Música: até quando será possível criar algo novo?

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Músicas são algo que não faltam neste mundo. Para que você tenha uma ideia, só no iTunes existem 28 milhões delas, e outros serviços contam com ainda mais canções, como é o caso do last.fm, com 45 milhões. Aliás, se você acha pouco, pode encontrar uma lista com 130 milhões de títulos no gracenote que, se for transformada em uma única playlist, para ser reproduzida ininterruptamente, a relação levaria 1.200 anos para ser escutada.

É um número absurdo, não é mesmo? Mas, apesar disso, será que um dia chegaremos ao ponto no qual todas as combinações de notas musicais imagináveis já terão sido criadas e seja impossível inventar uma melodia nova?

Se você parar para pensar, existem inúmeras músicas que parecem extremamente familiares, com vários acordes parecidos. Você duvida? Confira as comparações feitas pelo site Sounds Just Like ou o vídeo abaixo, produzido pelo pessoal do The Axis of Awesome, que traz nada menos que 47 canções diferentes tocadas com apenas quatro acordes:

Música e matemática

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A verdade é que o ouvido humano apenas consegue distinguir um determinado número de notas musicais e, apesar da gigantesca quantidade de possibilidades de combinações possíveis entre elas, o resultado dessa “matemática musical” é um número finito.

O pessoal do canal Vsauce do YouTube, que adora explicar fatos cotidianos através da matemática, decidiu averiguar se algum dia as possibilidades de combinações entre as notas musicais poderão ser esgotadas, e os números aos quais eles chegaram são difíceis de imaginar. Para um dos cálculos que eles realizaram, foram considerados arquivos digitais de música com cinco minutos de duração.

As canções digitais são compostas por milhares de dígitos binários — ou bits — que, por sua vez, apresentam apenas duas formas: 0 e 1. De acordo com as estimativas, um arquivo de música com apenas cinco minutos conta com 211 milhões de bits. Assim, considerando que esses dígitos assumem apenas duas formas (0 e 1), isso significa que temos 2211.000.000 de possibilidades diferentes para combinar os bits e criar melodias distintas.

E esse número é grande o suficiente?

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Para que você tenha uma ideia da quantidade de possibilidades, o número de átomos presentes em uma única gota de água conta com 22 dígitos, enquanto o número de átomos que compõem todo o nosso planeta inteiro conta com 50. Já o número estimado de átomos de hidrogênio presentes no Universo apresenta 80 dígitos, e a continha acima, dos 2211.000.000, resulta em um número com 63 milhões de dígitos!

Outro cálculo envolveu o número total de melodias que poderiam ser criadas a partir de uma oitava — 123.511.210.975.209.861.511.554.928.715.787.036 de possibilidades —, e até uma estimativa considerando a produção de 100 músicos criando uma nova melodia por segundo (eles levariam 248 anos para esgotar todas as possibilidades de combinação existentes). Ainda assim, o número resultante é muito maior do que o número total de músicas das quais temos conhecimento.

Nada se cria, tudo se remixa

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Então, se o número de possibilidades de novas combinações pode ser considerado como praticamente inesgotável, por que tantas canções são parecidas? Aparentemente, isso ocorre porque gostamos de padrões bem determinados, preferindo alguns acordes a outros. O nosso cérebro está programado para não apreciar algo que foge muito daquilo ao qual estamos acostumados, ao que já existe em termos de música.

Além disso, é muito difícil que uma nova melodia não sofra com a influência do que já foi inventado anteriormente. Mesmo considerando as letras das canções, existem muitas similaridades. Afinal, com as palavras também existe um número finito de combinações — que rimam —, e aqui ainda existe o aspecto de como elas se encaixam nas melodias de forma que não comprometam o ritmo.

Tudo isso interfere na criação de canções novas, e é por essa razão que muitas vezes o mais novo sucesso das paradas nos recorda tanto aquela canção do passado. Assim, pouco importa se a matemática consegue demonstrar que na hora de criar uma música inédita dispomos de uma fonte quase inesgotável de possibilidades. Normalmente vamos preferir algo que soe mais familiar.

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