Granblue Fantasy Versus: Rising é a redenção do maior injustiçado de 2020 - Review

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Imagem: Divulgação/Cygames

Não é exagero dizer que Granblue Fantasy Versus foi um dos jogos de luta mais injustiçados da modernidade. Na ocasião do seu lançamento original, em 2020, ele conseguiu atrair várias comunidades pela sua baixa barreira de entrada e mecânicas intuitivas, tanto para veteranos quanto principiantes. No entanto, não tardou até que a pandemia tivesse início e seus problemas mais crônicos viessem à tona, em especial a ausência de um ecossistema online decente para fomentar sua base de jogadores em um cenário em que os encontros offline não podiam acontecer.

O motivo para isso é simples: o jogo havia sido lançado com um netcode baseado em delay, que aplica muito atraso de resposta aos comandos dos jogadores, e não tinha suporte a cross-play, dividindo sua já nichada base de jogadores. O que veio a seguir não podia ser diferente: o índice de usuários ativos definhou e, por mais que a produtora tenha alimentado o jogo com DLCs, não foi o suficiente para mantê-lo relevante.

A situação de Granblue Fantasy Versus chamou a atenção do mercado de jogos de luta, que se viu inundado pela demanda da comunidade por um ambiente online de mais qualidade. As principais franquias começaram, então, a aderir a tecnologias melhores, implementando netcode de rollback e cross-play aos seus jogos, inaugurando uma nova Era de Ouro nos fighting games. Só faltava aquele que tinha sido o primeiro afetado pela pandemia, e é aqui que entra Granblue Fantasy Versus: Rising.

Produzido pela Arc System Works (Dragon Ball FighterZ, Guilty Gear) e pela Cygames, Granblue Fantasy Versus: Rising é considerado uma sequência do título original, embora sua base seja basicamente a mesma. Para justificar o lançamento, novos personagens jogáveis foram adicionados, assim como mecânicas, modos de jogo e uma série de melhorias.

Mas será que o resultado é satisfatório e faz justiça às expectativas dos fãs? Você descobre a seguir, no review completo do Voxel. Vale lembrar que o jogo chega em 14 de dezembro para PC (Steam), PlayStation 4 e PlayStation 5, com direito a uma versão grátis. Confira os detalhes:

Conteúdo offline podia ser melhor

Granblue Fantasy Versus: Rising pode ser descrito como “dois pelo preço de um”, já que inclui praticamente toda a experiência do jogo original. A história, antes conhecida como Modo RPG, está presente, mas sem as mecânicas de equipamentos e níveis que a tornavam mais interessante. Os jogadores da versão grátis têm acesso à primeira parte, que garante algo em torno de seis horas de gameplay. São três no total, sendo que a última é completamente inédita e mostra mais dos novos lutadores que foram adicionados ao elenco.

A fórmula é bastante linear, misturando conversas ao estilo visual novel com os modelos tridimensionais. Por vezes, o jogador entra em missões de combate que mais parecem tutoriais, bastante dispensáveis, e confrontos contra chefes, que são interessantes pelas suas mecânicas exclusivas. Por sinal, essas lutas tentam replicar algumas das raids mais marcantes do gacha mobile, então são ainda mais especiais para os fãs desse universo.

As legendas de Granblue Fantasy Versus: Rising têm quebras de linha que dificultam a leitura.As legendas de Granblue Fantasy Versus: Rising têm quebras de linha que dificultam a leitura.Fonte:  Reprodução/Bruno Magalhães 

No entanto, esse Modo História tem um sério problema de ritmo e as legendas em português estão repletas de erros de formatação, com quebras de linhas sem sentido e que até mesmo cortam os diálogos. É bastante desconfortável de ler. Também é possível flagrar erros de digitação e traduções que deixam a desejar, como se tivessem sido feitas por software. Os diálogos também têm um glossário em tempo real que explica expressões e personagens para principiantes, mas há muitas marcações equivocadas. Por exemplo, o jogo considera que a palavra “grande” se refere ao personagem Gran, devido às iniciais.

Dito isso, o enredo será muito mais proveitoso para quem já estiver inserido no universo da franquia, ou no mínimo àqueles que têm curiosidade para saber mais da personalidade dos personagens do elenco e como eles interagem entre si, já que todos são contemplados de alguma forma.

