Três ameaças que estão redesenhando o papel dos MSPs na cibersegurança
A era da cibersegurança reativa está dando lugar a um novo paradigma; confira a coluna!

31/05/2025, às 15:00

À primeira vista, os ataques cibernéticos continuam a parecer eventos isolados: uma violação aqui, um ransomware ali, uma notícia que logo cede lugar à próxima. Entretanto, para os provedores de serviços gerenciados (MSPs), o que está acontecendo nos bastidores é uma transformação profunda e preocupante.
A era da cibersegurança reativa está dando lugar a um novo paradigma, em que a capacidade de prever, responder e sustentar operações, 24 horas por dia e sete dias por semana, se tornou uma linha tênue entre a proteção efetiva e o desastre operacional.
- Leia também: Hackers não precisam mais hackear, eles usam credenciais legítimas
- Proteja sua navegação online com o cupom NordVPN e economize já!
Segundo o relatório MSP Perspectives 2024, da Sophos – empresa em que lidero no Brasil –, três desafios críticos se destacam na jornada atual dos MSPs e todos eles têm um ponto em comum: estão diretamente ligados à complexidade crescente dos ambientes digitais que agora precisam ser protegidos. Seguem abaixo esses desafios que mencionei:
1. MDR não é mais diferencial, é requisito
Com ataques cada vez mais sofisticados, disparados com precisão estratégica e muitas vezes fora do horário comercial, as empresas passaram a exigir mais do que proteção automatizada, elas precisam de vigilância contínua. Essa nova realidade fez da Detecção e Resposta Gerenciada (MDR) um serviço praticamente obrigatório e o relatório mostra que 81% dos MSPs já oferecem MDR, o que indica uma mudança de mentalidade no setor. Agora, não se trata mais de “se” investir em resposta gerenciada, mas de “como” entregar esse serviço com eficácia, escala e retorno.
A urgência é justificada. Análises recentes mostram que 88% dos ataques de ransomware começam à noite, quando há menos pessoal ativo para reagir. Esse novo comportamento dos hackers exige defesas humanas e automatizadas que atuem de forma sincronizada o tempo todo. O desafio é que, para muitos MSPs, manter essa prontidão significa expandir equipes, treinar especialistas, sustentar infraestrutura e, em outras palavras, aumentar custos sem necessariamente aumentar a margem.
2. O labirinto das plataformas fragmentadas
Outro ponto que desafia a sustentabilidade dos MSPs é a multiplicidade de ferramentas e plataformas que precisam operar e gerenciar para proteger seus clientes. Em um mundo ideal, essa diversidade garantiria defesas robustas, mas, na prática, ela impõe um custo operacional imenso. Os dados mostram que a consolidação em um único ambiente poderia reduzir em até 48% o tempo de gestão diária, uma economia que pode representar não apenas maior eficiência, como maior capacidade de resposta diante de uma ameaça real.
Ainda assim, muitos provedores permanecem presos a arquiteturas fragmentadas, seja por exigência de clientes ou por limitações de legado. O resultado? Mais tempo gasto integrando sistemas do que detectando ataques. Nesse cenário, a unificação da gestão e da telemetria não é só desejável, mas estratégica.
3. O talento escasso que ameaça o modelo de negócio
Por fim, o que talvez seja o maior desafio de todos: a escassez de profissionais qualificados em cibersegurança. A percepção de risco entre os MSPs é clara e fundamentada. Não há automação que substitua a experiência de um analista capacitado no momento crítico de uma investigação. No entanto, recrutar, formar e reter esse tipo de especialista está cada vez mais difícil e caro, especialmente para empresas de médio porte. Esse gargalo limita a escalabilidade do negócio porque, sem uma base técnica sólida, qualquer crescimento pode se tornar instável.
Por isso, no meio desse cenário, o papel dos parceiros estratégicos ganha novo peso. Empresas como a Sophos têm buscado formas de apoiar os MSPs em sua transição para modelos mais resilientes e rentáveis. Um exemplo recente da companhia é o lançamento do MSP Elevate, um programa que oferece acesso a pacotes integrados de MDR, capacitação técnica avançada e incentivos que reduzem custos operacionais enquanto aumentam o valor entregue aos clientes.
Em um mundo onde a ameaça é constante e a margem de erro mínima, a capacidade de reagir rápido e com precisão deixou de ser um luxo para ser uma questão de sobrevivência. Nos dias atuais, os MSPs não estão apenas defendendo dados, mas, sim, a continuidade de empresas, a confiança de mercados e, muitas vezes, a reputação de setores inteiros.
Reconhecer e enfrentar esses três desafios estruturais que listei – a entrega eficaz de MDR, a unificação das ferramentas e a superação do déficit de talentos – é o primeiro passo para garantir que essa missão seja cumprida.
Diretor Geral da Sophos no Brasil. Com mais de 20 anos de experiência em cibersegurança, o executivo lidera a estratégia de crescimento da Sophos no país, expandindo a companhia em diferentes mercados.