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Novo A Dama e o Vagabundo suaviza trama original (Crítica)

schedule19/11/2019, às 19:30

<p>N&atilde;o &eacute; necess&aacute;rio pertencer &agrave; gera&ccedil;&atilde;o baby boomer para conservar um v&iacute;nculo afetivo com o cl&aacute;ssico <em>A Dama e o Vagabundo</em>, de 1955 &mdash; amplamente distribu&iacute;do em VHS e DVD entre as d&eacute;cadas de 1980, 1990 e 2000. Quem &eacute; do tempo da &ldquo;fita verde do <em>Rei Le&atilde;o</em>&rdquo; provavelmente passou pela obra magistral de Clyde Geronimi, Hamilton Luske e Wilfred Jackson, que agora est&aacute; completamente revisitada no mais novo servi&ccedil;o de streaming da Disney. Al&eacute;m de ser um dos chamarizes iniciais do Disney+, o live-action tem a dura tarefa de atualizar elementos antigos que est&atilde;o em desacordo com os tempos atuais, sem perder aquele encanto prosaico e gracioso que tanto marcou gera&ccedil;&otilde;es. Compara&ccedil;&otilde;es aqui ser&atilde;o inevit&aacute;veis.</p>
<p>A ess&ecirc;ncia da trama est&aacute; intacta: Dama ganha um lar acolhedor, onde &eacute; mimada e benquista pelos donos. A chegada de um beb&ecirc;, no entanto, abala a rotina de todos e leva a Cocker a vivenciar libertinagens e obscuridades que somente o mundo al&eacute;m das cercas pode oferecer; na companhia do astuto Vagabundo, &eacute; claro. A dire&ccedil;&atilde;o &eacute; de Charlie Bean, respons&aacute;vel por <em>LEGO Ninjago</em>, <em>Tron: Uprising</em> e importantes storyboards de Cartoon Cartoons, como <em>As Meninas Superpoderosas&nbsp;</em>e <em>Samurai Jack</em>.</p>
<p style="text-align: center;"><img src="../../../images/tmp/49849/18191453475316.jpg" alt="" width="3360" height="1656" /></p>
<p>Novamente somos apresentados a uma vis&atilde;o vintage do in&iacute;cio do s&eacute;culo XX, desta vez menos monocrom&aacute;tica gra&ccedil;as a uma paleta de cores v&iacute;vida refor&ccedil;ada pelo elenco humano assertivamente representativo e menos horizontal em termos de c&acirc;mera. Nesse novo panorama, as pessoas ganham textos adicionais em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; obra original. Mas o filme &eacute; metaforicamente sobre perspectiva canina, certo? Essa amplitude improvisada traz incipi&ecirc;ncia nas atua&ccedil;&otilde;es: Thomas Mann e Kiersey Clemons (Jim Querido e Querida) formam um casal fr&iacute;volo e sem pung&ecirc;ncia; Yvette Nicole Brown (tia Sara) n&atilde;o desperta o ran&ccedil;o necess&aacute;rio para se igualar a sua antecessora fict&iacute;cia; e Adrian Martinez (Elliot) &eacute; esquec&iacute;vel. Por incr&iacute;vel que pare&ccedil;a, Arturo Castro e F. Murray Abraham (Marco e Tony) s&atilde;o disparadamente a alm&ocirc;ndega desse prato descondimentado, por participarem da ic&ocirc;nica cena do jantar rom&acirc;ntico &mdash; cujo retrabalho recebeu aten&ccedil;&atilde;o especial da produ&ccedil;&atilde;o. A aus&ecirc;ncia desse tempero tamb&eacute;m est&aacute; presente nos musicais, que s&atilde;o extremamente gen&eacute;ricos.</p>
<p>O cast da matilha e seus agregados, por sua vez, n&atilde;o desaponta. Tessa Thompson e Justin Theroux encarnam com maestria o casal de c&atilde;es mais amado de Hollywood, seguido por Sam Elliott, Ashley Jensen, Benedict Wong, entre outras estrelas que alternam entre palavras e latidos. Se n&atilde;o fosse por um excelente trabalho de CGI e sincroniza&ccedil;&atilde;o de vozes, entretanto, nada disso seria poss&iacute;vel. Os efeitos especiais fluem bem, apresentam plasticidade e v&atilde;o na contram&atilde;o do hiper-realismo executado no &ldquo;live-action&rdquo; de <em>O Rei Le&atilde;o</em>. Aqui, os bichinhos s&atilde;o visualmente carism&aacute;ticos e est&atilde;o em p&eacute; de altura com Mogli e sua turma na brilhante vers&atilde;o de 2016.</p>
<p style="text-align: center;"><img src="../../../images/tmp/49849/18191625459317.jpg" alt="" width="1600" height="1200" /></p>
<p>Entre trancos e barrancos, o que realmente pesa no remake s&atilde;o as decis&otilde;es e consequ&ecirc;ncias minimizadas para tornar o filme mais amig&aacute;vel. Se por um lado a leviandade se adequa a um p&uacute;blico mais jovem/infantil, por outro dilui cabalmente o choque de realidade que a vers&atilde;o de 1955 se prop&ocirc;s a projetar. Afinal, al&eacute;m de romance, <em>A Dama e o Vagabundo </em>&eacute; sobre dicotomia de classes, lar, identidade e o mundo como ele &eacute; fora da nossa zona de conforto, n&atilde;o &eacute; mesmo? Essa maleabilidade excessiva desnuda muito do que era a mensagem l&aacute; atr&aacute;s; consequentemente, o efeito dram&aacute;tico sofre com o desn&iacute;vel, fruto da est&eacute;tica matizada demais que a dire&ccedil;&atilde;o decidiu adotar. Certamente os entusiastas da vers&atilde;o dos anos 1950 v&atilde;o se deparar com essas mudan&ccedil;as.</p>
<p>O remake de <em>A Dama e o Vagabundo</em> &eacute;, de forma a n&atilde;o assumir riscos, uma suaviza&ccedil;&atilde;o consider&aacute;vel de seu ic&ocirc;nico predecessor e pode n&atilde;o impactar da mesma forma como anos atr&aacute;s. Peca por um elenco humano insosso, mas acerta em cheio no carism&aacute;tico n&uacute;cleo canino. &Eacute; uma porta de entrada sugestiva para o novo servi&ccedil;o de streaming da Disney, que com certeza oferecer&aacute; mais alm&ocirc;ndegas audiovisuais saborosas para seu p&uacute;blico.</p>
<p><em>Por Fabr&iacute;cio Calixto de Oliveira via nexperts.</em></p>
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