Especial Counter-Strike: 20 anos do clássico que dispensa apresentações

8 min de leitura
Imagem de: Especial Counter-Strike: 20 anos do clássico que dispensa apresentações

“Fire in the hole!”

Sua mente pode até demorar para encontrar a Fórmula de Bhaskara, mas eu duvido que ela se esqueceu de como é a Dust 2. Ou vai me dizer que você não se lembra até hoje das caixas amontoadas no Bomb A?

Ou do tiro de uma AWP furando o seu fone à procura de uma vítima?

Ou do radinho que, a cada vez que começava uma rodada, soprava no seu ouvido: “okay, let’s go!”?

Counter-Strike é um dos poucos jogos que dispensa apresentações. Foi febre nas lan houses. Alvoroçou polêmicas entre os pais. Forjou lendas em campeonatos. Construiu amizades entre muitos de nós. E, hoje, 19 de julho de 2019, a série completa 20 anos de idade. Lá atrás, em 1999, um mod de Half-Life chegaria em fase Beta para uma comunidade ainda pequena começar os testes.

Mas, com o tempo, essa comunidade se expandiria até um fenômeno internacional.

Como surgiu o Counter-Strike

Counter-Strike foi idealizado por Minh Le e Jess Cliffe, ambos programadores norte-americanos que pensaram em adaptar Half-Life com uma pegada mais realista. O processo de produção começou em janeiro de 1999 quando Mihn começou a trabalhar nos modelos de armas e personagens.

A programação em si só foi possível em abril, quando a Valve liberou a criação de mods de Half-Life. No entanto, os meses seguintes foram marcados por um grande problema: poucos criadores estavam disponíveis ou interessados em trabalhar nos mapas do game. O time, então, pediu ajuda para os fãs de Half-Life para essa tarefa.

19 de junho chegou e eis que a fase Beta foi lançada às pressas, visto que uma versão pré-Beta vazou para a comunidade e os desenvolvedores ficaram com receio que ela estragasse a impressão dos jogadores. Nela, Counter-Strike tinha então nove armas, quatro mapas  e um modelo para cada um dos lados da disputa (CTs e terroristas).

Curiosidades da fase Beta

  • O nome Counter-Strike surgiu depois de um bate-papo entre Minh Le e Jess Cliffe no ICQ. Nomes como Counterrorism, Strike Force, fRAG HEADS, Counter-Terror, Terrorist Wars e outros apareceram, mas ambos concordaram que Counter-Strike soava muito melhor.
  • Minh Le já trabalhou em mods para Quake e Quake 2, mas resolveu trocar para o Half-Life por conta da plataforma que ajudaria a dar mais realismo para a ideia de confronto entre policiais e terroristas.
  • Mais Betas foram adicionados com o tempo, mas um deles causou polêmica ao retirar o número de “kills” que você tiha feito durante a rodada. Isso, segundo o time, era para favorecer o jogo em equipe.
  • Os cenários de plantar e defusar a bomba só surgiram a partir da quarta fase Beta. Ela podia ser plantada em qualquer lugar, mas não garantia vitória automática se explodisse fora do local correto. Além disso, só um kit era possível na equipe dos CTs, e o felizardo para essa tarefa era escolhido aleatoriamente.
  • A Valve só entrou no projeto em abril de 2000, anunciando que Counter-Strike seria incluído oficialmente no patch seguinte de Half-Life. Meses depois, ele começou a ser vendido separadamente.
  • O Beta 7.0 permitiu que os jogadores dirigissem veículos.

Counter-Strike 1.5 ou 1.6?

Depois do lançamento official, a equipe continuou desenvolvendo melhorias para o Counter-Strike — e algumas versões se tornaram notáveis entre os jogadores.

Counter-Strike 1.1 marcou a chegada do modo de espectador, enquanto a versão 1.2 trouxe as comunicações por rádio. A tecnologia contra os trapaceiros só daria as caras por volta do 1.4.

Mas foi o Counter-Strike 1.5 que marcou a última versão antes do jogo chegar oficialmente no Steam. E ele continuou ativo de junho de 2002 até setembro de 2003, quando a maior atualização do jogo até o momento resolveu chegar depois de muitas fases Beta. Era a era do Counter-Strike 1.6.

