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Redpill: pesquisa mostra como canais do YouTube usam IA e filosofia para propagar misoginia

Os conteúdos são centrados no neoestoicismo, em formato documental, e ridicularizam as mulheres, vistas como inferiores.

Avatar do(a) autor(a): Felipe Vidal

02/06/2025, às 11:30

Um levantamento apontou mais de 20 canais do YouTube que utilizam inteligência artificial e filosofia para difundir conteúdos misóginos na internet. A pesquisa foi realizada pelo Núcleo, uma iniciativa jornalística de investigação das redes sociais, que indica a exibição de vídeos com mais de 80 milhões de visualizações.

  • Os dados foram coletados em maio de 2025, mas não citam diretamente os envolvidos;
  • Ao todo, 21 canais monetizados foram mapeados, com um total de 2.882 vídeos e 87 milhões de visualizações;
  • Somente 8,7% dessas visualizações são referentes aos canais que geram conteúdo orgânico para o YouTube;
  • Criadores de conteúdo que utilizam IA parar vídeos de estética greco-romana somam 91,2% das visualizações;
  • Dos 21 perfis, somente um é apresentado por uma mulher.

Toda a ideia por trás desses canais é apresentar conteúdos ligados ao neoestoicismo aplicado ao autocuidado. Contudo, os vídeos colocam a figura das mulheres modernas como uma decadência moral atual, enfatizando supostos valores para a família tradicional, isolamento social, e a figuração do homem autodidata.

Canais do YouTube usam e IA e filosofia para misoginia
Vídeos mostram imagens de mulheres sexualizadas e objetificadas (Imagem: Captura de tela: Felipe Vidal/TecMundo)

Vídeos feitos por IA criticam a figura feminina

O estudo sugere que 95% desses vídeos foram completamente gerados por inteligência artificial, e possuem até mesmo o aviso do YouTube sobre o caráter artificial. Em sua maioria, os conteúdos possuem voz masculina grave e sintética, com imagens de homens bem sucedidos, filósofos gregos e mulheres seminuas.

O TecMundo foi atrás desse conteúdo e confirma o perfil citado pelo Núcleo. A cultura desses vídeos evidencia um padrão de segregação masculina em grupos que se acham superiores e lutam contra movimentos sociais, como o feminismo, sempre expondo a figura feminina como interesseiras, inferiores, ou que não tem valores sociais.

Criado no século IV a.C., o estoicismo é uma doutrina filosófica que preza pela autossuficiência emocional, além da negação dos desejos para a valorização da razão junto à natureza. O neoestoicismo já incorpora elementos do cristianismo e tem sido uma das principais filosofias de grupos dos denominados redpills e incels.

Para mais informações sobre redes sociais, fique de olho no site do TecMundo. Inclusive, o bilionário Elon Musk levou um “não” após propor ter filho com influenciadora. 
 

Fontes