Como eu me apaixonei por jogos de luta depois de 3 décadas longe [coluna]

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Imagem: Divulgação / Capcom

Qual é a sua maior vergonha ou arrependimento com videogames? Eu, Thomas Schulze, tenho a minha resposta na ponta da língua, e é o quanto eu demorei para descobrir o quão incríveis e apaixonantes são os jogos de luta que eu reneguei por mais de três décadas! Bom, antes tarde do que nunca para tomar juízo, não é mesmo?

Para você que talvez esteja numa posição parecida com a do meu "antigo eu" e precisa de um empurrãozinho para começar a jogar, ou para os veteranos que possam ter interesse em acompanhar a jornada de um novato que tem muita vontade de treinar a sério e chegar o mais longe possível, achei que seria legal compartilhar a minha história. Então vamos lá!

Uma birra infantil

Hoje eu tenho 37 anos, o que significa que eu tive a sorte de viver plenamente as gerações 8 e 16 bits no Brasil, com as incríveis locadoras e fliperamas do Rio de Janeiro que eu amava de todo coração e considerava uma espécie de segundo lar. Na época, eu era vidrado em jogos de plataforma como Mario, Sonic e Mega Man mais do que em qualquer outra coisa, e achava muito divertido zerar esses games e curtir os seus catárticos créditos finais.

O meu primeiro gameplay de luta nessa jornada, ainda um novato rumo ao elo bronze, cerca de cinco meses atrás

Nos arcades, eu usava o dinheiro dos meus pais especialmente nos beat 'em ups das Tartarugas Ninjas e dos Simpsons, e lembro até hoje de quando zerei esse último e uma pequena multidão se juntou para ver esse feito tão raro ao vivo e a cores! Já as minhas raríssimas incursões por jogos de luta normalmente terminavam em frustração quando alguém chegava para me desafiar, porque na minha cabeça isso apenas abreviava o tempo de diversão da minha ficha em caso de derrota, o que era frequente (e inadmissível).

Então eu, em um erro infantil que me custou bem caro, acabei racionalizando que os jogos de luta eram algo de objetivo breve e tiro curto, quase que o total oposto das campanhas que davam o tom aos jogos que eu mais gostava. Essa miopia acabou norteando a minha vivência, então cresci sempre priorizando outros gêneros em detrimento da luta... até cerca de cinco meses atrás, quando eu decidi experimentar Street Fighter V mais a sério, como registrado ali no vídeo do meu canal Aquele Cara.

As maravilhas da EVO!

Mas o que mudou nessas três décadas a ponto de me fazer mudar tanto de postura e cair de cabeça no relativamente controverso SFV? Honestamente, eu não saberia apontar um único ponto de reavaliação, já que deve ter sido algo lento e gradual. Talvez tenha sido o tempo que eu gastei jogando Overwatch em um time semiprofissional e me divertindo estudando VODs, fazendo scrims para treinar e explorando a adrenalina de torneios online, mas se eu fosse mesmo chutar, diria que o "culpado maior" foi a exposição a EVO.

Antes de trabalhar no Voxel, eu já era fã do canal, e o maravilhoso trabalho do Sarda também me ajudou a mudar de ideia

Sabe isso tudo que eu falei sobre amar o ambiente das locadoras? Pois então, após mais de uma década trabalhando como jornalista de videogames, aqui e ali eu precisava quebrar galho ou cobrir matérias de eSports entre as pautas do dia, o que me obrigou a me inteirar ao menos um pouco sobre as suas diferentes modalidades. Sei que muita gente adora, e o gosto de cada um deve ser respeitado, mas ao menos para mim, o glamour excessivo dos torneios de LoL e CS não eram exatamente a minha praia.

Por outro lado, as competições do Evolution Championship Series (ou EVO, para os íntimos) eram algo diferente. A forma como as pessoas de todo o mundo se encontravam por lá para competir, a estrutura dos torneios, dos palcos... a mistura de uma relativa informalidade e amadorismo, permitindo a entrada de "qualquer um" em busca do grande prêmio... algo ali me puxava de volta ao clima fraterno das locadoras.

Um dos melhores dias da minha trajetória foi esbarrar com o Velberan online, youtuber que eu adoro, e conseguir disputar de igual para igual com ele, já no elo prata

Esse sentimento de simpatia foi certamente catapultado pelo trabalho de formiguinha de algumas das pessoas mais legais com quem eu esbarrei nesse tempo inserido no mundo de jornalismo gamer. Eu sabia, por exemplo, que o Fabio "Fabão" Santana, um dos melhores profissionais e seres humanos que já conheci, adorava jogos de luta. Sabia também que o grande Sarda, uma lenda viva aqui do Voxel, não só era fanático pelo gênero como ainda produziu muito material incrível sobre o assunto aqui mesmo no site!

E também tinha os profissionais que eu admirava apenas de longe e sem intimidade, mas com a certeza de que seu trabalho era ótimo. Por exemplo, eu devo ter visto a maioria dos vídeos do Velberan, então foi surreal poder jogar algumas partidas online com ele ao acaso em uma madrugada chuvosa e depois trocar uma ideia no Twitter. Por lá, também recebi dicas de gente muito boa como o super gentil Ariel do Combo Infinito, e até do meu amigo Bruno Magalhães aqui do Voxel, que foi um verdadeiro sensei e me ajudou nos primeiros passos para aprender a mandar bem no Street Fighter.

Quero ser o melhor eu possível!

Graças a gentileza de todas essas pessoas e ao quão receptiva, gentil e empolgante é a comunidade de FGC, quando dei por mim Street Fighter V já tinha se tornado o meu game mais jogado de 2022. Todo santo dia eu estava jogando um pouquinho e, quando não jogava, usava o meu tempo livre para estudar textos e vídeos sobre ele, me divertindo a cada segundo sem parar.

Mês passado eu cheguei ao elo ouro, e eu espero subir muito mais até o lançamento de Street Fighter 6!

O loop do processo de aprendizagem a que todos somos submetidos, com a sua montanha russa de altos e baixos intercalados conforme o cérebro tenta absorver e aplicar novas informações, sempre me deixa super entretido e focado! Ver os replays e lutas de jogadores melhores do que eu garantem um passatempo sem fim. E saber que tenho milhares de horas de antigos torneios para conhecer é uma garantia de entretenimento vitalício!

Mas, acima de tudo, o que mais me alegra é saber que cada vez que eu jogo, uma recompensa maior do que qualquer outra me aguarda. Conforme eu pratico e estudo, eu posso me tornar uma versão melhor de quem eu era ontem. Mais veloz. Mais esperto. Mais rápido. Mais habilidoso.

Então o pequeno Thomas não podia estar mais errado. Não só os jogos de luta possuem objetivos, como o seu objetivo é o mais empolgante de todos: o seu maior inimigo sempre será você mesmo, e o grande chefão no fim de cada dia são apenas as suas limitações. E eu não vou parar até saber que eu me superei. Que eu me tornei a minha melhor versão possível!

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