Helldivers 2 é incentivo para dedicarmos mais tempo de qualidade aos amigos - Review

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Quem diria que um jogo como serviço da PlayStation Studios, lançado simultaneamente para PlayStation 5 e PC, alcançaria tanto sucesso a ponto de se tornar o maior lançamento da Sony no PC? Pasmem: ele superou até mesmo o recorde de God of War, uma das pratas da casa.

Se você acompanha a indústria de videogames, mesmo à distância, deve saber que muita gente não suporta ver o termo live service atrelado a um jogo. A Sony, em uma estratégia de diversificar seu portfólio com menos produções single-player e mais games como serviço, foi duramente criticada por fãs da marca, sobretudo durante a gestão de Jim Ryan, ex-presidente da Sony Interactive Entertainment (SIE).

O problema do formato live service nunca foi sua ambição de querer se manter relevante por anos, com ciclos de monetização duradouros, mas sim a qualidade questionável dos títulos que aderem à fórmula. Isso, vale ressaltar, não se aplica a Helldivers 2, muito pelo contrário. Foi-se o tempo em que o mercado aceitava uma obra mediana, meia-boca, que angariava consumidores por prometer apenas durabilidade. Basta observar as centenas de produções cujos servidores foram recentemente encerrados.

Assinado pela Arrowhead Game Studios, o novo shooter cooperativo para quatro jogadores demonstra que, quando o conteúdo é de qualidade, o produto ganha tração e atinge, de forma orgânica, o plano de manter sua base engajada. Já respondendo de bate-pronto: sim, Helldivers 2 é um dos melhores e mais promissores live services que temos atualmente.

Tropas Estelares em forma de jogo

Seria desonesto da minha parte dizer que Helldivers 2 tem uma história a ser seguida. Eu até gostaria que tivesse porque o pano de fundo tem potencial para render uma boa narrativa, mas a trama de Helldivers 2 é inserida num plano, digamos, mais secundário, que até funciona para o que o game se propõe a entregar. O que faz valer são os diálogos genuinamente engraçados dos tutoriais, todos com vozes e legendas em português do Brasil.

Mantendo o mesmo clima e tom satírico de Tropas Estelares, a história é só um pretexto para vestir o uniforme de Helldiver, um esquadrão de elite incumbido de espalhar “a paz, a liberdade e a democracia”, por mais clichê que esse discurso possa soar. Deixando de lado qualquer romantização ao sentimento de patriotismo, o seu objetivo é, basicamente, proteger a Superterra de ameaças extraterrestres.

Para bem ou para mal, Helldivers 2 é um jogo 100% focado em gameplay, tal qual seu antecessor lançado no PlayStation 4 há quase uma década. De fato, pouca coisa mudou desde 2015. A principal diferença é que a sequência renuncia à fórmula twin-stick shooter em visão isométrica e opta por uma perspectiva em terceira pessoa mais moderna, intensificando a experiência ao restringir o campo de visão do jogador.

Todos os elementos que consagraram a obra original estão presentes aqui, inalterados: munição escassa, fogo amigo, aparatos tecnológicos, minigames para realizar ações, combate tático, dificuldade acima da média e uma atmosfera opressora. Por seguir à risca a receita de seu antecessor, Helldivers 2 também abraça a premissa de “ligar e sair jogando”, amparando jogadores que só buscam diversão com os amigos, de preferência sem serem interrompidos.

Gameplay afiadíssimo: o pilar de sustentação da experiência

O ciclo de gameplay é tão simples e direto que chega a ser autoexplicativo. Aceite uma tarefa no painel de missões, embarque numa cápsula ao lado de outros três pacificadores, extermine ondas de pestes alienígenas e retorne à nave-mãe para coletar recompensas por ter espalhado a mensagem da democracia.

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À primeira vista, Helldivers 2 pode parecer um jogo em terceira pessoa descerebrado, no qual o objetivo só se resume a “descer a bala” em seres hostis. Na prática, contudo, trata-se de um jogo com camadas de estratégia, que requer planejamento, coordenação e gerenciamento de recursos.

Timing é uma coisa importantíssima, inclusive, pois você perde munição se decide restabelecer o estoque antes da hora. Também é preciso aguardar o momento ideal para conjurar suas parafernálias de suporte, tendo em vista que cada item dispõe de um tempo de resfriamento distinto para poder ser usado de novo.

