Acredite: seus eletrônicos tinham um visual brega e você não sabia

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Não é só o figurino que pode ser brega, eletrônicos também caem de moda (Fonte da imagem: ShutterStock)

Álbuns de fotografia são sempre divertidos. Basta se reunir com dois ou três parentes — é melhor deixar certas coisas no âmbito familiar — e analisar algumas fotografias para ver como tudo está diferente. A mudança mais perceptível é, sem dúvida, a dos figurinos: além de roupas que hoje seriam consideradas bregas, há também os cortes de cabelo que, atualmente, poucos se arriscariam a usar.

Além da moda, a tecnologia também evolui muito rapidamente e, certamente, indica a chegada de novos tempos. Por isso, quando observamos a mudança no visual de alguns produtos, fica difícil pensar que, um dia, compramos ou desejamos ter computadores coloridos e celulares de aparência estranha. Mas tudo bem: na época, poucos ousariam questionar o cabelo à la Chitãozinho & Xororó.

O que importa é que, hoje, ao olhar para trás, podemos nos divertir com algumas imagens do passado dos eletrônicos. Portanto, preparamos uma relação de alguns dos casos mais marcantes da indústria, não apenas para rirmos do design pouco usual dos gadgets, mas também para percebermos como tudo ficou melhor.

Video games de madeira

Os consoles de video game estão presentes nas salas de muitas casas e, às vezes, até mesmo guardados em gavetas, como é o caso de muitos portáteis. Entretanto, nem sempre eles foram bonitos e elegantes como os consoles de hoje. O primeiro protótipo de console do mundo, conhecido como Brown Box (Caixa Marrom), era terrivelmente antiquado e feito de madeira.

Brown Box (esq.) e Atari 2600 (dir.): corpo feito com partes de madeira (Fonte da imagem: pong.mythos/Wikipedia)

Com o passar do tempo, o visual dessas máquinas foi mudando bastante e a madeira presente no protótipo de 1967 acabou perdendo espaço para o plástico. Mesmo assim, dez anos depois alguns consoles ainda tinham partes de madeira em sua constituição. É o caso, por exemplo, do Atari 2600, de 1977.

A evolução do Nintendo 3DS

Video games de todos os tamanhos, cores e formatos surgiram ao longo desses 45 anos. Houve até mesmo modelos que dispensavam o uso da televisão, mas que, comparados com os portáteis de hoje, não ofereciam muita mobilidade.

Virtual Boy (esq.) e Nintendo 3DS: portáteis 3D da Nintendo (Fonte da imagem: Wikipedia)

Um desses “monstrinhos” é o Virtual Boy, da Nintendo, console com uma espécie de visor 3D embutido que obrigava o jogador a permanecer com os olhos encaixados neles. O equivalente atual desse video game talvez pudesse ser o Nintendo 3DS, que exige muito menos esforço do gamer.

Nova mídia, novo visual

Outra mudança importante na evolução dos video games foi em relação à mídia, quando os cartuchos foram dando lugar aos discos ópticos e, mais recentemente, ao download via internet. O primeiro console a fazer parte dessa época foi o SEGA CD, que servia como um complemento a ser acoplado ao Mega Drive.

Sega CD: mídia óptica levou à criação de um novo acessório para o Mega Drive (Fonte da imagem: Wikipedia)

Mais tarde, consoles como o 3DO e o Playstation consertaram essa “gambiarra” estética e lançaram aparelhos feitos exclusivamente para o uso de CDs. Depois vieram DVDs, UMDs e toda a variedade de mídias disponíveis hoje em dia, evoluindo os consoles até chegarem ao elegante Playstation 3.

Wii U traz controle com tela para interagir com o game (Fonte da imagem: Divulgação/Nintendo)

E as mudanças visuais não param: o Nintendo Wii U promete trazer uma tela extra no próprio controle, para que a interação com o game seja ainda maior.

Muito além do gabinete bege

Os computadores de mesa fazem parte dos eletrônicos que mais mudaram visualmente na história da tecnologia. Para começar, quase todos usavam o modelo-padrão de gabinete: retangular e bege, quando não encardido pelo tempo.

Nem sempre é fácil evitar os gabinetes convencionais (Fonte da imagem: Tech Republic)

Hoje, há uma infinidade de modelos de gabinetes e muitos deles são personalizados com temas de games ou que remetem à cultura pop ou geek. Houve uma época, por exemplo, que o grande sonho de consumo de todo usuário de Linux era um gabinete em forma de pinguim. Felizmente, a ideia não se popularizou demais.

iMac Flower Power, um dos eletrônicos mais bregas de todos os tempos (Fonte da imagem: Reprodução/Apple)

Mesmo empresas conhecidas pelo bom gosto no design de seus produtos, como a Apple, passaram tanto pela fase “bege” quanto pela ousadia, digamos, equivocada. Apostando no modelo tudo em um, a Maçã lançou, durante o período de 1998 a 2003, os iMacs coloridos. Nada de errado com eles, apesar da aparência plástica. Entretando, a empresa apostou suas fichas em uma edição especial batizada de Flower Power e que foi, provavelmente, um dos computadores mais bregas de todos os tempos. Combina muito bem com o papel de parede florido da casa de muitas avós.

iLamp, mais um resultado do "Think Different", da Apple (Fonte da imagem: Reprodução/Apple)

Como se não bastasse, a Apple continuou pensando diferente demais e, em 2002, lançou mais uma pérola do design de eletrônicos: o iMac G4, que ficou conhecido popularmente como iLamp. Em português, o apelido poderia muito ser traduzido como “iBajur”.

