2017: o ano em que a Fox brilhou nas adaptações de quadrinhos

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Desde os anos 2000, a 20th Century Fox é responsável por produzir adaptações de histórias em quadrinhos para as telonas. O primeiro longa dos X-Men, dirigido por Bryan Singer, pode parecer tosco em comparação com alguns filmes de super-heróis atuais, entretanto ele foi essencial para criar o alicerce desse subgênero que tanto se consolidou nas duas últimas décadas. Apesar disso, o estúdio cometeu vários erros de direcionamento da franquia mutante com o passar dos anos, o que diminuiu consideravelmente até o lucro das bilheterias. Felizmente, as coisas mudaram, e 2017 trouxe um ar fresco ao apresentar The Gifted, Legion e Logan.

Ironicamente, não foi um homo superior que mudou os rumos do universo mutante, mas sim um Mercenário Tagarela. Deadpool foi uma das maiores adaptações positivas de 2016, o que rendeu até mesmo uma indicação de Melhor Ator de Comédia para Ryan Reynolds no Globo de Ouro daquele ano. O longa teve um custo de 58 milhões de dólares e arrecadou mais de 783 milhões ao redor do globo, gerando mais lucro do que qualquer outra produção dosX-Men nas telonas, mesmo tendo classificação indicativa para maiores de 18 anos de idade.

Esse resultado positivo financeiramente, que depois não foi atingido por X-Men: Apocalipse, criou ainda mais a sensação de que o estúdio estava administrando mal o universo rico que há nas mãos da empresa, e novas possibilidades poderiam ser usufruídas, desde que não se limitassem às aventuras envolvendo apenas os alunos superdotados do Professor Xavier.

Logan abriu as portas para as novas temáticas do universo mutante. Sendo a despedida de Hugh Jackman do papel de Wolverine — que ele interpretou muito bem até mesmo quando os roteiros não colaboravam, como nos seus filmes solos anteriores —, a produção teve o aval do estúdio para mostrar o carcaju usando suas garras de adamantium com todo o potencial possível de sanguinolência. O diretor James Mangold deu o tom de western e road movie de que a trama precisava e conseguiu o desfecho mais digno possível que o ator australiano poderia ter para um personagem interpretado por quase duas décadas.

Legion foi ainda mais fundo nas possibilidades que a Fox demorou para perceber que poderia explorar. O protagonista é David Haller, mutante superpoderoso que possui várias personalidades, o que o torna ainda mais perigoso, já que o controle sobre si mesmo é uma das suas maiores dificuldades. O roteiro aproveita as insanidades que a mente do personagem pode imaginar e potencializa ao extremo conforme a narrativa se mostra ainda mais incomum do que é habitual para o subgênero, principalmente na televisão. Dan Stevens e Aubrey Plaza são um show à parte pelas atuações brilhantes em papéis que exigem deles constantemente.

The Gifted é a mais "pé no chão" das novidades, porém a que mais entende o alicerce das histórias criadas por Stan Lee na década de 60. Os mutantes sempre foram as párias daquela sociedade: malvistos, discriminados e caçados pelos humanos que não os veem como iguais. A série de televisão abraça o conceito e mostra como a família Strucker precisa lidar com a recente descoberta de que os dois filhos são homo superior. Para aumentar o drama, o pai dos jovens é um dos responsáveis pelas caças aos mutantes. Enquanto as telonas perderam a força no conceito de preconceito que os X-Men sofrem, a televisão mostrou por que isso é um elemento tão relevante para esse tipo de trama.

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Enquanto isso, os X-Men estão presos na mesmice. O próximo longa da franquia vai revisitar um dos maiores clássicos da Marvel, A Saga da Fênix Negra, que já foi a base de O Confronto Final. Dessa vez, a trama dos quadrinhos parece mais respeitada na nova adaptação, já que os alienígenas Shi’ar farão parte. Em compensação, não há esperança por parte dos fãs nem da crítica especializada de que o filme possa trazer algo realmente novo para as aventuras dos alunos do Professor Xavier. Falta renovação, mas o estúdio trata essas produções como os blockbusters mais comuns e de fácil acesso ao público, mesmo que a bilheteria não seja tão virtuosa quanto as da Marvel Studios e da Warner Bros.

Apesar disso, é respeitável o que a Fox já mostrou no primeiro trailer da adaptação de Novos Mutantes. Transformar o que seria um mero longa de super-herói em terror é uma decisão corajosa, já que isso apresenta uma premissa totalmente diferente para algo que já possui uma fórmula muito simples. Josh Boone parece entender os personagens principais dessa equipe, mesmo os colocando em uma atmosfera mais horripilante. Além disso, o elenco já chama atenção pelas ótimas Maisie Williams e Anya-Taylor Joy.

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Com um misto de sensações de futuro promissor e inesperado, ainda mais com a Disney querendo comprar parte da Fox, o estúdio mostra que o universo mutante consegue render boas histórias, receber elogios tanto do público quanto da crítica e ainda respeitar os fãs dos quadrinhos, mesmo que suas produções não tenham tanta repercussão quanto as adaptações da DC ou da Marvel Studios. Por ironia do destino, o estúdio vanguardista dos anos 2000 para os super-heróis ganhou características indie nos dias de hoje.

Este texto foi escrito por Gustavo Rodrigues via N-experts.

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