Novas armas (FAMAS para os CTs, IDF para os terroristas), interface diferente e mudanças na jogabilidade foram os pontos mais críticos na mudança imediata. Pouco a pouco, o jogo seria atualizado diretamente pelo Steam e não receberia mais nenhuma versão “numerada”, muito embora um Counter-Strike 1.7 tenha sido planejado posteriormente para reunir a comunidade juntamente com a sequência da série — estamos falando de Counter-Strike: Condition Zero.

Os demais jogos da série

Vale lembrar que Counter-Strike, antes de ganhar uma sequência, também tentou uma “entrada” nos consoles. A versão para o Xbox estreou em novembro de 2003 e ficou sob a responsabilidade da Ritual Entertainment e da Turtle Rock Studios.

A versão trazia modo single player (que nada mais era que uma partida contra bots)  e multiplayer comum usando a Xbox Live para conectar os jogadores nos servidores. Ele teve uma boa receptividade na crítica especializada, mas os servidores do Xbox original foram deabilitados em 2010... O que não permite que você jogue mais online por lá.

Tirando isso, separamos aqui os jogos seguintes da série...

Counter-Strike: Condition Zero. Além de modelos atualizados, ligeiras diferenças de gameplay e a chegada dos bots na jogatina, Condition Zero se destacou por ter uma campanha singleplayer.

E se tornou o único game da série a ter história desde então.

  • Data de lançamento: 23 de março de 2004
  • Plataforma: PC, Mac, Linux
  • Desenvolvimento: Gearbox Software, Ritual Entertainment e Turtle Rock Studios

Counter-Strike: Source. Foi a sequência que buscou refazer o Counter-Strike a partir da engine original da Valve, o Source. Vieram também vários detalhes no gameplay que se diferenciam do jogo original: principalmente no que se refere às granadas e no recuo das armas.

  • Data de lançamento: 1º de novembro de 2004
  • Plataformas: PC, Max e Linux
  • Desenvolvimento: Turtle Rock Studios e Hidden Path Entertainment

Counter-Strike: Global Offensive. A versão que está viva, forte e competitiva até hoje. CS:GO demorou para decolar e agradar a comunidade, mas atingiu cada vez popularidade graças ao suporte contínuo da Valve que traz mudanças até hoje ao jogo.

E vale lembrar que hoje em dia ele está gratuito e tem até um modo Battle Royale.

  • Data de lançamento: 21 de agosto de 2012
  • Plataformas: PC, Linux, Mac, PlayStation 3 e Xbox 360
  • Desenvolvimento: Hidden Path Entertainment

As lendas do jogo

Alguns jogadores ganharam notoriedade máxima quando o assunto é Counter-Strike, principalmente com a popularidade do CS 1.6 pelas lan houses e o crescimento de campeonatos internacionais como a Cyberathlete Professional League, a Electronic Sports World Cup, a World Cyber Games e muitos outros.

Listamos, logo abaixo, alguns dos mais conhecidos.

Abdisamad "SpawN" Mohamed

  • Status: Aposentado em 2010
  • País: Suécia
  • Times mais conhecidos: SK Gaming (CS 1.6) e Ninjas in Pyjamas (CS 1.6)
  • Títulos: WCG 2003, CPL Winter 2003, CPL Summer 2005 e KODE5 2006
  • Total em premiações: US$ 73 mil, cerca de R$ 281 mil em converão direta

Patrik "f0rest" Lindberg

  • País: Suécia
  • Times mais conhecidos: Fnatic (CS 1.6), SK Gaming (CS 1.6) e Ninjas in Pyjamas (CS:GO)
  • Títulos: CPL Winter 2006, Intel Extreme Masters III, ESL One: Cologne 2014 (CS:GO), Intel Extreme Masters XII - Oakland (CS:GO)
  • Total em premiações: US$ 665,8 mil, cerca de R$ 2,5 milhões em converão direta

Yegor "markeloff" Markelov

  • Status: Inativo desde 2018
  • País: Ucrânia
  • Times mais conhecidos: DTS Gaming (CS 1.6), Na'Vi (CS 1.6 e CS:GO) e Flipsid3 Tactics (CS:GO)
  • Títulos: Intel Extreme Masters IV, ESWC 2010, WCG 2010, DreamHack Winter 2010, Intel Extreme Masters V e IEM VI Global Challenge Kiev
  • Total em premiações: US$ 162 mil, cerca de R$ 624 mil em conversão direta