O jogo também traz um modo Arcade que não foge à regra, com uma série de lutas contra a CPU que, cumprindo certos requisitos, destrava uma rota secreta para enfrentar um chefe inédito no jogo. Assim como no primeiro título, não há um final dedicado para cada personagem, mas sim até duas artes destraváveis. O conteúdo pode ser um pouco decepcionante para quem pretende curtir apenas as modalidades offline.

As mudanças justificam?

Granblue Fantasy Versus: Rising chega com várias diferenças com relação ao seu predecessor, a fim de dar mais valor ao seu lançamento. Afinal de contas, o próprio diretor Tetsuya Fukuhara já declarou, em entrevista, que implementar um netcode de rollback ao jogo anterior, devido à sua complexidade, seria quase tão caro quanto produzir uma sequência.

Para começar, esta nova versão já inclui todos os lutadores lançados na edição anterior, além de quatro inéditos: Siegfried, Anila, Nier e Grimnir. Dessa forma, o elenco base entrega 28 personagens jogáveis, com planos para receber mais seis via DLC ao longo de 2024. Os novos personagens são bastante divertidos e atendem arquétipos que até então não existiam no jogo, portanto são adições muito bem-vindas.

Granblue Fantasy Versus: Rising traz novos personagens jogáveis, incluindo Grimnir e Nier.Granblue Fantasy Versus: Rising traz novos personagens jogáveis, incluindo Grimnir e Nier.Fonte:  Divulgação/Cygames 

O sistema de jogo também passou por mudanças significativas, mas sem deixar de lado a simplicidade que marcou a edição anterior. Os jogadores ainda podem optar por executar especiais com os comandos tradicionais de jogos de luta ou com um único botão dedicado, que fica sempre à disposição. A diferença é que agora existem versões ainda mais poderosas dos especiais, chamadas de Ultimate Skills, que consomem metade da barra do jogador.

Todos os personagens ganharam pelo menos quatro Ultimate Skills e elas variam de acordo, mas costumam ser ótimas para surpreender o adversário com uma rápida investida, aplicar pressão ou estender combos. Por ser uma técnica custosa, é preciso colocar na balança e decidir o momento correto de utilizá-la, no entanto.

Os “combos automáticos”, que consistem em pressionar um botão de ataque três vezes, estão de volta, mas agora com variações dependendo do botão pressionado no último golpe. Os personagens agora podem finalizar com um golpe rasteiro ou overhead, que obriga a defender em pé, então os jogadores têm mais opções para abrir a guarda dos seus adversários. Agora também é possível desferir um golpe durante uma corrida, que varia se for com um botão fraco, médio ou forte.

Por fim, há um sistema chamado Raging Strike, que é um poderoso golpe que quebra a defesa do adversário. Ele consome um ponto dos três que ficam localizados no canto superior da tela, e adiciona um fator de risco-recompensa. Isso porque, quanto menos pontos, mais dano o seu personagem sofre. Eles também podem ser usados para desferir um contra-ataque que afasta o adversário, mas novamente: é preciso utilizar com cautela por conta das suas consequências.

Ainda que mantenha a base do título original, GBVS: Rising chama a atenção com novas mecânicas divertidas.Ainda que mantenha a base do título original, GBVS: Rising chama a atenção com novas mecânicas divertidas.Fonte:  Divulgação/Cygames 

Como é possível notar, várias mudanças que prometem mudar o jeito de se jogar Granblue Fantasy Versus foram implementadas, e o resultado é bastante satisfatório na prática. O jogo não é desnecessariamente complexo e é divertido explorar as novas estratégias e rotas de combo com os personagens — sejam eles antigos ou novos. Naturalmente, alguns problemas de balanceamento vêm à tona, mas isso é comum em todos os jogos com comunidades competitivas.

O jogo também passou por melhorias visuais, apresentando modelos e efeitos de partículas mais bonitos. Há até mesmo a possibilidade de trocar o estilo dos gráficos para o do jogo anterior nas opções, de acordo com as preferências do usuário. A única mudança que não agradou foi a interface de usuário, cuja navegabilidade está confusa e um tanto caótica. Isso piora com a formatação dos textos em português do Brasil, pois é comum que alguns elementos fiquem por cima de outros.

Um exemplo disso são os tutoriais e desafios de combos, que são úteis para aprender a jogar com os personagens. Esses conteúdos são acessados em um menu muito escondido no modo de treinamento, sendo que deviam ser expostos de forma mais clara já no menu inicial.

