Descubra o que é verdade e o que é ficção em Chernobyl

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A série de enorme sucesso, Chernobyl, da HBO, reconta o maior acidente nuclear da história da humanidade, ocorrido na (então) União Soviética, em 1986. Na época, devido às tensões entre URSS e Estados Unidos — que ainda se encontravam em meio à Guerra Fria —, o desastre foi pouco divulgado.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11203945012239.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11203945012239.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Imagem real da usina (Reprodução/Rare Historical Photos)

As autoridades soviéticas trabalharam com afinco para abafar e minimizar a magnitude do que aconteceu em Chernobyl. Tanto que, até hoje, cientistas de diversas áreas tentam mensurar as consequências da catástrofe. Não se sabe, por exemplo, qual é o número real de vítimas, quantas pessoas permaneceram na área de exclusão após as ordens de evacuação nem quais foram, exatamente, os efeitos para a saúde daqueles que foram expostos à radiação.

Segundo dados oficiais, 31 pessoas morreram em consequência direta do acidente, outras 15 por causas indiretas e mais de 6 mil desenvolveram câncer de tireoide. Entretanto, estimativas apontam que o número de afetados podem ter chegado a centenas de milhares. O que se sabe, de fato, é que, após explodir, o núcleo do reator 4 ficou exposto e lançou imensas quantidades de material radioativo na atmosfera, contaminando não só o abastecimento de água e a vegetação de toda a região como também expondo a população das proximidades a níveis superelevados de radiação.

Relatos de quem viveu a tragédia de perto são conflitantes, por isso Craig Mazin, produtor e roteirista da série, disse ter sido o mais cauteloso possível na hora de reunir o material para recontar a história. Mas o que realmente é fato e o que é ficção na série? Confira alguns pontos a seguir.

O acidente com o helicóptero

Houve um acidente de helicóptero, sim, mas não como é mostrado na série. Na realidade, o desastre se deu meses depois de o incêndio em Chernobyl ser controlado; e, apesar de as condições serem imprevisíveis sobre o reator, a queda ocorreu após uma das hélices colidir com um guindaste montado no local.

Existem imagens reais do evento, e elas seriam inclusive mais dramáticas do que as da ficção, mas os produtores decidiram mudar a cronologia dos acontecimentos para que o público tivesse noção dos perigos aos quais as equipes foram expostas.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204119400240.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204119400240.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Não foi bem assim… (Reprodução/Rare Historical Photos)

Soviéticos desistiram de robôs e usaram mão de obra humana para remover escombros radioativos

Isso aconteceu de verdade e as fotos reais capturadas durante os trabalhos de limpeza mostram que a série retratou essa passagem de forma assustadoramente fiel. Veja um registro da época, no qual é possível notar os efeitos da radiação até no filme fotográfico.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204315305241.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204315305241.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;(Reprodução/Rare Historical Photos)

Os soviéticos, conscientes dos riscos envolvidos na tarefa, tentaram usar robôs que pudessem ser controlados remotamente, mas, como os equipamentos não sobreviviam à radiação, as autoridades tiveram que recrutar humanos para o trabalho. O pior é que os EUA dispunham de tecnologia capaz de ajudar na descontaminação, mas, por conta das tensões entre as nações, os soviéticos preferiram confiar a missão a seus homens, que removeram cerca de 100 toneladas de material contaminado da área.

Esquadrões incumbidos de matar animais na área contaminada

Infelizmente, essa é mais uma das partes em que a série é fiel ao que ocorreu, e, sim, os animais silvestres, assim como os pets deixados para trás, tiveram de ser sacrificados. Cerca de 36 horas depois da explosão em Chernobyl, os moradores de Pripyat, a cidade que se encontrava nas proximidades da usina, receberam ordens de evacuar o local e tiveram apenas 50 minutos para recolher alguns pertences e partir.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204601958242.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204601958242.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;(Reprodução/Inverse)

Na verdade, os residentes pensaram que se tratava de uma evacuação temporária e que voltariam 3 dias mais tarde; as pessoas não sabiam que se tratava de algo permanente e ninguém pôde levar seus bichinhos de estimação. A grande maioria dos animais foi eliminada para evitar que a contaminação se espalhasse, mas muitos acabaram escapando, embora hoje em dia a sobrevida média seja de 6 anos por causa da radiação.

