Pagamentos no WhatsApp: entenda segurança e privacidade na ferramenta

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Proibidos ou permitidos, o fato é que os pagamentos via WhatsApp vêm dando bastante o que falar. Supondo que essa ferramenta do aplicativo seja novamente disponibilizada, você a usaria? Se a sua preocupação é a segurança, vamos conversar um pouco sobre isso.

A ideia de pagamentos via aplicativo pode parecer estranha em um país onde o serviço de transferências (TED) oferecidos pelos bancos — principalmente os digitais — é relativamente rápido e até gratuito em muitos casos. 

O sistema bancário nos Estados Unidos é antiquado e, por consequência, lento e caro

No entanto, isso não é verdade em todo o mundo. Por exemplo, o sistema bancário nos Estados Unidos é antiquado e, por consequência, lento e caro. Por isso, aplicativos de transferência de dinheiro são extremamente populares na terra do tio Sam. O aplicativo Venmo, da PayPal, é rei na terra dos aplicativos de transferência de dinheiro nos EUA, tendo mais de 52 milhões de usuários que movimentaram mais de US$ 102 bilhões ao longo de 2019.

Então, sabemos que a ideia do pagamento via aplicativo já existe e, por si só, é segura. Os dois maiores pontos de preocupação são em relação ao WhatsApp já ser um alvo constante de tentativas de golpe e ao fato de o dono do WhatsApp ser a gigante Facebook, de Mark Zuckerberg. Vamos falar um pouco sobre cada um desses pontos.

O Facebook cuidará da sua privacidade?

Teremos que tomar cuidado redobrado com qualquer atividade suspeita em torno do WhatsApp se ele acabar voltando para o ramo dos pagamentos digitais. O primeiro passo que eu recomendo é ativar a autenticação em duas etapas (2FA) no aplicativo.

Assim, caso haja alguma tentativa de clonar a sua conta, você estará bem mais seguro. No entanto, isso não resolverá o maior problema com essa nova forma de pagamento, pois, caso seu familiar ou amigo que não ativou o 2FA tiver a conta clonada ou o celular roubado, você pode ficar vulnerável. Nunca foi tão rápido e fácil cair na armadilha de transferir dinheiro para um golpista caso ele consiga se passar por um conhecido seu.

A parte mais polêmica, provavelmente, é o fato de o WhatsApp pertencer ao Facebook. Se você chegou a configurar o mecanismo de pagamento no seu aplicativo, você deve ter reparado que o sistema, na verdade, utiliza o Facebook Pay para funcionar. E, apesar de gratuito (como o próprio Facebook), os termos de uso do Facebook Pay são exatamente iguais ao do "site-mãe": seus dados em troca de um serviço gratuito. Entre os diversos dados coletados, o Facebook coleta “informações sobre cada compra ou transação” que você realiza.

Uma questão de aceitar os termos de uso em troca de se utilizar o serviço de pagamento gratuito. Se você já usa o WhatsApp, de certa forma, você já está topando essa troca.

Vira, então, uma questão de aceitar os termos de uso em troca de se utilizar o serviço de pagamento. Vale lembrar que mais de 2,6 bilhões de pessoas utilizam o Facebook por mês, topando essa troca de informação por serviço. Se você já usa o WhatsApp, de certa forma, você já está topando essa troca. 

A adição do serviço de pagamento mudará sua opinião? Você pretende usar essa funcionalidade se ela voltar a ser disponibilizada para todos? Quando você pretende usá-la ao invés de fazer um TED? Tem sugestões para o próximo tópico da nossa coluna? Comenta aí!

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Raphael Bottino, novo colunista quinzenal do TecMundo, é desenvolvedor e entusiasta de tecnologia. Ele trabalha como arquiteto de soluções na Trend Micro, uma das empresas líderes globais em Segurança da Informação. Nas horas vagas, quando não está cozinhando, está aprendendo novas tecnologias ou programando (sim, ele programa por prazer).

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