Uma nova oportunidade

Com isso, fica claro que o grosso da experiência está nos seus modos online, e aqui o jogo sem dúvidas entrega o que os fãs esperam. Uma das maiores críticas ao jogo anterior, para jogadores brasileiros, era a ausência de um matchmaking localizado para a América do Sul e isso foi resolvido, portanto será mais fácil de parear com jogadores próximos. Com base na experiência no Beta, o fluxo de partidas também é bastante satisfatório, com vários adversários diferentes à disposição.

O netcode de rollback também agradou nos testes, de modo que sua qualidade condiz com a de outros jogos populares. Foi possível realizar partidas satisfatórias com cerca de 160 de ping, por exemplo. Portanto, é de se esperar que os jogadores não tenham grandes problemas para se divertir nas partidas online. Aqueles que quiserem uma experiência mais casual com amigos também têm a opção de visitar os lobbies públicos, que estão em uma escala muito maior, ou criar salas privadas para convidar outros usuários.

Algo que também denota a ênfase no ecossistema online é a presença de um Passe de Batalha gratuito para todos os personagens do elenco. Cada um tem uma trilha própria, com recompensas como dinheiro, cores e visuais de armas para serem desbloqueados gratuitamente com base na progressão do usuário. Até mesmo skins completas podem ser adquiridas pelo jogador dessa forma — algo inédito considerando o estilo visual adotado pela Arc System Works em seus jogos, que são trabalhados quadro a quadro para ganhar o aspecto de anime.

No período do lançamento, Gran e Djeeta têm as skins mais extravagantes, que já vêm incluídas na edição Deluxe. No entanto, os usuários podem comprá-las individualmente por 22.500 rúpias, que é o dinheiro do jogo. Fazendo um cálculo simples, essa é uma tarefa que pode levar cerca de cinco meses, considerando apenas o que os jogadores ganham com os desafios diários. A ideia dos desenvolvedores é adicionar mais skins com o tempo. Vale lembrar que também há recompensas subindo de nível e explorando outros modos.

Grand Bruise Legends

Por falar em modos, uma das principais novidades do jogo é o Gran-Batalha (ou Grand Bruise Legends, em inglês), que claramente busca inspiração em Fall Guys. Utilizando os avatares de lobby, que são bastante carismáticos, os jogadores podem desbravar uma série de mini-games em um battle royale. Também foi possível experimentar um pouco desse modo, mas honestamente ele parecia melhor no papel.

O principal problema está na responsividade do personagem. Por algum motivo, o modo Gran-Batalha não tem matchmaking com base na América do Sul, então as partidas tendem a ter muito atraso nos comandos. Também incomoda o fato de que não é possível mover a câmera. Esse é um modo que também estará disponível de graça aos usuários, então, dependendo do sucesso, só resta torcer para que adicionem servidores melhores.

Vale a pena?

Granblue Fantasy Versus: Rising é aquilo que a versão original devia ser desde o início. A versão mantém aquilo que tornava o game satisfatório de controlar, mas com adições de mecânicas e melhorias indispensáveis para que um jogo de luta possa ter sucesso nos dias de hoje. A existência de uma versão gratuita, com personagens de rotação e acesso às modalidades online, derruba uma das principais barreiras de entrada do gênero, que é seu preço, e promete movimentar a comunidade. É uma medida bastante ousada que, com sorte, será replicada pelas grandes produtoras no futuro.

O foco na experiência online acabou por prejudicar o conteúdo offline, que não é tão convidativo para jogadores casuais. Em contrapartida, suas mecânicas mais simples e diretas ao ponto fazem de Granblue Fantasy Versus: Rising um excelente jogo de luta para principiantes, especialmente com mais amigos para se divertirem juntos.

Nota do Voxel: 85

Pontos positivos (prós):

- Netcode de rollback e cross-play;
- Versão grátis que permite jogar online;
- Elenco bastante variado desde o lançamento;
- Mecânicas divertidas e fáceis de aprender;
- Recompensas in-game subindo o nível dos personagens;
- Visuais e trilha sonora.

Pontos negativos (contras):

- Interface de usuário confusa;
- Conteúdo offline podia ser mais caprichado;
- Ausência de filtro de conexão e Wi-Fi;
- Problemas de tradução e formatação nas legendas em PT-BR.

A cópia de Granblue Fantasy Versus: Rising para PS5 foi gentilmente fornecida pela Nuuvem, que é a publicadora do jogo no Brasil em parceria com a Cygames. O seu lançamento está previsto para 14 de dezembro no PC (Steam), PS4 e PS5, com direito a uma versão grátis que fornece acesso aos modos online e à primeira parte do Modo História.

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