Chernobyl liberou duas vezes mais radiação por hora do que a bomba de Hiroshima

Embora essa informação tenha surgido na série, é difícil comparar a exposição à radiação nesses dois eventos. Isso porque quando uma bomba nuclear explode, como foi o caso de Hiroshima, os efeitos são mais imediatos e o impacto da exposição depende da distância que as vítimas se encontram da explosão. Já em Chernobyl, a radiação foi lançada na atmosfera, espalhou-se e a contaminação perdurou (e perdurará!) por um longo período de tempo.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204702597244.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204702597244.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;(Reprodução/HBO)

A explosão que ocorreria se o material chegasse ao lençol freático

Depois da explosão principal, um dos cientistas envolvidos nas iniciativas para controlar a situação (na série, Ulana Khomyuk) alertou as autoridades sobre o risco de que ocorresse outra tragédia se o material radioativo chegasse ao lençol freático. Segundo informações, o vapor resultante geraria uma explosão com força estimada entre 2 e 4 megatons que causaria a destruição de Kiev (capital da Ucrânia), parte de Minsk (capital da Bielorrússia) e contaminaria seriamente uma porção de países.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204757799245.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204757799245.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Sala de controle antes do acidente (Reprodução/Rare Historical Photos)

Contudo, esse era um dos cenários hipotéticos do que poderia acontecer se todo o material contido no reator 4 atingisse a camada de água ao mesmo tempo. Contudo, o derretimento do conteúdo jamais ocorreria de forma homogênea, o que significa que a sequência foi incluída na série como um elemento dramático.

Quem foi Ulana Khomyuk

Embora a física nuclear interpretada por Emily Watson seja um dos personagens centrais da série, Ulana Khomyuk representa uma fusão dos cientistas e especialistas que participaram das operações de descontaminação de Chernobyl. Conforme explicou Mazin, os soviéticos eram muito mais progressistas do que os ocidentais na época e havia muitas mulheres inseridas em diferentes áreas da ciência e da medicina, portanto, faz sentido que essa "junção" de pessoas seja uma mulher.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204849298246.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204849298246.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;(Reprodução/Inverse)

Valery Legasov e Boris Shcherbina

Diferentemente do que a série dá a entender, Valery Legasov (Jared Harris), o homem incumbido de liderar as investigações em Chernobyl, não era especialista em reatores nucleares, mas sim perito em radioquímica, portanto, contou com a ajuda e orientação de muitos cientistas da área. Legasov atuava como vice-diretor do Instituto Kurchatov de Energia Atômica quando foi apontado pelas autoridades soviéticas para conduzir as investigações e realmente deixou várias gravações com relatos sobre o desastre. Ele cometeu suicídio 1 dia após o aniversário de 2 anos da tragédia, mas, por não deixar nota de despedida, existem várias teorias sobre o que o levou a tirar a própria vida.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204930641247.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11204930641247.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Jared Harris ao lado de Legasov (Reprodução/Bored Panda)

Sabe-se que Legasov tinha conflitos com outros cientistas do Instituto e que, após testemunhar sobre o que aconteceu em Chernobyl, foi ridicularizado por seus colegas, perdeu o posto em Kurchatov e foi condenado ao ostracismo. Já Boris Shcherbina (Stellan Skarsgard) atuava como vice-presidente do Conselho de Ministros e chefe da Agência de Combustíveis e Energia da União Soviética, mas não se sabe se a dupla de fato chegou a estabelecer laços de amizade como é sugerido na série.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11205009344248.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11205009344248.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Stellan Skarsgard ao lado de Shcherbina (Reprodução/Bored Panda)

O bombeiro Vasily Ignatenko e sua esposa grávida, Lyudmilla

O casal existiu mesmo, e o mais triste é que eles se mudariam de Prypiat no dia seguinte à explosão em Chernobyl. Vasily Ignatenko (Adam Nagaitis) tinha 25 anos de idade na época, quando foi chamado para controlar o incêndio na usina, e, devido à severa intoxicação que sofreu, foi levado para um hospital em Moscou, onde faleceu 14 dias depois.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11205049327249.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11205049327249.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Adam Nagaitis como Vasily Ignatenko (Reprodução/Bored Panda)

Lyudmilla Ignatenko (Jessie Buckley) ocultou a gravidez para poder estar com o marido, e o bebê viveu por apenas 4 horas depois de nascer. Na cena do enterro, Lyudmilla aparece segurando um par de sapatos porque os pés de Vasily incharam tanto que, no fim, ele teve de ser sepultado — em um caixão de zinco e sob toneladas de concreto — descalço.

https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11205145701250.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/06/11/11205145701250.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Lyudmilla, vivida por Jessie Buckley (Reprodução/Bored Panda)

Este texto foi escrito por Maria Tamanini via nexperts.

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