FIFA 21 prova que a 'base vem forte' para a nova geração

9 min de leitura
Imagem de: FIFA 21 prova que a 'base vem forte' para a nova geração
Imagem: Divulgação/EA

Todo ano é a mesma coisa. A EA faz uma belíssimo trabalho de marketing e deixa os boleiros virtuais absolutamente curiosos sobre uma novíssima edição de seu simulador de futebol. FIFA 21 já está entre nós há pouco mais de um mês e prova duas máximas da sabedoria do mundo futebolístico: "não existe mais bobo no futebol" e "não se mexe em time que está vencendo".

Quando falamos do novo simulador de futebol, as duas frases são verdadeiras. Não tem mais nenhum bobo nesse mundo do futebol virtual, os jogadores sabem que as mudanças de uma edição para a outra da franquia já não possuem grandes saltos. Em alguns casos, como a versão do game para o Nintendo Switch, o "novo FIFA" apenas atualizou os uniformes e times, cobrando o mesmo preço cheio pelo requentado. Entretanto, é bastante compreensível que a desenvolvedora queira apenas aperfeiçoar um modelo de negócios que é tão lucrativo. Sim, estamos falando de você, Ultimate Team. Agora que já tiramos essas duas coisas do caminho, vamos para FIFA 21.

Para começar e já correndo o risco de parecer um pouco indiferente, os gráficos estão "ok". Por vezes, o suor no rosto dos atletas virtuais causou o efeito contrário ao realismo desejado – deixando o menino Ney ou Mbappé parecendo bonecos de cera. Jogamos FIFA 21 em um PlayStation 4 normal e, diga-se de passagem, o visual não atrapalha em nada a experiência.

Sejamos sinceros, FIFA 21 joga pelo resultado e é eficiente nessa propostaSejamos sinceros, FIFA 21 joga pelo resultado e é eficiente nessa propostaFonte:  EA 

Resta saber como esse visual vai se beneficiar do poder de processamento da nova geração, mas isso é tema para o segundo tempo desta análise. Por agora, o que interessa é bola no pé.

Joga muito

Quanto ao quesito jogabilidade, FIFA 21 promete recompensar os jogadores por sua criatividade tanto na hora de atacar quanto na defesa. Para entregar esse tipo de desempenho de forma realista, a nova edição do game leva em conta mais informações sobre os jogadores na hora executar qualquer ação em campo.

Por exemplo: para medir a efetividade de uma bola enfiada FIFA 20 levaria em conta as notas do atleta em passe curto e lançamento. Na versão mais recente do jogo, a mesma jogada leva em conta passe curto/lançamento, visão e compostura. Na prática, isso significa que passes precipitados – e interceptações – são mais comuns em FIFA 21.

O melhor ataque

Tem mais: o game desenvolveu uma nova forma de controlar a bola, chamada de "condução ágil". Basicamente, a ideia é aproveitar a habilidade de driblar para criar espaços. Basta apertar o R1 ou RB para "balançar" na frente do zagueirão.

Fechando a dupla de ataque, o jogo também apresenta o que chama de "corridas criativas". Basicamente, você pode indicar para onde quer que os jogadores que estão sem a bola devem se movimentar, tornando as tabelinhas mais eficientes com ajuda do botão L1 ou LB. As duas novidades podem parecer complicadas, mas são bem intuitivas – com poucas partidas você já vai estar arriscando algumas rabiscadas na defesa adversária.

Defesa e viagem no tempo

Na parte defensiva, as principais adições dizem respeito ao que os devs chamaram de personalidade tática. O time da EA quer que os jogadores saquem os diferenciais de estarem no lugar certo no momento certo para chutar, passar ou bloquear a bola. Para quem curte esse tipo de tecnologia e é interessado nos aspectos táticos do jogo, é altamente recomendado ler o diário de desenvolvimento do game nesse aspecto.

Curiosamente, FIFA 21 tem um recurso de volta no tempo, assim como games de corrida. Sim, você pode simplesmente apertar dois botões e refazer uma jogada que terminou com um chute para fora, por exemplo.

