A história por trás de Starfield, o jogo que demorou 25 anos para nascer

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Equipe TecMundo

Falar que Starfield é um dos mais ambiciosos projetos da Bethesda é quase como falar que água é molhada, algo totalmente óbvio e redundante. Depois de desbravar mundos medievais e futuros pós-apocalípticos, a empresa agora sonha grande: explorar o espaço sideral.

Sendo um dos jogos mais aguardados para 2023, o RPG de exploração espacial é a nova aposta da Bethesda depois alguns anos sem uma nova IP (propriedade intelectual), dando início para uma nova franquia. E quando dizemos alguns anos, não é pouca coisa: a desenvolvedora trabalha na ideia do game há duas décadas e meia.

Mas afinal, por que Starfield levou 25 anos para ser feito? Por que a empresa demorou tanto tempo desenvolvendo o jogo? Vamos responder essa pergunta a seguir!

A caminhada de Todd Howard

Vamos começar com o personagem principal dessa história: Todd Howard. O jovem rapaz apaixonado por jogos ficou famoso após seu trabalho na Bethesda, mas nem sempre trabalhou com games.

Antes de entrar para a Bethesda, Todd estudava finanças em uma cidadezinha no estado da Virginia. Apaixonado por RPGs clássicos como Wizardry e Ultima III: Exodus, ele tentou uma vaga de trabalho numa desenvolvedora que ficava no caminho da faculdade durante seu último ano: a Bethesda Softworks.

Pois é, provando que estava escrito nas estrelas que essa parceria era mais do que certeira, a empresa ficava no caminho do jovem desenvolvedor. Todd não conseguiu a vaga de primeira, pois ele ainda não havia terminado a faculdade, que era um pré-requisito pro trabalho. No entanto, em 1994, entrou como produtor na empresa, sendo The Terminator: Future Shock seu primeiro projeto na indústria, seguido como designer em SkyNET, jogo de 1995.

Todd HowardTodd Howard, o principal nome por trás de Starfield.

Porém, a chave de virada para Todd viria em 1996, quando participou pela primeira vez da saga The Elder Scrolls, como designer em The Elder Scrolls II: Daggerfall. O jogo foi tão bem recebido que a Bethesda designou mais responsabilidades pra Todd em seu próximo jogo, The Elder Scrolls Adventures: Redguard.

O projeto, no entanto, foi um fracasso gigantesco por um problema besta: o jogo só era compatível com uma única placa de vídeo, o que acabou rendendo problemas financeiros para a Bethesda. Como líder de projeto da saga até aí, ele já tinha a confiança necessária que a empresa precisava para deixar a franquia em boas mãos, trabalhando também como líder no episódio 3: Morrowind, um grande sucesso da companhia.

Efeito 'Fallout'

Com bons resultados de game design, recepção de público e critica, perguntaram ao Todd o que ele queria fazer durante esse limbo entre um Elder Scrolls e outro, ele respondeu que queria fazer algo parecido com Fallout, que na época era da Interplay. Como a empresa ia mal das pernas desde 98, foi comprada pela Bethesda e, em 2008, a franquia Fallout acabou indo parar nas mãos do desenvolvedor.

Daí para frente, foi só vitória: Fallout 3, que já tinha uma boa fama como RPG, foi um sucesso de crítica. Além de brilhar pela história, o jogo se destacou pela reformulação da série e de seus predecessores, dando ainda mais credibilidade ao trabalho de Todd.

Como diretor em The Elder Scrolls V: Skyrim, ele também foi um dos responsáveis na revolução e no modo como jogamos RPG. Além disso, descobrirmos na marra em quantas diferentes versões um jogo pode ser lançado.

Seu currículo também inclui  Fallout 4 e o mais recente Fallout 76, onde trabalhou como produtor executivo, mas levou a culpa pelos problemas no game. Afinal, Todd Howard acabou virando o rosto do projeto.