O aspecto mais fascinante de Helldivers 2 é observar o quão complexa sua jogabilidade se torna à medida que avançamos. Equipamentos, armas e aparatos eletrônicos são apresentados de forma gradual para que o jogador se familiarize com seus novos recursos e, assim, encontre mecanismos para montar a build adequada ao seu estilo de jogo.

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Você pode adotar uma tática de suporte como se estivesse num tower defense, recorrendo a torretas e outros dispositivos de disparo automático, por exemplo, ou então assumir uma postura ofensiva com canhões, metralhadoras e até mesmo uma mochila propulsora à la Mandaloriano. Cabe a você definir a melhor abordagem, sempre levando em consideração, é claro, as necessidades de seu esquadrão.

Gunplay “no ponto”

Com relação ao gunplay, atirar em Helldivers 2 é uma das coisas mais satisfatórias que pude fazer nesses mais de três anos de PlayStation 5. Não havia experimentado mecânicas de tiro tão agradáveis desde o lançamento de Returnal. Não só por ter comandos extremamente responsivos, mas também por tirar máximo proveito das funcionalidades do DualSense, em especial do DualSense Edge – o que foi utilizado em nossos testes.

Jogando no PlayStation 5 para o propósito de análise, pude sentir cada disparo na ponta dos dedos, com variações interessantes de intensidade, e observei reações distintas do controle às explosões e aos ataques dos inimigos – incluindo os tiros "acidentais" dos amigos.

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O ritmo do combate, por sua vez, dosa períodos de calmaria com momentos intensos quando as hordas descobrem a sua posição no mapa. Há situações de pura tensão, com dezenas de monstros brotando "do nada" para atacar, mas também há trechos de exploração, nos quais é possível investigar bases em busca de recompensas, assegurando oportunidades para o seu herói se preparar para os próximos confrontos.

Dificuldade insana e a magia do coop

A essa altura, você deve estar se perguntando: afinal, é viável jogar sozinho? A resposta curta é sim, tecnicamente é possível, mas existem ressalvas. Por ser um jogo voltado ao modo cooperativo, é natural que nem tudo funcione perfeitamente na experiência de lobo solitário.

Para começo de conversa, a dificuldade de Helldivers 2 não é para qualquer um. Mesmo quando se está num grupo, os modos que abrem depois do nível desafiador, que já seria equivalente a uma opção difícil, são insanos e exigem táticas bem ensaiadas, trabalho em equipe e muita persistência.

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Já sem a companhia de outros Helldivers, aventurar-se pelos níveis mais baixos, mesmo no modo normal, é uma tarefa árdua. Sem a devida assistência, o jogador acaba virando uma presa fácil pela quantidade homérica de criaturas na tela, sem contar as numerosas armadilhas instaladas nos cenários, prontas para retardar seu progresso.

A dificuldade se intensifica porque também não há como memorizar os pontos de interesse dos mapas, aqui concebidos a partir de um sistema procedural. É importante considerar esses pontos na hora de decidir se vale a aquisição para jogar sozinho. Encare-o como um coop, no entanto, que a jornada será memorável, ainda mais se você já tiver um esquadrão de amigos formado.

Um tanto “cru” em seu lançamento

Como todo live service, Helldivers 2 carece de conteúdo em seu lançamento, oferecendo poucos planetas (que aos poucos serão liberados, vale destacar) e uma seleção limitada de mapas, ainda que apresentem ecossistemas diversificados, tanto em questão visual quanto estrutural, cada qual com diferentes tipos de terrenos e inclinações.

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A julgar pelo sucesso que o título vem fazendo em ambas as plataformas, PS5 e PC, é mais que certo que a Arrowhead Game Studios está trabalhando “a todo vapor” para trazer planetas e missões inéditos – e talvez até introduzir outras facções além de Autômatos e Terminídios.

O que minimiza a falta de muito “recheio” é o fato de que as atividades principais da Campanha de Libertação requerem a ajuda da comunidade para serem concluídas. Conforme você cumpre objetivos, suas contribuições são registradas e contabilizadas globalmente, por meio de uma barra de progresso compartilhada.

