Os Últimos Jedi é o mais diferente – e talvez melhor – Star Wars até hoje (crítica)

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A saga Star Wars finalmente teve seu novo capítulo contado: dois anos após o lançamento de O Despertar da Força, também conhecido como Episódio VII e primeiro volume na nova trilogia, chegamos ao aguardado Os Últimos Jedi, a parte intermediária que solucionou uma série de mistérios propostos pelo capítulo anterior e deixou em aberto o futuro não apenas da Ordem Jedi, mas de praticamente todos os personagens com os quais nos importamos tanto na franquia.

Em primeiro lugar, Os Últimos Jedi é um filme grandioso, tanto em composição quanto em duração: com 2 horas e 32 minutos de duração, ele parece ser ainda mais comprido (e não apenas por ter acabado quase às 3h da manhã e termos que trabalhar cedo no dia seguinte). Como eu gosto de começar pelas partes negativas para concluir apenas com o que é realmente bom (que ultrapassa em muito o que não é tão legal), vamos falar primeiro do ritmo do filme, que peca um pouco, principalmente em comparação comO Despertar da Força.

https://img1.ibxk.com.br/2017/12/14/rey-14103420177060.jpg?w=700" alt="rey" style="vertical-align: middle; height: auto;Rey encontra Luke Skywalker

Desequilíbrio na Força?

A impressão que temos ao sair do cinema após verOs Últimos Jedi é de que nos arrastamos lentamente pela primeira metade do filme, com uma construção um pouco morna de diversos clímax para a trama e, na segunda parte, somos bombardeados por revelações surpreendentes (cuidado com os spoilers, eles podem tirar um pouco da graça) e por uma sequência de “muitos finais”, um atrás do outro, quase como acontece em O Retorno do Rei, última parte da trilogia O Senhor dos Anéis.

Não que isso tudo seja necessariamente ruim, mas a direção de Rian Johnson nos deixa com uma sensação um pouco estranha: enquanto O Despertar da Força é homogêneo em seu desenvolvimento, Os Últimos Jedi passa quase 1 hora e meia criando expectativas sem sair muito do lugar e, de repente, derruba uma avalanche de sequências de tirar o fôlego. Meu coração já acelerado pelos mls de energético que consumi para me manter acordado durante a madrugada teve um belo de um trabalho na hora final do filme.

https://img2.ibxk.com.br/2017/12/14/luke-14103324147059.jpg?w=700" alt="luke" style="vertical-align: middle; height: auto;Luke Skywalker

Vamos ao que mais importa

Encerrada a pequena parte negativa sobre o filme, o resto é um show de encher os olhos. Como todo segundo filme de uma sequência, temos a vantagem de já conhecermos bem os personagens novos e ainda ter muito espaço em branco para ser preenchido com suas histórias – é exatamente isso que acontece em Os Últimos Jedi: Rey (Daisy Ridley), Finn (John Boyega) e Poe Dameron (Oscar Isaac), os três pilares principais da nova trilogia, dividem magistralmente o espaço que têm no filme, aprofundando ainda mais suas personalidades marcantes.

O lado escuro da coisa toda também vai bastante bem: Kylo Ren (Adam Driver) – que já me agradava bastante desde O Despertar da Força – está infinitamente melhor no novo filme. General Hux (Domhnall Gleeson) ganha um espaço inesperado e agradavelmente maior do que no antecessor e finalmente podemos colocar os olhos em um Supremo Líder Snoke (Andy Serkis) de carne e osso.

Como já é de se imaginar, levando em conta o final de O Despertar da Força, Luke Skywalker (Mark Hamill) finalmente ganha seu merecido espaço na nova trilogia e tem, obviamente, uma importância enorme no desenrolar da trama. A general (ou princesa, para quem preferir) Leia (Carrie Fisher) está ainda mais majestosa, sábia e maternal em cenas que vão encher os olhos d’água dos mais emocionados, especialmente pela triste partida prematura da adorada Fisher no fim do ano passado.

https://img3.ibxk.com.br/2017/12/14/star-wars-vilao-14103128382057.jpg?w=700" alt="star wars vilao" style="vertical-align: middle; height: auto;General Hux, Kylo Ren e Capitã Phasma

Igual, só que diferente

Talvez o que mais chame atenção dos fãs de Star Wars que estão acostumados com a narrativa clássica dos outros filmes seja a linha anormalmente tênue que separa o bem e o mal, e por isso afirmo que esse é o capítulo mais diferente da franquia. Em diversos momentos da película, você se encontra questionando lealdades ou surpreso com certas atitudes inesperadas tanto de vilões quanto de mocinhos.

O tempo todo você pode se surpreender com as atitudes dos personagens, que se distanciam muito do tradicional maniqueísmo da trilogia original ou mesmo dos Episódios I, II e III, mesmo levando em conta que neles existem “mudanças de lado” ou pelo menos a tentação em fazer isso. A diferença é que em Os Últimos Jedi tudo é muito mais sutil, mais humano, mais propenso à falha e, portanto, mais realista. Nenhuma outra parte da franquia deixa o espectador tão confuso (no melhor dos sentidos) quanto esse Episódio VIII.

Além disso, Os Últimos Jedi é definitivamente um filme muito mais engraçado do que qualquer outro da franquia, ou, pelo menos, que tirou gargalhadas dos espectadores mais facilmente e com mais frequência. Pode ser que isso incomode um pouco alguns fãs que buscam uma seriedade grande demais nos filmes, ou que pelo menos prezam por um equilíbrio maior entre o drama e o alívio cômico.

https://img1.ibxk.com.br/2017/12/14/finn-14103529192061.jpg?w=700" alt="finn" style="vertical-align: middle; height: auto;Finn enfrenta Phasma

Porém, quando lembramos da trilogia clássica e de cenas leves, como a cantina em Uma Nova Esperança, a interação entre Han Solo e Chewbacca (que deixa saudades), as loucuras de um Yoda senil em O Império Contra-Ataca e as trapalhadas feitas pelos adoráveis Ewoks em O Retorno de Jedi, um pouco dessa intenção original da franquia é reencontrada: divertir, mesmo que, em certos momentos, seja apenas fazendo rir.

Ação de melhor qualidade

As cenas de ação são absolutamente estonteantes! Espere batalhas espaciais como você nunca viu antes, lutas mano a mano de tirar o fôlego, sequências de ação que vão deixar você sentado na pontinha da cadeira do cinema. A direção de arte e a fotografia de Os Últimos Jedi são impecáveis, e certamente os lugares, paisagens, criaturas, espaçonaves e outros elementos introduzidos nesse episódio vão entrar para o panteão de clássicos da franquia sem a menor dificuldade.

É muito difícil dizer se Os Últimos Jedi é o melhor episódio da franquia, não porque ele seja fraco – muito pelo contrário –, mas porque a concorrência é enorme. Talvez, daqui a alguns dias, quando todas as informações estiverem devidamente sedimentadas, seja mais fácil dar um veredito definitivo. Por enquanto, posso falar sem medo de errar que ele com certeza está no top 3 de toda a saga com uma diferença milimétrica para os outros favoritos.

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Agora é sentar e esperar mais alguns meses para o próximo filme do universo Star Wars: o spin-off Solo: Uma História Star Wars, que conta a história do jovem Han Solo e tem estreia prevista para 25 de maio de 2018. O próximo capítulo da trilogia – que ainda não tem título definido – deve sair nos cinemas apenas em 20 de dezembro de 2019.


Este texto foi escrito por Rafael Farinaccio via Tecmundo.

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