Raio Negro traz a seriedade que faltava às séries da DC

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A emissora CW é o grande lar das séries baseadas nos heróis da DC Comics, gerando um universo conhecido popularmente como Arrowverse, já que a adaptação do Arqueiro Verde foi a que deu início a isso tudo. O sucesso dessas produções permitiu ao canal investir em mais projetos de super-heróis, criando coragem até mesmo de escolher Raio Negro como protagonista de um programa, mesmo que o personagem seja pouco conhecido pelos quadrinhos da editora. Entretanto, com poucos episódios percebe-se que a produção é muito maior do que uma pessoa usando seus poderes elétricos para salvar o dia, o que a torna mais interessante pelo contexto dramático do que pela ação.

Na trama acompanhamos a vida de Jefferson Pierce (Cress Williams), outrora detentor do manto de Raio Negro, herói que lutava pelos moradores da comunidade de Freeland quando a polícia não era capaz de fazer o melhor para as pessoas. Hoje, ele é um diretor escolar de sucesso que usa seu cargo como diferencial para melhorar a vida de sua comunidade, mas talvez não seja o suficiente para combater a crescente criminalidade pela região, então revive seu alter ego, mesmo contra a própria vontade.

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A premissa da série é por si só muito maior do que a jornada de um herói lidando com seus poderes. Mesmo que o protagonista seja o enfoque daquilo tudo e o responsável por trazer tantas mudanças para Freeland, a narrativa não lida apenas com os problemas pessoais dele, pois mostra o que acontece na comunidade, principalmente quanto ao racismo em relação aos negros. A temática chama atenção no seu primeiro episódio na forma como os policiais brancos param indevidamente Jefferson Pierce, mesmo que nenhum dos indícios do delito em uma loja local pudesse o colocar como suspeito.

Ao mesmo tempo que dá espaço para trabalhar os temas sociais que são importantes para a produção, o roteiro ainda se preocupa em construir seu universo. Como a série não tem ligação com o Arrowverse, ela é fundada a partir do zero, precisando de elementos básicos que estruturem a história. Isso acontece com o rápido flashback do Raio Negro, no qual ele aparece usando um uniforme que lembra a versão dos quadrinhos, com as palavras do mentor Peter Gambi (James Remar) ou com as lembranças tristes de Lynn (Christine Adams) para a vida heroica do ex-marido. Essa contextualização também mostra que há outros personagens com poderes que devem ser desenvolvidos no decorrer da temporada e apresenta quem traz a vilania da história.

O ponto mais fraco de toda a produção são as cenas de ação mal dirigidas e atuadas. Os enquadramentos não ajudam a dar grandiosidade ao que está acontecendo, muito menos causar algum tipo de impacto. Os atores não parecem estar realmente preparados para os movimentos de combate, o que gera aquela sensação de movimentação falsa ou imprecisa. Essa combinação de execuções fracas colabora para a percepção de certa cafonice na parte heroica da série.

A abordagem dada pelos criadores da série, Salim Akil e Mara Brock Akil, à trama da produção é o que a torna totalmente diferente das outras da emissora CW com os super-heróis da DC Comics. Muito mais do que defender as pessoas por causa dos superpoderes que adquiriu, a história se preocupa em questionar os caminhos que o protagonista toma para melhorar a sua comunidade, seja como herói ou diretor escolar, além de dar espaço aos questionamentos necessários sobre racismo contra os negros. Enquanto a série conseguir utilizar esses elementos sociais com a maturidade dos episódios iniciais, ela tende a ser relevante, mas é urgente a melhoria nas cenas de ação; caso contrário, o público que não se identifica com a temática do subtexto pode abandoná-la.

Raio Negro (Black Lightning) tem seus episódios transmitidos toda terça-feira pela CW e chegam sete dias depois ao catálogo da Netflix.

Este texto foi escrito por Gustavo Rodrigues via n-Experts.

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