Será que essa bola entrou? Dá para garantir isso voltando no tempo em FIFA 21Será que essa bola entrou? Dá para garantir isso voltando no tempo em FIFA 21Fonte:  EA 

Junte a isso o fato de que o game tem animações de transição mais rápida quando a bola está parada e temos partidas mais dinâmicas e a sensação de aproveitar melhor os jogos em si.

Pofexô novo no pedaço

Precisamos confessar que essa versão do game foi uma das que mais empolgaram no anúncio da edição mais recente do game. Ao assumir o desafio de ser o técnico de um dos maiores times do planeta, essa expectativa foi apenas parcialmente satisfeita. Mesmo com todas as mudanças o "pôjeto" do modo carreira de FIFA 21 não "bate campeão".

Complicado, mas nada perfeitinho: o modo carreira finalmente ganhou alguma atenção dos devsComplicado, mas nada perfeitinho: o modo carreira finalmente ganhou alguma atenção dos devsFonte:  EA 

Em resumo, o novo estilo de jogo tem dois diferenciais: 1) poder entrar e sair das partidas quando um jogo está resolvido ou quando o seu talento com o controle nas mãos é necessário faz tudo ficar mais fácil e 2) as novidades adicionam algumas camadas de complexidade no game, sem fazer com que FIFA 21 se torne um game do estilo "Manager". Para manter os trocadilhos com o idioma boleiro, o modo carreira é tipo um "falso 9": faz seus gols e puxa a marcação, mas não é aquele atacante que vive de gols. Se é que vocês me entendem.

Já o lado negativo é que, com o tempo, essa quantidade de atividades (treinos, coletivas, negociação com o elenco, cobrança da diretoria) começa a pesar um pouco. Ao ponto que você só quer passar tudo rápido e ir para as partidas. Agora, a estrela dessa companhia é com toda certeza o modo Ultimate Team.

Ultimate Team e Volta

Dá para afirmar sem ter medo de errar que FIFA Ultimate Team é aquela camisa 10 que decide o jogo a favor da EA. Apesar do sucesso, o modo de jogo teve poucas mudanças em FIFA 21. Dentre elas, mais opções de personalização de times e estádios – agora você pode escolher até mesmo o grito da galera.

Além disso, FUT também permite que você jogue o modo de forma colaborativa com seus amigos. Não que isso seja realmente uma novidade avassaladora. Afinal, todos sabem que o que realmente encanta do modo de jogo é a mecânica de abrir um pacote e descolar aquele baita jogador. E, sim, levando essa prática ao extremo, também é o principal defeito do formato. Mas, ao que tudo indica, a EA não vai mexer no seu formato mais lucrativo tão cedo.

O Modo FUT segue como camisa 10 da franquiaO Modo FUT segue como camisa 10 da franquiaFonte:  EA 

E o que dizer do novo (velho) modo Volta? Bom, não tem muito o que comentar a respeito do modo. Desta vez, a versão que remete ao saudoso FIFA Street tem uma história breve com participação especial de Kaká e outros jogadores consagrados do futebol mundial.

O modo não acrescenta nada muito diferente ou inovador, mas serve como uma forma de você testa alguns dos recursos novos de jogabilidade com mais espaço para tentar alguns dribles e mesmo as corridas sincronizadas. É bem provável que você jogue algumas horas e nunca mais volte ao Volta, com perdão do trocadilho.

Volta é só uma grande desculpa para testar alguns dribles antes das partidas onlineVolta é só uma grande desculpa para testar alguns dribles antes das partidas onlineFonte:  EA 

Palmeiras não tem…

Jogador licenciado. E esse não é um "privilégio" apenas do clube que é um dos maiores campeões do Brasil. FIFA 21 tem os escudos de times populares do país, como Flamengo, Internacional, Grêmio, Santos, Athletico Paranaense, Ceará e vários outros, mas a marca não conseguiu os direitos de imagem desses jogadores. Assim, o jeito foi escalar um time de atletas fictícios.

Você vai ter que comemorar os gols de Fredditinho (Palmeiras) ou de Mestrança (Atlético Goianiense) quando estiver jogando o game, por exemplo. É uma verdadeira pena, já que o simulador tem feito um ótimo trabalho no departamento licenciamento nos últimos anos. Especialmente, quando falamos do pacote gráfico usado nas transmissões de campeonatos como a Champions League, Libertadores e Premier League. As escalações genéricas dos times brasileiros acaba sendo um verdadeiro anticlímax.

