30 anos de Game Boy: relembre a história do saudoso portátil da Nintendo

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A Nintendo foi fundada há 130 anos, dos quais quase 40 foram passados na indústria de jogos eletrônicos. Essa longevidade não é por acaso — durante muitas décadas, a empresa de Kyoto demonstrou-se capaz de se reinventar conforme necessário para garantir seu espaço com diversas linhas de produtos.

Talvez nenhuma pessoa represente isso tão bem quanto Gunpei Yokoi, funcionário da empresa entre 1966 e 1996. Yokoi não era um programador de videogames, mas sim um inventor de brinquedos. Após lançar versos produtos de sucesso para a Nintendo, como a Ultra Hand, Yokoi começou a lidar com videogames nos anos 1970.

Inspirado por pequenos jogos de calculadora, Yokoi criou a série Game & Watch. Tratavam-se de pequenos aparelhos portáteis que, devido às restrições tecnológicas da época, continham apenas um jogo e um relógio. Entre 1980 e 1991, a Nintendo lançou dezenas de jogos Game & Watch, mas cada um exigia a compra de um novo aparelho.

Enquanto isso, a Nintendo conquistava seu espaço no mercado de consoles domésticos com o NES. Ao final da década, no auge da popularidade do Nintendinho, Gunpei Yokoi e a Nintendo conseguiram o que até então parecia impossível: replicar o sucesso de um console de mesa em um portátil.

Em 21 de abril de 1989, foi lançado o Game Boy, com características humildes: uma tela monocromática, gráficos 8-bit e os mesmos poucos botões do NES. Os atrativos do portátil eram outros: um preço acessível, longas horas de jogabilidade com quatro pilhas comuns, e uma biblioteca de jogos que com o tempo tornaria-se comparável à do próprio NES. Por tratar-se do primeiro aparelho do seu tipo, o Game Boy não tinha referências para seguir nem competidores para superar, então a Nintendo teve espaço para fazer o que parecia melhor para a época.

Mas talvez nem estaríamos falando sobre o Game Boy hoje se não fosse por um de seus títulos de lançamento, importado diretamente da União Soviética. A primeira versão de Tetris foi lançada alguns anos antes, em 1984, mas, com a portabilidade do Game Boy, o jogo de empilhar blocos atingiu um novo patamar de popularidade, vendendo mais de 35 milhões de cópias.

Com a mina de ouro que a Nintendo descobriu exposta, não demorou para outras empresas tentarem concorrer com o Game Boy. Durante os anos 1990, diversos portáteis mais modernos e poderosos foram lançados para tentar desbancar a Nintendo. Entre eles, destacam-se o Sega Game Gear, o Atari Lynx e o TurboExpress, todos com telas coloridas e gráficos avançados. O TurboExpress, inclusive, rodava os mesmos cartuchos que o TurboGrafx-16, o console de mesa da NEC (sendo de fato o primeiro portátil a atingir paridade com um console). Mas todos fracassaram em acertar onde o Game Boy já acertava: preço, longevidade e biblioteca.

O reinado da Nintendo sobre o mundo dos portáteis foi consolidado em 1996, com o lançamento de Pokémon Red e Green no Japão. Em pouco tempo, Pokémon tornou-se um fenômeno mundial e é até hoje uma das franquias de entretenimento mais lucrativas da história. Somando as versões Red, Green, Blue e Yellow, a primeira geração da série vendeu mais de 45 milhões de cópias.

Outra tradição iniciada pelo Game Boy foi a de versões melhoradas de consoles. O Game Boy Pocket, lançado em 1996, reduziu drasticamente o tamanho do portátil e, no Japão, o Game Boy Light introduziu uma tela iluminada. Mas o maior passo veio em 1998, com o Game Boy Color. O portátil possuía uma tela colorida, maior capacidade gráfica e a necessidade de apenas duas pilhas, ao invés de quatro. Sabiamente, o Color manteve compatibilidade com toda a biblioteca do Game Boy, mas também foram lançados jogos especialmente aprimorados ou até exclusivos para o novo modelo.

A era do Game Boy chegou ao fim em 2001, quando o Game Boy Advance foi lançado como legítimo sucessor do aparelho, e a produção do Game Boy Color foi encerrada em 2003. Contando todos os modelos, o Game Boy vendeu 118 milhões de unidades entre 1989 e 2003, sendo hoje o terceiro dispositivo de video games mais vendido da história, atrás apenas do PlayStation 2 e do Nintendo DS.

O nome Game Boy sobrevive apenas nas nossas memórias, mas seu legado continua fortíssimo. O DS e o 3DS são membros da mesma linhagem — e adeptos da mesma filosofia — que o Game Boy original. Durante todos esses anos, a Nintendo continuou tendo os principais portáteis do mercado, abrindo as portas para o atual sucesso do Nintendo Switch.

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