Contra: Operation Galuga é 'raiz', mas pode não te agradar — Review

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Imagem: Konami, WayForward

Enquanto possa ser meio desconhecida para os jogadores mais novos, Contra é uma das franquias mais icônicas da Velha Guarda, com primeiro título chegando ainda em 1987. Após um longo hiato de 15 anos longe dos consoles de mesa, os agentes de elite ganharam uma nova tarefa em Operation Galuga, que estreia nesta terça-feira (12) na nova geração de consoles. 

Contra: Operation Galuga chega como uma reimaginação do primeiro título da franquia, mas curiosamente também funciona como uma sequência. Os jogadores poderão revisitar localizações familiares e combater inimigos famosos. Mas será que ele cumpre tudo o que promete?

A seguir, você confere a análise completa de Contra: Operation Galuga, realizada na versão de PC do título. Antes de mais nada, vale lembrar que este texto não é patrocinado — o Voxel utilizou uma chave cedida pela Konami.

As mudanças em Operation Galuga

Tendo jogado Contra III: The Alien War no Super Nintendo, quando criança, fiquei empolgado quando Operation Galuga foi anunciado. Junto de Silent Hill e Castlevania, a novidade indicaria que a Konami finalmente voltou a olhar com carinho para suas franquias — mas a realidade foi um pouco diferente.

Logo ao iniciar Contra: Operation Galuga tem-se uma estranha sensação de que o título, na verdade, trata-se de uma adaptação de jogo mobile. Desde o estilo das artes, até a interface de usuário aos menus: tudo parece adaptado para telas de toque, passando a sensação de ter sido desenvolvido para ser “rentável” e, até mesmo, econômico. Ao jogar a campanha, a suspeita praticamente se confirmou.

Contra GalugaMenu de Contra: Operation Galuga

Sem cerimônias, não demora para notar que o lançamento da WayForward e da Konami tem gráficos pouco polidos e com aspecto bastante datado. Também há inconsistências na direção artística, com cenários de fundo brandos e visualmente poluídos, fazendo com que o jogador perca o foco e a imersão durante a ação rápida. Para piorar, os planos em 2.5D, embora criativos em determinados trechos, acabam acentuando os problemas de “nitidez” da jogabilidade. E o sal na ferida já aberta: não há ajustes gráficos avançados nas configurações.

Porém, para ser justo, os visuais de Contra: Operation Galuga não são abomináveis — na verdade, é o contrário. A ambientação é indiscutivelmente fiel à franquia, e até pode ser brevemente admirada, mas falha ao considerar o seu potencial. Após 14 longos anos de espera sem lançamentos nos consoles, a franquia poderia ter recebido um título com gráficos especializados, menos genéricos e com maior profundidade. O mesmo pode ser dito das animações, que são robóticas e pouco detalhadas, mesmo neste nível acelerado de ação. 

De maneira geral, a apresentação visual de Contra: Operation Galuga até agrada, mas não impressiona e por vezes até atrapalha. Enquanto o orçamento do título e sua proposta não exigiam fidelidade e realismo, é seguro supor que os desenvolvedores tomaram muitos atalhos no desenvolvimento. Esse fator fica um pouco mais claro ao considerar o estilo visual de Contra: Returns, um gacha que chegou exclusivamente para Android e iOS em 2021, e compartilha algumas similaridades estéticas com o lançamento da WayForward.

Na jogabilidade, há uma mistura bastante precisa de vários elementos presentes em outros títulos da franquia, como as esquivas e possibilidade de alternar entre duas armas. Adiante, tudo segue a fórmula padrão dos jogos passados, onde se deve encarar ondas de inimigos na corrida até um novo chefão.

Um detalhe que merece destaque é o multiplayer, que remonta às raízes da franquia. Enquanto o modo História suporta dois jogadores, o Arcade pode ser encarado com até quatro soldados em tela dividida, tanto no PC quanto nos consoles. 

Música para os ouvidos

Se o quesito gráfico causa estranheza em algumas decisões, há pouco do que reclamar da trilha sonora e dublagem. Enquanto as músicas tema de cada estágio complementam muito bem a ação, é possível ouvir os efeitos sonoros de cada arma, projétil e inimigo nos estágios. Há um cuidado bastante especial em tornar a sonografia nostálgica, com vários “bips” lembrando a fase em “8 bits da franquia”.

Durante as cenas do Modo História, há poucos momentos onde a sincronia labial dos personagens se perde da dublagem. Contudo, a maioria dos diálogos é feito por caixas narradas e ilustradas por imagens estáticas, evitando o problema mencionado. Nesse contexto, outro destaque fica para a regionalização do enredo para o português brasileiro, um capricho que elevou a comicidade da trama e trouxe mais leveza nos trechos de conversa.

