Doutor Sono é tão bom quanto as comparações com O Iluminado lhe permitem (crítica)

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Quase 40 anos depois da estreia de O Iluminado, o diretor Mike Flanagan aceitou o incrível desafio de adaptar Doutor Sono, a sequência literária do icônico filme de terror de Stanley Kubrick, por si só baseado no livro de Stephen King.


O resultado entregue é um bom filme, que chega nesta quinta-feira (7) aos cinemas brasileiros e cujo maior pecado é não decidir entre se distanciar da obra original e assumir sua própria identidade, ou se tornar uma homenagem que busca reconciliar o escritor com a obra-prima do cinema que ele rejeita.


A trama



Doutor Sono se inicia pouco depois dos eventos de O Iluminado, mas apenas os primeiros minutos e o ato final são referências diretas aos eventos do primeiro filme – ao contrário do que os materiais promocionais nos levam a crer. As 2 horas intermediárias parecem se tratar de um universo completamente diferente – salvo o protagonista ser Danny Torrance, que na maior parte do tempo poderia ser qualquer homem assombrado por uma infância traumática.


Isso não quer dizer que esse “meio” não seja divertido, ainda que infinitamente menos aterrorizante que o original. Danny aprende a (literalmente) compartimentar os fantasmas do Overlook que o perseguem, mas isso não impede que ele se torne um adulto alcoólatra e tão autodestrutivo quanto seu pai. Em seu caminho de redenção, ele precisará ajudar uma jovem com poderes tão impressionantes quanto eram os seus a impedir um grupo de assassinos que se alimenta da força vital de crianças especiais como os dois.


Quando, por uma conveniência frustrante do roteiro, nós e os personagens somos forçados a lembrar do Overlook, a sensação é de estranhamento por esses dois universos tão diferentes convergirem.


Comparações inevitáveis



Se Kubrick “não tinha nenhum senso do investimento emocional” que a obra original colocava na família – nas palavras do próprio Stephen King –, Flanagan não poderia ser o homem mais perfeito para o trabalho.


A grande força de A Maldição da Residência Hill – série que lançou o diretor, roteirista e produtor aos olhos do grande público – não é o eficiente suspense e a ambientação assustadora, mas o drama familiar que fez pessoas de todas as idades, e não necessariamente fãs do gênero, devorarem um dos fenômenos mais recentes da Netflix.


Se em O Iluminado o vilão era o isolamento e a figura de um Jack Nicholson enlouquecido por seus próprios demônios e pelos fantasmas do Hotel Overlook, em Doutor Sono o vilão é o alcoolismo... E fantasmas famintos do passado... E uma espécie de gangue cigana que se veste como o Fleetwood Mac dos anos 80 e vaporiza almas de crianças. Sim, são muitas mensagens e tramas paralelas para costurar.


Em defesa do novo longa, as 2 horas e meia passam voando devido à sua natureza dinâmica e à quantidade de tramas a atender. Em entrevistas, o próprio diretor chamou o filme de “uma história em cinco atos”, o que não poderia ser mais preciso.


Novos protagonistas e direção



A existência de outras crianças “iluminadas” expande a história para um mundo de possibilidades. Kyliegh Curran consegue transmitir bem o equilíbrio entre adorável e fria que a coprotagonista Abra Stone, a jovem e poderosa protegida de Dan, transmite ao espectador.


Já Rebecca Ferguson, no papel da vilã Rose, a Cartola, é hipnotizante ainda que nunca assustadora como talvez fosse a intenção. O “Verdadeiro Nó” é um antagonista que parece superficial em vista do que sabemos que Danny (ops, agora é só Dan) já enfrentou.


Dito isso, não fosse a divisão de tempo de tela entre o trio principal (que demora mais a se encontrar do que o necessário, diga-se de passagem), Ewan McGregor não conseguiria carregar um longa tão extenso sozinho. O ator tem uma performance protocolar em um papel que não o desafia em nada.


Adaptação fiel


Vale apontar que toda essa discrepância de tom e temática também vem dos livros, já que leitores mais assíduos das obras de King sempre apontaram essa mudança de uma obra para a outra – até porque a sequência foi publicada mais de 35 anos após o lançamento de “O Iluminado”.


Com uma adaptação fiel, os fãs do trabalho de Stephen King não devem ficar decepcionados com Doutor Sono. Já os apreciadores da versão cinematográfica de Kubrick para O Iluminado devem sentir negativamente tamanha mudança de linguagem.

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Se Kubrick “não tinha nenhum senso do investimento emocional” que a obra original colocava na família – nas palavras do próprio Stephen King –, Flanagan não poderia ser o homem mais perfeito para o trabalho.


A grande força de A Maldição da Residência Hill – série que lançou o diretor, roteirista e produtor aos olhos do grande público – não é o eficiente suspense e a ambientação assustadora, mas o drama familiar que fez pessoas de todas as idades, e não necessariamente fãs do gênero, devorarem um dos fenômenos mais recentes da Netflix.


Se em O Iluminado o vilão era o isolamento e a figura de um Jack Nicholson enlouquecido por seus próprios demônios e pelos fantasmas do Hotel Overlook, em Doutor Sono o vilão é o alcoolismo... E fantasmas famintos do passado... E uma espécie de gangue cigana que se veste como o Fleetwood Mac dos anos 80 e vaporiza almas de crianças. Sim, são muitas mensagens e tramas paralelas para costurar.


Em defesa do novo longa, as 2 horas e meia passam voando devido à sua natureza dinâmica e à quantidade de tramas a atender. Em entrevistas, o próprio diretor chamou o filme de “uma história em cinco atos”, o que não poderia ser mais preciso.


Novos protagonistas e direção



A existência de outras crianças “iluminadas” expande a história para um mundo de possibilidades. Kyliegh Curran consegue transmitir bem o equilíbrio entre adorável e fria que a coprotagonista Abra Stone, a jovem e poderosa protegida de Dan, transmite ao espectador.


Já Rebecca Ferguson, no papel da vilã Rose, a Cartola, é hipnotizante ainda que nunca assustadora como talvez fosse a intenção. O “Verdadeiro Nó” é um antagonista que parece superficial em vista do que sabemos que Danny (ops, agora é só Dan) já enfrentou.


Dito isso, não fosse a divisão de tempo de tela entre o trio principal (que demora mais a se encontrar do que o necessário, diga-se de passagem), Ewan McGregor não conseguiria carregar um longa tão extenso sozinho. O ator tem uma performance protocolar em um papel que não o desafia em nada.


Adaptação fiel


Vale apontar que toda essa discrepância de tom e temática também vem dos livros, já que leitores mais assíduos das obras de King sempre apontaram essa mudança de uma obra para a outra – até porque a sequência foi publicada mais de 35 anos após o lançamento de “O Iluminado”.


Com uma adaptação fiel, os fãs do trabalho de Stephen King não devem ficar decepcionados com Doutor Sono. Já os apreciadores da versão cinematográfica de Kubrick para O Iluminado devem sentir negativamente tamanha mudança de linguagem.

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