Kena: Bridge of Spirits – Análise de acessibilidade

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Imagem: Ember Lab
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Equipe TecMundo

Autor: Yago Gonçalves Prazeres

A grande jornada de Kena pelos bosques encantados e ruínas espirituais tem um estilo visual carismático e gráficos deslumbrantes, mas será que esse game é acessível para todos os públicos? Como continuidade do espaço sobre acessibilidade em games, vamos dar continuidade em algumas análises que focam esses quesitos.

Eu gostaria de ressaltar que a acessibilidade se aplica de maneira única para cada pessoa e essas são minhas impressões pessoais do jogo como pessoa com baixa visão, meu objetivo e destacar as opções que estão presentes no jogo e que deixam ele mais inclusivo.

Este review foi feito em um PS4 base.

Legendas

Para muitos de vocês que não costumam utilizar opções de acessibilidade, as legendas talvez sejam somente um complemento supérfluo, além de que muitos jogos têm localização em português hoje em dia, mas para pessoas com algum tipo de deficiência auditiva ou visual às vezes ter a opção de alterar características simples nos textos pode fazer toda a diferença. As opções de legendas do jogo se resumem a ligado e desligado sem apresentar opções de diferentes tamanhos ou cores. Isso de forma geral é visto como uma característica negativa no mundo da acessibilidade, pois algo simples como ter a opção de alterar o tamanho das legendas ou dos comandos que aparecem na tela são coisas que podem mudar completamente a experiência de um jogador com algum tipo de deficiência visual, por exemplo.

Exemplo de legendasExemplo de legendasFonte:  Captura 

Também seria interessante se as legendas mostrassem o nome do personagem que está falando, pois, para pessoas com algum tipo de deficiência auditiva, isso facilitaria o entendimento dos diálogos. Outra funcionalidade interessante ter em jogos seria a possibilidade de cores diferentes para legendas e a opção de um fundo escuro, para que a legenda se destaque do ambiente.

Como características positivas das legendas, posso destacar o tempo que ela fica presente em tela e a quantidade de palavras apresentada em cada caixa de diálogo. Além disso, também tenho que destacar que o tamanho padrão das legendas, mesmo sendo único, ele não é pequeno como em outros jogos com legendas minúsculas e dificílimas de ler.

E, vale relembrar, que o jogo está legendado em português, algo positivo para a experiência.

Remapeamento de controles

A possibilidade de trocar funções de botões está presente em Kena. Essa característica faz com que pessoas com diferentes tipos de mobilidade possam escolher os botões mais confortáveis para sua jogatina. Qual vai ser o botão de pulo? Qual vai ser o botão de ataque? Você escolhe.

Menu para troca de botõesMenu para troca de botõesFonte:  Captura 

Gameplay

A aventura traz sessões de exploração, combate, plataforma e puzzles, as mecânicas no geral são simples e funcionam muito bem na maior parte das situações. Às vezes a câmera entra onde não devia e traz problemas como essas pequenas coisas. Mas, no geral, as animações estão lindas, cada movimento parece animado a mão e a riqueza de detalhes está em todo canto.

Imagem de GameplayImagem de GameplayFonte:  Ember Lab 

E no que se trata de acessibilidade o game apresenta opções como mira automática, e câmera dinâmica nos combates.

CapturaCapturaFonte:  Ember Lab 

Todo o game design é bem visual e o jogo praticamente aponta o caminho a seguir, algo que um ponto positivo, pois, dessa maneira, o jogador sempre tem uma boa noção de onde ele precisa chegar.

As barras de vida e energia tem funcionamento dinâmico, ou seja, aparecem somente quando necessário, assim não poluindo a tela com muita informação. Isso é uma ótima característica para quem tem algum tipo de dislexia ou déficit de atenção. Ainda falando de mecânicas, existe uma ação chamada pulso que mostra ao jogador os itens tanto interativos quanto visuais sonoramente.

Achei muito interessante como essa mecânica é algo que gera acessibilidade e, ao mesmo tempo, faz parte natural da narrativa do jogo.

Chefes

Nessa aventura Kena tem que enfrentar a corrupção que assola a floresta enfrentando espíritos que se recusam a deixar nosso mundo. As batalhas contra chefes são particularmente difíceis no modo normal, que foi a dificuldade que joguei. Elas não são lutas injustas, mas são desafiadoras.

A dificuldade do título, a meu ver, é bem desequilibrada, na maior parte do tempo o jogo tem um nível aceitável, mas nas lutas contra os chefes a dificuldade aumenta de forma desproporcional ao resto da aventura – e, talvez, para pessoas com algum tipo de dificuldade motora e de reflexos no geral, isso seja um impeditivo e uma falta de acessibilidade nesse aspecto do jogo.

Caso precise, o modo de dificuldade pode ser alterado a qualquer momento durante a campanha, uma solução talvez seria a criação de uma modo de dificuldade adaptativa que, quando o jogador morre muito em uma parte, o game automaticamente abaixa o desafio para não gerar tanta frustração, pois Kena exige muito dos reflexos nas batalhas contra os principais chefes.

Quebra-cabeças

Dependendo do seu tipo de deficiência quebra-cabeças podem ser um obstáculo intransponível. por exemplo, não conseguir passar de um puzzle por não conseguir enxergar algo, por isso jogos que tem a opção de pular essas etapas são considerados mais acessíveis.

Os quebra-cabeças de Kena não são muito difíceis, mas sinto que o game deveria indicar melhor o que fazer neles, pois de modo geral o jogo não pega na sua mão e bota dicas para resolver os enigmas caso você demore para solucioná-los. Talvez para alguém com algum tipo de dificuldade visual ou dislexia tenha um pouco de dificuldade para resolver alguns, mas no geral não chegam a ser difíceis como em outros títulos do gênero.

Fonte:  Ember Lab 

Acredito que Kena deveria ter uma opção relacionada a quantidade de dicas que o jogador gostaria de receber durante a sua aventura. No geral, o jogo traz algumas opções de acessibilidade, mas elas são protocolares e básicas, existem legendas, mas não há opções de fonte ou cor das legendas, por exemplo. Além disso, a dificuldade desequilibrada do jogo pode gerar bastante frustração para o público que necessita de acessibilidade.

Kena: Bridge of Spirits faz um bom trabalho de game design ao fazer com que a acessibilidade seja encaixada na narrativa sem ser invasiva, com o cajado da protagonista mostrando os itens interativos, por exemplo, mas mesmo sendo um bom jogo tem muito a melhorar em questão de acessibilidade.

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