Todd Howard e o espaço: a ideia de Starfield

Assim ele provou que sabia prender jogadores com uma magia que só ele conhecia, soube transpor bem os elementos de RPG de mesa para o digital, mas ele queria mais. Nenhuma dessas histórias eram propriamente suas e ele queria ir além do que nosso pequeno planeta pode nos oferecer. Ele queria levar o RPG para o espaço.

O fascínio pelo espaço sideral, coincidentemente começa com a sua família: Jeff Howard, seu irmão mais velho, nasceu no dia 20 de julho de 1969 — data em que Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisaram na Lua durante a missão da Apollo 11. Segundo ele, em uma entrevista para a GQ, Todd espera que descubramos vida alienígena antes de sua morte e quer descobrir se o mundo é uma simulação de computador.

Mas, respondendo a vocês a pergunta que te trouxe a esse vídeo: Starfield realmente levou 25 anos pra ser feito? A resposta é: não é bem assim. É verdade que a ideia de um jogo espacial da Bethesda surgiu ainda na década de 90, porém, a grandeza do projeto colocou os pés de Todd Howard no chão, que, em diversas entrevistas, já deixava claro seu desejo de fazer um jogo no espaço.

Starfield realmente ficou 25 anos no processo de criação, que é bem diferente do processo de desenvolvimento. A primeira tentativa da empresa de fazer um jogo no espaço aconteceu com The 10th Planet, resposta da empresa a Star Wars: TIE Fighter. O jogo era uma simulação de combate espacial e, diferente dos seus jogos mais notáveis da Bethesda, The 10th Planet era focado nas batalhas, e não na exploração.

Há mais de duas décadas, Todd Howard já sonhava em fazer um RPG espacial.

Outro detalhe importante é que existia um time grande por trás do projeto, que era apoiado por um estúdio de cinema. A Centropolis, produtora responsável pelos efeitos visuais de Independence Day, estava a cargo de criar as raças alienígenas do jogo e cuidando para que sua narrativa também fosse digna de um blockbuster.

Infelizmente, devido a alguns conflitos de agenda tanto da Bethesda quanto da produtora (que também estava cuidando do filme de Godzilla e de Independence Day) o jogo sofreu diversos adiamentos até então ser cancelado depois de três anos da data de lançamento original. O sonho de The 10th Planet não morreu... só estava adormecido.

Coincidência ou não, recentemente usuários do Reddit encontram postagens de 1997 em fóruns da internet onde Todd Howard, que na época tinha 27 anos, escreveu o seguinte comentário: “sim, TOL era bem curto. Alguém falou sobre Sundog e não acredito que nem lembrei dele. Aquele jogo tinha uma interface que rivalizava com a maior parte dos novos jogos, com seu inventário bacana que se baseava em objetos. Agora, um RPG de espaço... isso sim seria algo!”.

Starfield ganha vida

E aqui estamos: depois de alguns adiamentos e incontáveis horas de gameplay já confirmadas pelos desenvolvedores, Starfield está entre nós. O sinal verde para a produção do jogoo só veio em 2013, dois anos antes do lançamento de Fallout 4, onde todos se perguntaram “qual o próximo grande projeto que o estúdio vai trabalhar por anos?".

Era a hora certa. O desenvolvimento real do jogo começou em 2015, levando oito anos pra ser terminado. Inclusive, poucos jogos levam tanto tempo assim em sua fase de desenvolvimento: um exemplo deles é Red Dead Redemption 2, que mostra como a espera vale a pena. Ainda assim, Todd disse que Starfield só ficou realmente divertido para jogar no ano de seu lançamento original, 2022, quatro anos depois de seu anúncio na E3 2018.

Sem limitações de 25 anos atrás e com um nível de respeito que foi adquirido com o passar dos anos, parece que a nova IP da Bethesda aprendeu com os erros e acertos do passado. Agora, basta esperar pelo lançamento do jogo, que promete levar os jogadores em uma imersiva jornada espacial para encontrar respostas sobre um mistério da humanidade.

Starfield será lançado no PC, Xbox Series S e X no dia 6 de outubro, chegando também no Xbox Game Pass com suporte para nuvem. Para quem comprou a versão Deluxe do título, o acesso ao jogo será liberado em 1° de setembro.

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