Christopher "GeT_RiGhT" Alesund

  • País: Suécia
  • Times mais conhecidos: Ninjas in Pyjamas (CS 1.6 e CS:GO) e Fnatic (CS 1.6)
  • Títulos: Intel Extreme Masters III, ESL One: Cologne 2014 (CS:GO) e Intel Extreme Masters XI - Oakland (CS:GO)
  • Total em premiações: US$ 579,9 mil, cerca de R$ 2,2 milhõe sem conversão direta

Ola "elemeNt" Moum

  • Status: Aposentado em 2011
  • País: Noruega
  • Times mais conhecidos: SK Gaming (CS 1.6), mibr (CS 1.6), 4Kings (CS 1.6) e MYM (CS 1.6)
  • Títulos: CPL Winter 2003 e CPL Winter 2004
  • Total em premiações: US$ 70,9 mil, cerca de R$ 273 mil em converão direta

Emil "HeatoN" Christensen

  • Status: Aposentado em 2007
  • País: Suécia
  • Times mais conhecidos: Ninjas in Pyjamas (CS 1.6) e SK Gaming (CS 1.6)
  • Títulos: CPL Winter 2001, CPL Summer 2002, CPL Summer 2003, WCG 2003 e CPL Winter 2003
  • Total em premiações: US$ 88,7 mil, cerca de R$ 341 mil em conversão direta

Os times brasileiros

Vários brasileiros também fizeram a história pelo Counter-Strike. Foram anos e mais anos de sucesso nas lan houses, trazendo campeonatos durante todo o ano e seletivas internacionais para os principais eventos da temporada.

Mas duas organizações em especial nasceram, revelaram e criaram impacto no cenário de Counter-Strike.

MIBR. Fundada em 2003 com o patrocínio de Paulo Velloso, o made in brazil foi um dos primeiros times brasileiros de sucesso internacional depois da conquista da ESWC 2006 contra a poderosa fnatic. Levantou a bandeira brasileira em um território que, até o momento, era dominada majoritariamente por europeus.

O time passou por várias reestruturações nos anos seguinte e fechou as portas em 2012. Mas a decisão não foi definitiva: a marca voltou depois que o dono da Immortals, Noah Whinston, anunciou a compra e trouxe alguns jogadores de maior sucesso no CS:GO brasileiro.

  • Títulos no CS 1.6: ESWC 2006, DreamHack Winter 2007, GameGune 2008 e IEM III Global Challenge Los Angeles (segundo lugar).
  • Jogadores brasileiros que passaram pela organização no CS 1.6: Alexandre "gAuLeS" Borba, Lincoln "fnx" Lau, Renato "nak" Nakano, Carlos "KIKO" Segal, Raphael "cogu" Camargo, Thiago "btt" Monteiro e Bruno "bit" Lima.
  • Jogadores brasileiros que atualmente representam a oganização no CS:GO:  Gabriel "FalleN" Toledo, Fernando "fer" Alvarenga, Marcelo "coldzera" David, Epitácio "TACO" de Melo e João "felps" Vasconcellos.

G3nerationX. O time que rivalizou contra a mibr e revelou talentos foi a g3nerationX, criada em 2001. Por um bom tempo, os dois dominavam os eventos locais e representavam o Brasil nos eventos internacionais.

Além de participar de campeonatos, a organização também ficou conhecida por viabilizar a g3x Cup — uma das principais competições para jogadores amadores serem revelados para o cenário.

  • Títulos no CS 1.6: LatinCup 2004, CPL Winter 2005 (5º) e CPL Summer 2006 (6º).
  • Jogadores brasileiros que passaram pela organização no CS 1.6: Alexandre "gAuLeS" Borba, Thiago "btt" Monteiro, Raphael "cogu" Camargo, Bruno "bruno" Ono e Renato "nak" Nakano.
  • Jogadores brasileiros que passaram pela a oganização no CS:GO:  Vito "kNgV-" Giuseppe, Bruno "bit" Lima, Lucas "steel" Lopes, João "felps" Vasconcellos e Lucas "steel" Lopes.

Descubra mais sobre a série Counter-Strike aqui no Voxel

E você? Nesses 20 anos de história, qual o seu jogo preferido da série Counter-Strike?

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.