Em compensação, não há quem não babe diante dos iMacs de hoje (Fonte da imagem: Divulgação/Apple)

Felizmente, tempos melhores vieram e a fase de experimentação da companhia encontrou uma etapa mais sóbria. Hoje, podemos encontrar os elegantes iMacs de alumínio com processadores Intel e, é claro, o minimalista Mac Mini, que, além de ocupar pouco espaço, possui design e acabamento bastante elegantes.

A evolução os computadores portáteis

Os notebooks também não ficaram de fora dessas maluquices da indústria. Começaram grandes e desajeitados e, até chegarem ao design elegante dos netbooks e ultrabooks de hoje, tiveram que passar por verdadeiras experiências estéticas.

Os primeiros modelos, aliás, eram portáteis apenas no nome: muito pesados e com uma tela ridiculamente pequena, esses computadores não tinham sequer HD, exigindo que os softwares fossem executados a partir de disquetes.

Osborne 1: o primeiro "portátil" do mundo (Fonte da imagem: History-Computers)

Para ter uma ideia do que estamos falando, o Osborne 1, lançado em 1981, pesava mais de 10 quilos e tinha uma tela de 5 polegadas menor do a de muitos smartphones de hoje. Esse é considerado o primeiro computador portátil a ser comercializado no mundo e tinha o tamanho aparente de uma máquina de costura. O preço? Cerca de US$ 1,7 mil (R$ 3,4 mil).

Em abril de 1982, a GRiD Systems lançou o primeiro notebook de verdade, muito mais portátil e com a estreia de um componente inédito no mercado: uma tela plana. Mesmo assim, a máquina pesava 4 quilos. E sete anos mais tarde, a Apple apresentou ao mundo o seu primeiro notebook, o Macintosh Portable, com bons gráficos, bateria que durava 10 horas e um grande problema: 7,1 quilos.

Macintosh Portable e Macbook G4: impossível não notar a evolução (Fonte da imagem: Wikipedia)

Obviamente, a Apple se redimiu com a evolução de sua linha ao lançar, em 2011, o Powerbook G4, com corpo de titânio e tela de 15 polegadas. Quase na mesma época, a Acer inovou e lançou o TravelMate C100, um notebook que se transformava em tablet, com direito a tela touchscreen.

Inovação foi o que não faltou nos anos seguintes e algumas foram bem esquisitas. Em termos de ideias equivocadas, não há como tirar o primeiro lugar do Xentex Flip-Pad Voyager. Basta ver a foto do modelo para perceber que algo estava errado ao tentar imaginar o futuro.

Nada pode ser mais esquisito do que o Xentex Flip-Pad Voyager... (Fonte da imagem: Wired)

Esse protótipo de notebook dobrável e com duas telas giratórias de 13,3 polegadas apareceu à venda no eBay em 2008 por US$ 99 (cerca de R$ 200) e, convenhamos, até que o preço é bem caro por esse trambolho. Mas não tanto quanto o valor do Voyager, nas lojas, no início dos anos 2000: US$ 5 mil (R$ 10,1 mil).

Gerações diferentes de netbooks: ASUS eeePC ao lado de um Toshiba Libretto, seu antecessor (Fonte da imagem: Wikipedia)

Felizmente, a indústria voltou aos designs mais sóbrios e investiu, principalmente, na redução de tamanho e peso das máquinas. Surgiram os netbooks, que tiveram sua origem com os aparelhos da série Libretto, da Toshiba, e os ultrabooks, que levaram o tamanho e a leveza ao extremo, tornando as máquinas ainda mais elegantes e fáceis de serem carregadas.

Os ancestrais dos tablets de hoje

Apesar de o iPad fazer muito sucesso hoje, a ideia de um dispositivo como esse já existia em 1968, quando Alan Kay apresentou o Dynabook, um tablet exclusivamente voltado para o uso por crianças.

Dynabook, protótipo de tablet da década de 60 (Fonte da imagem: Wikipedia)

Porém, foi apenas no fim do século 20 que o primeiro tablet comercial foi apresentado ao mundo. O Microsoft Tablet PC conquistou certo espaço entre funcionários de hospitais e em algumas atividades outdoor, mas não se popularizou a ponto de ameaçar o mercado de desktops.

Essa febre dos tablets só chegou mesmo em 2010, com o lançamento do iPad. Além de ter sido o primeiro sucesso de vendas mundial desse nicho, a Apple acabou abrindo espaço para que muitas outras marcas de eletrônicos entrassem na briga.

