumentar o preço do PS5 em até 19% no Japão, ainda no final do mês de agosto — muito antes da derrocada de Concord ou da recepção do PS5 Pro. Pensando no histórico, foi o terceiro aumento do console na região desde seu lançamento, em 2020, variando até 82,5% na versão Digital. Essa decisão só solidifica a necessidade do ajuste de preços, frente às mudanças econômicas internacionais.

Não é a primeira vez que a Sony lança um console tão caro

Se acha que a falta de uma concorrência adequada para o PS5 Pro sugere a vitória indiscutível da Sony, pode estar um enganado! Bom, é preciso lembrar que o novo modelo Premium não é o console mais caro já lançado pela empresa — pois é. Após o sucesso estrondoso do PlayStation 2, a Sony liderava com folga o mercado de consoles e todos aguardavam a próxima grande plataforma: o PS3.

Em sua primeira versão, o PlayStation 3 estreou com um chassi construído com materiais premium, leitor de Blu-Ray e um acabamento refinado. Os gráficos impressionavam, era o avanço que todos esperavam, exceto por um problema — o preço mínimo de US$ 499 (R$ 2.800) em 2008, ou US$ 778 (R$ 4.388) corrigidos para valores atuais. Para comparativo, o PS5 Pro mais básico pode ser adquirido por US$ 699, algo em torno de R$ 3950 na conversão direta, já que não temos valores nacionais.

PS3, em 2008Anúncio de preços do PS3, em 2008

Apesar de todo sucesso de seu antecessor, o PlayStation 3 não caiu nas graças do público — nem todos os modelos podiam rodar os jogos de PS2, preço caro e poucos jogos novos. Com as vendas abaixo do esperado, a Sony deu espaço suficiente para o Xbox 360 brilhar como alternativa, coroando futuramente a Microsoft como vencedora daquela geração. 

Ainda há quem diga que, não fosse o deslize da Gigante Americana com o Xbox One, a Microsoft ainda estaria reinando plena como líder. Com o PS4, a Sony retomou fôlego e se consagrou líder, novamente — mas o mercado já não é mais o mesmo. Com a iminência de um Nintendo Switch 2 e o custo-benefício dos PCs, a PlayStation pode estar contando com um sucesso ainda não conquistado, mais uma vez.

Dita a história quem chega primeiro

Entretanto, a posição de conforto da Sony permite que ela teste as águas do mercado como preferir, e, se o PS5 Pro alcançar um bom número de vendas, talvez possa ditar o futuro dos preços de console. Embora possa parecer improvável, esse comportamento competitivo é bastante comum entre os diversos nichos da indústria, e pode ser muito bem observado em casos como os infames carregadores do iPhone ou a falta de fones de ouvido na embalagem. Na maior parte do tempo, são medidas para aumentar a margem de lucro — afinal, é o objetivo de qualquer empresa.

Não estamos afirmando que o Nintendo Switch 2, por exemplo, custará US$ 699 no seu lançamento — mas citamos que o analista de mercado Hideki Yasuda estima cerca de US$ 499, o mesmo preço do PS5. É válido notar que o último console “Pro” da Sony é direcionado a um nicho muito específico de consumidores, e nem de longe busca ter um grande apelo de popularidade. Contudo, não deixa de ser um teste para ver até onde os consumidores estão dispostos a investir.

Nintendo SwitchSwitch é um dos consoles mais vendidos da história.

Por outro lado, a máxima também é real para o contrário: a rejeição do PS5 Pro, especialmente pelos seus modestos avanços e preço alto, também pode significar descontos no futuro. Este foi o mesmíssimo caso do PS3, que ganhou novas versões e eventualmente tornou-se mais barato, com mais jogos e mais soluções para o consumidor.

Apesar do embasamento, também é importante lembrar que essa discussão é meramente especulativa. No fim do dia, a Sony é uma empresa com os mesmos objetivos que qualquer outra — ou seja, buscar mais lucros e estabilidade para os investidores. Dessa maneira, pensando no longo prazo e relembrando a última década da indústria de jogos, fica ainda mais nítido que seu sucesso nisso depende apenas dos consumidores.

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