A Última Coisa Que Ele Queria é burocrático e vazio (CRÍTICA)

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A Netflix moveu todas as suas forças para conquistar estatuetas nas premiações de 2020 e acabou sendo parcialmente esnobada, mesmo munida de produções fortes, como O IrlandêsDois Papas e História de um Casamento. Ao que tudo indica, o thriller político A Última Coisa que Ele Queria chegou atrasado para pegar carona nessa leva. E adianto: a pontualidade não teria garantido seu prestígio.

A obra se trata de uma adaptação do romance homônimo da jornalista, escritora e roteirista Joan Didion, que publicou o material base nos anos 90 sem obter uma recepção acalorada. Mas será que a adaptação para as telinhas conseguiu reacender o interesse pelo trabalho?

A trama remonta a história oitentista da repórter Elena McMahon, que investiga uma conspiração global e acaba se envolvendo em uma negociação de armas na América Central. A direção é da cineasta Dee Rees que, apesar da curta carreira, já conta com Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi em seu portfólio juntamente com diversas indicações ao Oscar e Globo de Ouro na temporada de 2018 pelo mesmo projeto.

Infelizmente, o mesmo feito não se faz presente no novo filme original da Netflix.

Contando com uma fotografia pálida e sem nuance – além de um roteiro completamente formulaico –, a estrutura da trama se dá em um emaranhado de informações que se desencontram o tempo todo por conta de uma péssima montagem. Há muito o que contar sem que haja um fio condutor na ordem narrativa.

Falando nela, os diálogos são burocráticos, incipientes e falham em enrijecer a magnitude que um thriller do gênero requer para capturar a atenção do espectador. No fim das contas, o conjunto é decepcionante, carente de grandes reviravoltas e não há com quem se preocupar, pois todos os rostos são igualmente desinteressantes.

O forte elenco infelizmente não faz milagres. Anne Hathaway dá vida a uma protagonista apática, cansativa e indistinta, que mesmo sob perigo iminente, não provoca qualquer sentimento de aflição e envolvimento. Sua escalada é branda e o mesmo pode ser atribuído a um desfecho vazio que não provoca reflexão alguma. Ben Affleck, Willem Dafoe, Rosie Perez, Edi Gathegi e Toby Jones também estão lá, mas também não estão, amargurando papéis pontuais, mecânicos e subaproveitados. Ninguém está à vontade aqui.

Proveniente de uma obra literária não tão celebrada, A Última Coisa que Ele Queria marca um deslize na carreira de uma diretora tão talentosa quanto Dee Rees, respingando nas atuações esquecíveis de grandes nomes do cinema, que, por conta de uma trama excessivamente engessada, tiveram poucos recursos para reverter o pior. É uma experiência frustrante em todas as suas frentes.

Texto escrito por Fabrício Calixto de Oliveira via Nexperts.

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