É complicado mesmo comemorar gols do TramontinaldoÉ complicado mesmo comemorar gols do TramontinaldoFonte:  Reprodução/Voxel 

Além do visual das partidas oficiais, a EA acertou muito na contratação de Gustavo Villani como narrador do game. Com todo respeito ao trabalho feito por Tiago Leifert, mas faz toda diferença ter um profissional no papel. A verdade é que o apresentador global ficava sempre meio deslocado, tipo aquele lateral esquerdo que foi improvisado do lado direito do campo.

Agora as transmissões possuem até os comentários de uma espécie de repórter de campo, que aumentam a sensação de que o jogo é para valer. Os comentários seguem com o ex-jogador Caio Ribeiro e, se não são dos mais relevantes, cumprem seu papel.

Por conta do senhor Ubaldo Aquino?

Ao contrário da Konami, que resolveu lançar eFootball PES 2021 como uma espécie de "time misto" para campo durante essa troca de geração de consoles, a EA entrou para confirmar seu favoritismo. A marca lançou um FIFA novinho em folha e ainda acertou na estratégia. Ou seja, decidiu que os compradores de FIFA 21 no PlayStation 4 e Xbox One terão direito a cópias do game em seus respectivos PlayStation 5 e Xbox Series X/S.

Para empolgar os fifeiros que quebrarem o porquinho para boletar os novíssimos consoles de Sony e Microsoft, o perfil oficial do game compartilhou imagens para lá de atraentes. No entanto, só vamos ter acesso aos gráficos e à experiência completa do simulador na nova geração a partir do dia 4 de dezembro.

Bem amigos, FIFA 21 vale a pena?

Durante seu lançamento, o game recebe uma série de críticas a respeito da inteligência artificial dos goleiros. Parte dos comentários da "turma do amendoim" nas redes sociais dizia respeito ao que podemos chamar de falta de inteligência dos defensores no game. Recentemente, a EA lançou mais um patch para corrigir algumas das falhas do game e é esperado que a novidade faça os melhores goleiros do mundo se comportarem mais como, bem, os melhores goleiros do mundo. Durante os testes, notamos algumas melhorias, mas ainda há um bom caminho pela frente.

Ainda assim, é inegável que FIFA 21 mantém a jogabilidade consistente das últimas edições. Com as melhorias no modo carreira, o simulador se torna mais atraente para quem curte a ideia de brincar de gerente de futebol – e a possibilidade de simular ou jogar as partidas quando quiser garante uma qualidade de vida absurda aos jogadores.

Atmosfera é certamente um dos golaços de FIFA 21Atmosfera é certamente um dos golaços de FIFA 21Fonte:  EA 

Tem mais: FIFA 21 oferece todos os níveis de desafio para quem curte futebol virtual e entrega uma experiência divertida. Em pequenos momentos, como quando você consegue uma tabela precisa ou mesmo intercepta um passe há a sensação de uma pequena vitória. Agora, se você quer mesmo ter uma baita consagração, o modo competitivo (e bem apelão) está aí para colocar sua habilidade a toda prova. Um alerta: vai ser bem complicado ficar invicto.

É sempre complicado comentar se esse ou aquele título vale a pena, especialmente quando levamos em conta o formato de lançamento anual da franquia a os gastos extras para quem quiser adiantar o desenvolvimento no modo Ultimate Team. Dito isso, investindo apenas na versão mais básica, podemos garantir que há o suficiente para várias horas de diversão. E a promessa de que você pode garantir a versão para o seu próximo Xbox ou PlayStation, o que não soa como um mau negócio.

Afinal de contas, quando o árbitro apita, o que todo mundo quer saber é de bola na rede. Nesse sentido, a série continua garantindo uma jogatina que não decepciona e uma porção de opções para diversos níveis de boleiros virtuais.

Nota  80

"Afinal de contas, quando o árbitro apita, o que todo mundo quer saber é de bola na rede"

Fontes

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.