“Snowden”, filme dirigido por Oliver Stone e distribuído pela Disney, entrou recentemente no circuito nacional e explora a vida e as ações do ex-funcionário da CIA Edward Snowden, que em 2013 vazou informações sobre técnicas ilegais de vigilância por parte da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA).
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Snowden é vivido por Joseph Gordon-Levitt (“Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” e “500 Dias Com Ela”). A trama se divide entre o passado do gênio da computação até o momento em que ele participa de “Citizenfour”, documentário sobre o mesmo assunto, dirigido por Laura Poitras e vencedor do Oscar de 2014.
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Só para refrescar a memória: desde que denunciou as manobras de extração de dados praticada pelos Estados Unidos, Snowden é considerado persona non-grata em solo norte-americano e atualmente vive na Rússia. Idolatrado por muitos, é também odiado por outros e seu comportamento introvertido deixa dúvidas sobre suas verdadeiras intenções. E é bem por aí que Oliver Stone inicialmente direciona sua história: seria Snowden um herói ou um traidor?
Um Snowden mais humano
Edward Snowden nasceu na Carolina do Norte e teve um duro treinamento militar até chegar ao seu cargo técnico dentro da CIA. O filme dedica pouco tempo ao crescimento e aprendizado do analista de sistemas e já salta para o período em que ele deixa o exército para trabalhar em segurança de Tecnologia da Informação (TI).
Gordon-Levitt é excelente em sua interpretação. Ele emula os trejeitos, o tom de voz, os maneirismos e o jeito tímido de Snowden com perfeição. Shailene Woodley (“A Culpa é das Estrelas”, “Divergente”), no papel da namorada, Lindsay Mills, é, na maioria das vezes, os olhos da audiência: é por meio dela que o longa faz questionamentos que qualquer um faria sobre o tema. Até que ponto você usaria essa posição favorável no governo para uso próprio, em um relacionamento, por exemplo?
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O personagem de Stone é corajoso e incorruptível, como parece o “de verdade”. Mas ele também tem dúvidas, é falível e inseguro. Enfim, mais humano.
Stone sem polêmicas
O filme até aborda a pressão que os produtores de “Citizenfour” sofreram e a paranoia do protagonista depois da descoberta das artimanhas do governo estadunidense. Aliás, temos boas participações de Zachary Quinto (o Spock da nova trilogia “Star Trek”) como o jornalista Glenn Greenwald. Mas aqui estamos bem distantes daquele Oliver Stone polêmico de “Platoon”, “Nascido em 4 de Julho” ou “Assassinos por Natureza”.
Stone não pesa muito a mão e segue o fluxo de uma dramatização simples, talvez por medo de retaliação por parte da própria indústria e do governo. Durante as gravações, ele admitiu que quase desistiu do longa “para evitar problemas” e diversos estúdios recusaram o projeto. Então, o que vemos aqui é mais um relato — possivelmente do próprio Snowden, que participou como consultor e aceitou o roteiro — do que uma reflexão.
Documentário "Citizenfour", premiado com o Oscar em 2014
“Snowden” é um bom drama com pano de fundo político, tecnológico e atual. Contudo, para quem já acompanha a história toda, não traz mais novidades ou perguntas do que o próprio “Citizenfour”.
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