Além das atividades centrais, sempre há objetivos secundários nas operações, destinados a jogadores que almejam se arriscar fora da rota prioritária em busca de recompensas extras. Há, por fim, solicitações individuais que se renovam com o tempo, como eliminar um número específico de robôs ou finalizar tarefas opcionais dentro de um limite de tempo, a meu ver uma “saída” inteligente para atenuar a repetição.

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Progressão lenta e dependência do “grind”

Não há dúvida de que a progressão desempenha um papel fundamental nesse tipo de jogo – sem ela, não há estímulo suficiente para o usuário repetir missões e “bater cartão” todos os dias. O sistema de níveis de Helldivers 2 é competente, diria que viciante, mas o desenvolvimento do personagem é a conta-gotas.

O progresso é lento e, muitas vezes, injusto, principalmente se você estiver jogando sozinho e nas opções mais acessíveis de dificuldade. O medidor de progressão leva um tempão para subir, o que significa que os gadgets e módulos mais potentes da nave só podem ser destravados após dezenas de horas.

Embora não seja um RPG, Helldivers 2 torna o ato de “grindar”, uma característica desse gênero, obrigatório a quem pretende evoluir rápido. Para nossa sorte, o gameplay e seu loop viciante são bons o bastante, então sempre nos pegamos no dilema de jogar “só mais uma partida” antes de desconectar dos servidores. O grind, com o tempo, flui naturalmente.

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O formato de serviço carrega suas particularidades, sendo o tal passe de batalha uma delas. É claro que existem microtransações e um passe premium com retribuições mais vantajosas, só que dá para jogar numa boa sem gastar.

Armas e itens cosméticos, como capacetes, armaduras, capas e poses de vitória, por exemplo, são alguns dos prêmios concedidos a quem gasta medalhas, a moeda concedida como pagamento ao final de cada operação bem-sucedida. Certos equipamentos, inclusive, são rotativos e mudam numa dinâmica parecida com a do Xur, de Destiny.

Problemas técnicos existem, mas já estão sendo endereçados

Apesar da recepção positiva do público, não há como fechar os olhos para os muitos problemas que o título enfrentou em seus primeiros dias de vida. Dos crashes constantes às falhas de conexão ao servidor, incluindo problemas de matchmaking, nem jogadores de PC nem do PS5 escaparam dos tropeços técnicos.

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A semana inicial de Helldivers 2 foi tão problemática que testemunhei travamentos que desligaram o PlayStation 5, algo que nunca havia acontecido em nenhum outro jogo. Deu para perceber que a Arrowhead está atenta às reclamações dos fãs e, como resultado, corrigindo seus deslizes em tempo recorde. Se compararmos o jogo de uma semana atrás para cá, diria que quase todas as falhas já foram endereçadas pelo estúdio.

Veredito

Doa a quem doer, jogos como serviço são necessários para a indústria, contanto que tenham o selo de qualidade de Helldivers 2 e promovam um ciclo de gameplay que nos estimule a jogar como um coletivo. Afinal, o bom live service é aquele que sabe o que quer e não fica no meio-termo entre conteúdo single e multiplayer.

Mecanicamente falando, a aventura espacial supera expectativas e deve estabelecer um novo padrão, não só para o gênero de tiro em terceira pessoa como também para jogos cooperativos no geral. O time da Arrowhead Game Studios, enfim, conquista o reconhecimento que merece graças à criação de um titã dos GaaS. Agora, só resta saber como ele será mantido no médio e longo prazo para que possa coexistir com outros gigantes em seu disputadíssimo nicho. Mas isso só o tempo dirá.

Nota do Voxel: 85

Pontos positivos (prós):

  • Gameplay calibrado, apresentando algumas das melhores mecânicas de tiro da atualidade;
  • Encontra soluções criativas para incentivar o jogador a revisitar as mesmas missões;
  • Combates exigem coordenação e estratégia, sobretudo nas dificuldades altas;
  • Capacidade de render momentos inesquecíveis (e dignos de risada) entre amigos;
  • Viciante sistema de progressão, apesar do avanço lento;
  • Faz bom uso dos recursos do DualSense, coisa rara de se ver.

Pontos negativos (contras):

  • Conteúdo ainda tímido no lançamento, sendo liberado aos poucos;
  • Embora seja possível jogar sozinho, a experiência para um jogador é inconsistente e pode mais frustrar que divertir.

Helldivers 2 foi gentilmente cedido pela Sony para o propósito de análise no PlayStation 5. O jogo também está disponível no PC.

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