Relatório avalia a representatividade nas séries de criminais

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Relatório avalia a representatividade nas séries de criminais

Criado pela organização Color of Change, pesquisa analisou a representatividade dos negros dentro e fora das telas.

A representatividade dos negros em séries de drama criminal foi o tema do relatório apresentado pela organização Color of Change. A intenção do material foi analisar em diversos pontos a disparidade racial dentro e fora das telas. Bem como avaliar como isso pode afetar as mensagens transmitidas pelas produções.

Um dos pontos abordados na pesquisa é a porcentagem de representações de ações ilícitas (crimes em geral) cometidas por personagens negros nessas atrações. Segundo o relatório, os originais da Netflix são os programas com maior taxa desses tipo de cena com 2,98%. Em seguida estão as produções da NBC (1,74%), ABC (1,5%) e Fox (1,28%).

Para chegar a esses resultados, o relatório analisou 26 séries lançadas durante a temporada 2017/2018. Nesse período, Seven Seconds da Netflix foi a atração com maior taxa de cenas com essa representação (12,25%). Enquanto isso, The Blacklist aparece em segundo lugar com 3,53% e Blue Bloods ficou em terceiro com 2,18%.

A organização destaca que essas taxas, em alguns casos, são baixas por conta do número reduzido de atores negros nas produções. Portanto, atrações com elencos formados majoritariamente por artistas brancos teve uma porcentagem menor.

Seven Seconds abordava as tensões raciais em uma cidade após a morte de jovem negro por um policial branco. (Fonte: IMDb/Divulgação)

Representatividade fora das telas

O relatório da organização também notou a disparidade racial nos bastidores das produções. De forma geral, 81% delas tem homens brancos como showrunners e 78% dos roteiristas são brancos. Enquanto isso, apenas 9% das pessoas envolvidas nas atrações são negras.

Entre os 26 programas analisados, 20 deles tinham apenas uma ou nenhuma pessoa negra entre os roteiristas. Luke Cage e Seven Seconds, séries da Netflix, foram as únicas produções com mais do que 50% da equipe de roteirista formada por negros.

Rashad Robinson, presidente da Color of Change, observa isso com preocupação. Para ele, não ter pessoas conectadas diretamente com as comunidades negras faz com que as produções apresentam diferentes visões sobre esses grupos.

“Seria como a história sobre o movimento #MeToo fosse escrito em uma sala de roteiristas formada apenas por homens”, opina o representante da organização.

Luke Cage foi uma das poucas produções com uma sala de roteiristas formada por profissionais negros. (Fonte: IMDb/Divulgação)

Influência negativa no público

Para Rashad Robinson, a representatividade dos negros nas séries de drama criminal precisa ser reavaliada dentro e fora das telas. Segundo ele, as atrações transmitem uma imagem equivocada sobre certos assuntos e distância o público da realidade.

“Nos últimos 20 anos nos EUA, o número de crimes violentos diminuiu consideravelmente e, ao mesmo tempo, as pessoas pensam que ele aumentou”, argumenta. “Existe uma diferença entre a ficção e a realidade”.

Ciente do impacto que as atrações da TV americana têm na vida das pessoas, o representante da organização chama a atenção dos produtores. Ele acredita que os roteiristas precisam ter mais cuidado e repensar a mensagem que desejam passar.

“O que este relatório realmente nos apresenta é: como você obtém os movimentos a favor do presidente Donald Trump? Você percebe isso normalizando uma injustiça e fazendo com que histórias não reais pareçam verdadeiras”, opina Robinson.

“Quando instruímos as pessoas sobre os sistemas judiciários e normalizamos a injustiça em nossas TVs, aceitamos que certas pessoas sejam tratadas apenas como heróis e que certos indivíduos sejam tratados apenas como vilões. Isso não nos leva adiante”, conclui.

Este texto foi escrito por Luiz Paulo Charleaux via nexperts.

Fontes

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