Tablets menores, como o Galaxy 7 (acima), têm conquistado prestígio no mercado (Fonte da imagem: Reprodução/Samsung)

Hoje, além dos tablets com telas de 10 polegadas, fazem sucesso também os modelos um pouco menores, de 7 polegadas, como o Nexus 7. Esses aparelhos têm sido tão aceitos pelos consumidores que rumores fortes indicam que a Apple deve lançar, em breve, uma versão mini do seu tablet.

Celulares “futuristas” e esquisitos

Para terminar, há um verdadeiro mutante do design industrial nos bolsos de todos nós: o celular. São todos modelos lançados mensalmente que fica até difícil condensar as mudanças em poucos parágrafos. Mas o que ninguém esquece é que, quando a telefonia móvel começou a se popularizar, o aparelho acabou conhecido popularmente como “tijolar”.

"Alô? Oi, querida. Sim, estou usando meu DynaTAC!" (Fonte da imagem: Wikipedia)

E não há como negar que ele era muito grande e desajeitado. O Motorola DynaTAC 8000X, de 1983, ilustra bem esse exemplo. Além das dimensões exageradas, a bateria do aparelho aguentava apenas 30 minutos de conversação e 8 horas em espera. Esse é considerado o primeiro celular a ser comercializado no mundo e foi lançado ao preço exorbitante de US$ 3,9 mil (R$ 7,9 mil).

A partir de 1990, o celular começou a ficar um pouco mais atraente: alguns modelos apresentavam dimensões reduzidas, mas continuavam com visual muito grosseiro. O NEC P3, por exemplo, era um modelo japonês bastante avançado para a época e só os mais ricos possuíam um aparelho desses.

NEC P3 reduziu tamanho da antena, mas cantos eram retos demais (Fonte da imagem: Retrofones)

Entretanto, se analisarmos, o telefone tinha cantos bem retos, algo impensável no design de hoje. Além disso, o aparelho era conhecido pela sua resiliência: podia cair do terceiro ou quarto andar de um prédio e, ainda assim, continuar funcionando.

Flip e teclados QWERTY

Outra mudança significativa no visual dos telefones celulares foi a introdução do modelo flip, inaugurado com o Motorola 8200, em 1995. Nesse período, a antena do aparelho continuava sendo externa, mas já tinha tamanho menor e incomodava menos no bolso. O display continuava sendo um de LED e com pouquíssimas linhas.

Em 1996, foi a vez de uma empresa finlandesa aparecer para revolucionar o mercado. A Nokia apareceu com o 2110, telefone com dot matrix display, antena mais poderosa e bem menor e, desde já, entregando a resistência que tornou seus aparelhos famosos.

Motorola StarTAC foi o primeiro com modelo clamshell (concha) (Fonte da imagem: Wikipedia)

O modelo com flip evoluiu bastante com o Motorola StarTAC, no mesmo ano, exibindo curvas que nenhum aparelho tinha e uma antena retrátil que tornava tudo ainda mais compacto. E, em 1997, a Nokia lançou a Communicator Series, primeira linha de smartphones do mundo e equipados com chip 386 da Intel. Destaque também para o teclado QWERTY.

Câmera e design futurista levaram o Nokia 7650 às telas do cinema (Fonte da imagem: How Dude)

Depois disso, os tamanhos foram reduzindo ainda mais e novas funcionalidades foram agregadas ao aparelho. O Nokia 7650 foi um dos primeiros celulares a apresentar câmera embutida e chegou até mesmo a aparecer no filme “Minority Report”.

O patinho feio da Nokia

As telas sensíveis ao toque também começaram a se consolidar durante o mesmo período, aparecendo em modelos como o Ericsson R380 (2000) e Sony Ericsson P800 (2002). E modelos esquisitos também surgiram, como o N-Gage, celular da Nokia que prometia ser um verdadeiro video game de bolso.

N-Gage e sua característica forma de uso (Fonte da imagem: Know Your Meme)

A ideia era muito boa, não fosse o fato de o consumidor ter que segurar o telefone de uma maneira completamente esquisita na hora de falar. Na época, a ideia foi tão mal recebida que gerou até uma espécie de meme na internet, com pessoas imitando o jeito de falar no N-Gage com objetos do dia a dia, como grampeadores, sapatos e até tijolos.

A geração atual

Depois disso, a prioridade começou a ser a resolução e dimensão das telas dos aparelhos e, em 2007, a Apple, mais uma vez, revolucionou o mercado com um aparelho incrível: o iPhone, que atualmente se encontra na quinta geração. Desde então, os aparelhos entraram em uma nova época, cada vez com telas melhores, maiores e mais sensíveis, além de uma variedade enorme de recursos.

O design dos celulares mudou muito desde o DynaTAC, não acham? (Fonte da imagem: Wikipedia)

Ao ver os smartphones de hoje, como o Galaxy S3 ou o próprio iPhone 5, fica difícil acreditar que, no início, esse tipo de aparelho era gigante e feio como Motorola DynaTAC 8000X.

Fontes: Ugly Gadgets, CRN, Switched, Seattle Times, Know Your MemeWebdesigner DepotSlickZine

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