Será que você é viciado no Facebook?

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A humanidade é cheia de vícios. Se durante os séculos as mais diferentes dependências químicas sempre tiveram esse destaque negativo, hoje em dia, a evolução tecnológica também trouxe novos problemas. Entre eles estão os vícios em jogos eletrônicos, internet e, mais recentemente, Facebook.

A utilização desmedida da rede social é cada vez mais reconhecida como uma nova ameaça à saúde das pessoas, que passam cada vez mais tempo conectadas ao site. Segundo a pesquisadora norueguesa Cecilie Schou Andreassen, citada em uma reportagem do The Atlantic, o vício na rede social apresenta, inclusive, sintomas muito parecidos aos de pessoas que têm problemas com jogos, apostas e drogas.

De acordo com ela, tanto os vícios químicos como os não químicos apresentam seis componentes principais em comum:

  • Saliência, pois a atividade passa a controlar o comportamento e os pensamentos do indivíduo;
  • Humor, que começa a apresentar mudanças bruscas (para melhor) quando o usuário começa a utilizar a sua “droga”;
  • Tolerância, pois a pessoa precisa de doses cada vez maiores para satisfazê-la;
  • Abstinência, que surge quando a atividade é interrompida ou bruscamente reduzida;
  • Conflito, uma vez que o viciado passa a apresentar problemas em suas relações sociais;
  • Recaída, elemento que surge após uma fase de controle e abstinência.

No entanto, apesar de ser possível identificar esse padrão, os especialistas encontram dificuldades na hora de medir o vício de alguém em uma página da internet. E é sobre isso que trata o estudo comandado por Cecilie Schou Andreassen. O seu relatório, chamado de “Bergen Facebook Addiction Scale”, busca determinar uma escala para se medir o vício em Facebook.

Procurando respostas

Originalmente, o estudo foi feito com base em um questionário que trazia 18 questões para que os participantes pudessem responder e dar pistas sobre o seu vício. Em seguida, todos os resultados obtidos foram correlacionados com uma variedade de testes psicológicos e medidas de problemas parecidos.

No final, seis das 18 perguntas originais foram mantidas pelos pesquisadores, pois foram consideradas como as mais compatíveis para se medir o vício em Facebook. Dessa forma, cada uma delas pôde ser relacionada aos seis fatores principais, aqueles citados anteriormente. Confira:

Durante o último ano, por quantas vezes você...

  • Passou muito tempo pensando no Facebook ou planejando a sua utilização? (saliência)
  • Usou o Facebook para esquecer problemas pessoais? (mudanças de humor)
  • Sentiu uma grande urgência para utilizar o Facebook cada vez mais? (tolerância)
  • Teve insônia ou outros tipos de problemas quando foi proibido de utilizar o Facebook? (abstinência)
  • Usou tanto o Facebook que isso acabou tendo um impacto negativo em seu trabalho ou estudos? (conflito)
  • Tentou cortar a utilização do Facebook, mas sem sucesso? (recaída)

As respostas são pré-definidas, e você pode escolher entre “muito raramente”, “raramente”, “às vezes”, “com frequência” e “com muita frequência”.

Método é contestado

Apesar de o estudo ser bastante complexo, alguns especialistas contestam a sua aplicabilidade. Mark Griffiths, psicólogo inglês da Nottingham Trent University, diz que ter uma noção melhor do conceito de vício em Facebook e medir o problema é algo bem mais difícil do que parece.

chega de Facebook! (Fonte da imagem: iStock)

Segundo ele, é complicado apontar no que as pessoas são realmente viciadas. Além disso, o termo “viciado em Facebook” já pode ter se tornado obsoleto, uma vez que o público do site pode realizar várias atividades na página.

Além disso, não é possível afirmar que o comportamento apresentado pelo indivíduo na rede social não seja o mesmo que ele demonstra em sua vida no dia a dia. Isso seria outro objeto de estudo, e não o apontamento de um vício, de fato.

Por fim, Griffiths cita que há uma grande diferença entre alguém ser viciado na internet e ter vícios “dentro” da internet. O psicólogo exemplifica dizendo que uma pessoa pode ser viciada em sair à noite e ir a bares, mas não necessariamente ela é uma alcoólatra.

Fonte: The Atlantic

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