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O Rei traz perspectiva particular de Henrique V (Crítica)

schedule05/11/2019, às 20:00

<p>Mais uma vez a Netflix agracia os f&atilde;s de castelos, batalhas campais e flautas doces apostando em um sucessor espiritual de <em>O Leg&iacute;timo Rei</em>, de 2018. <em>O Rei</em> &eacute; baseado em pe&ccedil;as de Shakespeare e carrega a taxa&ccedil;&atilde;o de ser mais uma obra em meio a tantas outras que ganharam adapta&ccedil;&otilde;es para TV, teatro e cinema ao longo dos anos. Dentro da s&eacute;tima arte, podemos sublinhar os hom&ocirc;nimos <em>Henrique V</em>, de 1944 e 1989, que traziam uma vis&atilde;o mais &eacute;pica do que foi o reinado de Henry. J&aacute; na narrativa de 2019, os eventos s&atilde;o abreviados para focar na ascens&atilde;o e nas particularidades do protagonista, lembrando, em partes, o que foi reproduzido&nbsp;em <em>Steve Jobs</em>, de 2016.</p>
<p><!--{cke_protected}%3Cmeta%20charset%3D%22utf-8%22%20%2F%3E--></p>
<p dir="ltr">Na trama, o rebelde Henrique V tem tratamento de bastardo e leva uma vida de farra, at&eacute; que seu pai e irm&atilde;o passam desta para melhor e o uso da coroa torna-se inevit&aacute;vel para defender o destino da Inglaterra diante de amea&ccedil;as externas. Quem dirige o longa &eacute; o australiano David Mich&ocirc;d, respons&aacute;vel pelos razo&aacute;veis <em>War Machine</em> e <em>The Rover</em>. Em <em>O Rei</em>, no entanto, o diretor apresenta maturidade na forma como orquestra todos os elementos, e temos uma adapta&ccedil;&atilde;o s&oacute;bria, munida de um excelente roteiro, mas n&atilde;o sem deixar rastros de desleixo em determinadas resolu&ccedil;&otilde;es.</p>
<p dir="ltr"><img style="display: block; margin-left: auto; margin-right: auto;" src="https://tm.ibxk.com.br/2019/11/04/04215829594404.jpg" alt="" width="1000" height="533" /></p>
<p dir="ltr">Nas long&iacute;nquas 2h20 de dura&ccedil;&atilde;o, o espectador &eacute; apresentado a um s&eacute;culo XV cinzento e melanc&oacute;lico que se reflete nos di&aacute;logos dram&aacute;ticos e muito bem constru&iacute;dos gra&ccedil;as ao toque shakespeariano. As batalhas, por sua vez, dispensam a vaidade do &eacute;pico: nada de <em>slow motions</em> ou coreografias megaelaboradas. Tudo aqui &eacute; sujo, depreciativo, pesado; ou seja, feito para mostrar o qu&atilde;o infame &eacute; a barb&aacute;rie em uma guerra. Tamb&eacute;m h&aacute; um "extensiv&atilde;o" sobre estrat&eacute;gia militar e jogo pol&iacute;tico. O filme coloca o espectador em um xadrez em que &eacute; poss&iacute;vel se sentir junto dos membros da coroa durante a elabora&ccedil;&atilde;o de cada plano ou tomada de decis&atilde;o. O problema se faz presente nos pontos de virada que engrenam as motiva&ccedil;&otilde;es. O diretor simplesmente costura de forma avulsa esses momentos e fica aquela sensa&ccedil;&atilde;o de que tudo foi feito na base do improviso ou da pregui&ccedil;a mesmo.</p>
<p dir="ltr">Timoth&eacute;e Chalamet (<em>Me Chame Pelo Seu Nome</em>) mais uma vez executa um papel brilhante e vem se consolidando como um dos atores mais talentosos da atualidade. Seu Henrique V &eacute; debochado, c&eacute;tico, ressentido, construtivo e amargurado pelas desaven&ccedil;as ideol&oacute;gicas com seu pai, Henrique IV (Ben Mendelsohn). O foco do longa &eacute; &uacute;nica e exclusivamente nele, e essa decis&atilde;o confisca a presen&ccedil;a dos demais integrantes do elenco. Cabe aqui ressaltar a perspic&aacute;cia e o companheirismo de Falstaff (Joel Edgerton), que &eacute; a mente por tr&aacute;s das t&aacute;ticas de batalha. H&aacute; uma cena dele que &eacute; uma verdadeira aula de guerra.</p>
<p dir="ltr"><img style="display: block; margin-left: auto; margin-right: auto;" src="https://tm.ibxk.com.br/2019/11/04/04220021795407.jpg" alt="" width="1000" height="562" /></p>
<p dir="ltr">Sean Harris est&aacute; na pele do operante William, interpretando o t&iacute;pico conselheiro que orienta o rei e esconde inten&ccedil;&otilde;es obscuras. Robert Pattinson, o futuro Batman das telonas, por sua vez, mostra que &eacute; talentoso e incorpora um competente Delfim, mesmo apresentando um sotaque franc&ecirc;s carregado, mas funcional. Por fim, a Catherine de Valois, vivenciada por Lily-Rose Depp, mesmo sendo uma gambiarra na trama, faz uma boa participa&ccedil;&atilde;o final, merecendo muito mais tempo de tela.</p>
<p dir="ltr"><em>O Rei</em> &eacute; particular e se isenta de apresentar uma vis&atilde;o revolucion&aacute;ria sobre o g&ecirc;nero medieval, tampouco se preocupa em seguir &agrave; risca ou desconstruir Shakespeare dentro de seu campo de liberdade criativa. Mas &eacute; maduro e sincero ao reproduzir uma narrativa realista do que foi considerado um dos per&iacute;odos mais obscuros da nossa hist&oacute;ria. Chalamet entrega ao p&uacute;blico um excelente Henrique V e pode merecidamente conquistar uma indica&ccedil;&atilde;o ao Oscar.</p>
<p dir="ltr"><em>Este texto foi escrito por&nbsp;Fabr&iacute;cio Calixto via nexperts.</em></p>
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