O dilema em Operation Galuga

Além da apresentação, há outro fator a se avaliar sobre Contra: Operation Galuga — a extensão de seu conteúdo. Logo de cara, vamos esclarecer: os jogos da franquia, assim como a maioria dos títulos no gênero Shoot em’ Up, são pensados para o fator rejogabilidade. Neste lançamento, tanto o Modo História quanto o Modo Arcade podem ser finalizados em menos de uma hora, permitindo que o jogador escolha entre um pequeno elenco de heróis e equipe habilidades diversas. Adicionalmente, há um modo desafio, com tarefas específicas para cada estágio. E “isso” é tudo.

Pensando no público geral e moderno, o conteúdo em Contra: Operation Galuga dificilmente justifica uma compra a preço cheio. Há muitas opções com “mais horas de jogabilidade”, além de propostas similares, nesta faixa de valores. No entanto, essa simplificação pode ser inteiramente proposital — e o público-alvo, ser outro.

Quando o contexto dos jogos modernos é considerado, o lançamento da WayForward começa a fazer mais sentido. Atualmente, é comum que os títulos funcionem como serviço, com passes de batalha, tarefas diárias e inúmeros menus para manter o usuário investido na experiência. Enquanto certos casos como Helldivers 2 funcionam, muitos outros falham — como Marvel's Avengers e Suicide Squad: Kill the Justice League

Para o gamer casual, nem mesmo personagens populares são o suficiente para sustentar um loop de jogabilidade raso e “sem alma”.

Esse fator, somado à base de fãs supostamente mais madura de Contra, explica muitas decisões na simplificação de Operation Galuga. O título é fiel às entradas clássicas da franquia, com uma jogabilidade afiada e muito familiar — tanto é que o jogo dispensa um tutorial elaborado. Os objetivos são desafiadores, mas ainda acessíveis. Há seletores de dificuldade, mas que ainda mantém sua proposta “casca-grossa” e punitiva, mesmo com as habilidades desbloqueáveis. Esse apelo funciona para o jogador com pouco tempo para investir em maratonas de objetivos e longas sessões de jogatina.

Quando avaliada nesta ótica, a proposta em Contra: Operation Galuga torna-se mais coesa. Sendo uma espécie de remake-sequência do título original de 1987, o lançamento pode até ter a missão de apresentar a franquia para um novo público, mas um de seus maiores objetivos é reconquistar o coração dos velhos fãs — e nesse sentido, funciona muito bem.

Contra: Operation Galuga é bom?

Com decisões estéticas por vezes questionáveis, uma ótima trilha sonora, e muito potencial deixado na mesa de desenvolvimento, Contra: Operation Galuga é impiedosamente autêntico às suas raízes. Nas mãos certas, e possivelmente saudosistas, o loop de jogabilidade simples deve agradar e trazer uma dose muito bem-vinda de nostalgia — que, inclusive, pode ser compartilhada com amigos. Contudo, a diversão não deve durar muitas horas, e renderá mais para os jogadores adeptos a desafios e ao fator rejogabilidade.

Por esse motivo, somado ao preço sugerido de R$ 180 no PC e até R$ 200 nos consoles, é difícil sugerir Operation Galuga para todos os públicos. Com seu escopo nichado, o título perde apelo frente a outros jogos mais modernos e cooperativos, como o próprio Helldivers 2 — vendido na mesma faixa de preço.

Assim, enquanto é bem-sucedido em sua proposta de resgatar a ação dos anos 1980 em sua proposta, incluindo até o clássico multiplayer de tela dividida, Contra: Operation Galuga perde a oportunidade de expandir a fórmula e dialoga diretamente com os fãs saudosistas — deixando os novados, e possíveis novos compradores, de lado.

Nota do Voxel: 75

Pontos positivos

  • Jogabilidade afiada como nos jogos clássicos da franquia;
  • Trilha e efeitos sonoros nostálgicos;
  • Trama exagera, oitentista e bem-humorada;
  • Suporte para tela dividida;
  • Fidelidade à franquia.

Pontos negativos

  • Gráficos 2.5D mal-polidos;
  • Animações robóticas;
  • Potencial de inovar desperdiçado;
  • Pouco conteúdo para um preço tão alto.

Contra: Operation Galuga foi cedido para review pela Konami na versão de PC. Além de estar disponível para computador, o game também pode ser jogado no PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S e X, bem como no Nintendo Switch.

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