Quentin Tarantino explica sua versão sobre o acidente com Uma Thurman

Na última semana, a atriz Uma Thurman deu uma entrevista ao The New York Times contando sobre os assédios que sofreu nas mãos de Harvey Weinstein e o acidente de carro durante as filmagens de Kill Bill. Nessa entrevista, ela não atribui a culpa do acidente a Tarantino, mas aos produtores do longa que a forçaram a fazer a cena. Desde então, o diretor vem sendo cobrado a dar sua versão.

Em uma extensa entrevista ao site Deadline, Tarantino explicou os motivos que o levaram a gravar a cena e seu apoio à Uma para revelar o vídeo das filmagens e os abusos que ela sofreu. “É o maior arrependimento da minha vida tê-la colocado para fazer essa cena”, declarou Quentin Tarantino.

O diretor foi acusado de ter forçado Uma Thurman a fazer acena com gritos e ameaças contra ela. Por isso, Tarantino fez questão de explicar todo o processo de passar segurança para a atriz conseguir gravar a cena: Uma realmente não queria fazer a cena, pois achava o caminho perigoso; então ele fez o trajeto dirigindo o carro com ela de acompanhante para mostrar que se tratava de uma cena simples.

A atriz voltou para o seu trailer ainda com receio de dirigir o carro, então o diretor foi até lá conversar e encorajar Uma a fazer a cena, mas sem nenhuma pressão ou ameaça de fato. Ele garante isso, pois a maquiadora pessoal dela, Ilona Herman, estava junto e pode ser usada como testemunha do caso. Tarantino ainda garantiu que a atriz só aceitou fazer a cena por confiar nele.

O diretor acredita que a causa do acidente foi trocar o sentido em que ela dirigiria o carro. Eles testaram em uma linha reta, mas na hora de gravar foi feito ao contrário, e havia uma pequena curva que o diretor não percebeu:

“Foi exatamente o que aconteceu. Eu pensei que uma estrada reta era uma estrada reta, então não seria preciso percorrer a estrada novamente para ter certeza de que não havia diferença entre sentidos. É um dos maiores arrependimentos da minha vida. Como diretor, você aprende coisas, e às vezes aprende com erros horríveis. Esse foi um dos meus piores erros: não dedicar um pouco de tempo a percorrer a estrada novamente por ter certeza de que veria a mesma coisa.”

Logo após a gravação, Uma Thurman foi levada ao hospital, e, de acordo com Quentin Tarantino, a confiança que ela tinha em relação a ele tinha acabado ali.

Desde então, os dois conversavam bem pouco, mas isso mudou no ano passado, quando Tarantino incentivou Uma Thurman a revelar os assédios que sofreu e fez questão de localizar a fita com as filmagens do acidente. O diretor disse que a atriz o procurou para ter a gravação para poder processar os produtores e as pessoas que tentaram encobrir o acidente:

“Eu tinha que achar, 15 anos depois. Passamos por diversos armazéns revirando caixas, e finalmente Shannon McIntosh [produtora parceira do diretor] a encontrou. Não pensei que conseguiríamos. Nela estava tudo claro: mostra o acidente e as consequências. Fiquei feliz em entregá-la para Uma.”

Além disso, Tarantino explicou que, pouco antes das gravações de Kill Bill, Uma Thurman conversou com ele sobre os abusos sofridos nas mãos de Weinstein. O diretor logo ligou isso às histórias que sua namorada, Mira Sorvino, havia lhe contado. Repetindo o que afirmou em uma entrevista ao The New York Times no ano passado, ele disse que poderia ter feito mais do que de fato fez. Contudo, garante que confrontou o produtor ao ouvir as histórias de Uma e exigiu que ele se desculpasse com a atriz para poder fazer os filmes.

No final, Quentin Tarantino explica que a relação entre os dois continua muito boa; inclusive, após a matéria sobre Uma Thurman ter saído, a atriz ficou extremamente preocupada com a situação do diretor por causa dos ataques que ele passou a sofrer. Ela lhe contou que a intenção nunca foi atingi-lo, mas sim as pessoas que tentaram esconder o acidente (Harvey Weinstein, Lawrence Bender e Bennett Walsh) e que ela ficou mal ao saber da repercussão.

Este texto foi escrito por Pedro Henrique via n-Experts.