Quando um pai de família irresponsável e afundado em dívidas decide assaltar um carro, o que parecia um crime simples rapidamente se transforma em um sequestro brutal e inesperado. Confinado, dirigido por David Yarovesky e com produção de Sam Saimi, é um suspense previsível, mas que consegue prender a atenção em alguns momentos.
Estrelado por Bill Skarsgård e Anthony Hopkins, o filme propõe um debate moral e, em certa medida, de classes, dentro de uma narrativa claustrofóbica e um tanto repetitiva.
Sinopse interessante e ambiciosa
Na trama, Skarsgård interpreta Eddie Barrish, um malandro que tenta recuperar seu carro retido na oficina, mas não consegue pagar pelo conserto. Ao mesmo tempo, falha em cumprir uma tarefa simples: buscar sua filha na escola. Sem alternativas e pressionado pelas circunstâncias, Eddie decide recorrer a meios ilícitos para conseguir o dinheiro que precisa. É assim que ele passa a vagar pela cidade, à procura de um carro destrancado que possa facilitar o roubo.
Quando se depara com um SUV de luxo destrancado em um estacionamento, Eddie vê ali a chance perfeita para cometer o roubo. No entanto, assim que entra no veículo, percebe que algo está errado: as portas se trancam automaticamente, impedindo sua saída, e o painel multimídia acende com uma chamada vinda de um contato enigmático escrito “Me Atenda”. Do outro lado da linha, William (Anthony Hopkins) se apresenta como dono do veículo e revela as motivações por trás do sequestro do invasor de seu veículo.
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Nada de novo sob o sol
Com uma premissa simples, Confinado é uma adaptação do filme argentino 4x4, dirigido por Mariano Cohn — obra que, inclusive, já ganhou uma versão brasileira em 2022 intitulada A Jaula, estrelada por Chay Suede e Alexandre Nero.
Ao longo de todo o filme, Confinado tenta se posicionar como algo além de um simples thriller de ação. Isso se evidencia tanto na escolha de Anthony Hopkins, eternizado por O Silêncio dos Inocentes, quanto no roteiro, que busca destacar os contrastes de classe e inverter os papéis tradicionais de vítima e algoz.
Em um de seus momentos mais intensos, Eddie entrega um monólogo que revela sua revolta com um sistema que, segundo ele, oprime os menos favorecidos e os empurra para escolhas desesperadas. O que justificaria, segundo ele, sua tentativa frustrada de roubo e a relação de poder estabelecida pelo William (um homem rico e de classe alta) sobre ele (um homem de classe inferior).
Do outro lado, William sustenta um discurso implacável, baseado na lógica meritocrática e no princípio de que “aqui se faz, aqui se paga”, mesmo que quem esteja pagando não necessariamente seja o mesmo que tenha cometido um delito, mas que representa a mesma classe dos que, geralmente, o cometem.
Um thriller que gira em círculos
Confinado tem pouco a oferecer. Ao longo de seus 90 minutos, o espectador acompanha uma trama repetitiva que, com facilidade, poderia ter sido condensada em um curta-metragem. Nem mesmo o elenco estrelado consegue adicionar camadas significativas à narrativa, que só tenta fugir do óbvio no terceiro ato, mas, ainda assim, de forma previsível até para os menos atentos.