Rainha do Bitcoin: a empresa que controla a moeda virtual

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Moeda virtual (Fonte da imagem: Divulgação/Bitcoin Project)

“Bitcoin” é um termo usado para designar uma moeda virtual, usada na internet para transações financeiras (compras em lojas online, principalmente) e que pode ser convertida em qualquer moeda real. Dessa forma, há quem consiga trabalhar com o Bitcoin como quem usa o mercado de ações: compra quando está em baixa para vender quando a economia virtual estiver em alta.

Embora pareça algo muito perigoso para se investir (o que realmente é), desde a sua criação essa moeda vem ganhando força – ao menos no início, quando ainda era possível operar anonimamente no serviço, muita gente a usava para lavar dinheiro ou comprar drogas, mas hoje isso parece ter sido dificultado. De janeiro a abril, o Bitcoin viu o valor de cada unidade sua passar de 15 para 260 dólares.

Contudo, como muita gente começou a guardar o dinheiro virtual para vender quando estivesse ainda mais caro, bastou a primeira pessoa realizar essa ação para todos seguirem a onda: do dia para a noite, a unidade de Bitcoin teve uma redução de 100 dólares. Ou seja, mesmo com agências reguladoras, a moeda utópica que prometia não ser afetada pelo mercado externo mostrou ser capaz de entrar em crise também. Clique aqui para conhecer mais sobre o Bitcoin.

Quem está por trás disso

Como um negócio assim não poderia ter surgido absolutamente do zero, você pode imaginar que alguém inventou o Bitcoin. O pseudônimo dessa pessoa ou grupo (não se sabe) é Satoshi Nakamoto, o qual teria criado esse sistema monetário virtual em 2009 e não teria continuado o seu envolvimento além da metade de 2010.

Também criada no Japão, a empresa Mt. Gox (Magic: the Gathering Online Exchange) começou a funcionar gerenciando a troca de cartas entre jogadores do TCG popularmente conhecido como Magic. O seu fundador foi o mesmo do infame serviço eDonkey, Jed McCaleb, o qual vendeu a Mt. Gox para Mark Karpeles em 2011, sendo ele o atual presidente do negócio.

Visto que o mercado de troca de cards de Magic não era lá muito lucrativo, Karpeles viu no Bitcoin a esperança de fazer dinheiro gerenciando a troca da moeda entre os seus investidores. Embora não seja a única empresa a prestar tal serviço, a Mt. Gox é a atual líder de mercado nesse segmento, cuidando de 76% das transações realizadas entre os seus usuários antes da crise de abril (esse número parece ter caído para 63% desde então).

Aceito em Berlin (Fonte da imagem: Reprodução/The Guardian)

De olho no dinheiro

Sediada no distrito de Shibuya, em Tóquio, a empresa vê passar pelas suas mãos o equivalente a 6 milhões de dólares diariamente (valor convertido do Bitcoin, baseado nos números pré-crise). Isso significa um lucro bruto de 60 mil dólares, subtraindo despesas básicas de escritório e pagamento dos seus 18 funcionários.

Talvez já prevendo problemas em continuar apenas com o Bitcoin, devido à enorme instabilidade da moeda, o presidente da empresa já está para lançar outro serviço de funcionamento muito similar, o Ripple. Embora funcione de modo similar, o enfoque do site parece ser nas transações financeiras, funcionando como um PayPal, por exemplo – mas que também pode acabar substituindo o Bitcoin caso a crise continue a se agravar.

Entretanto, antes de conseguir ser um sucesso no mercado financeiro virtual, a Mt. Gox precisou sofrer com alguns empecilhos (e continua lidando com o problema): hackers do mal (crackers) que invadiram o sistema e tentaram vender o valor equivalente a 7 milhões de dólares em Bitcoins. Para evitar uma catástrofe, a empresa fechou todas as negociações da moeda e conseguiu diminuir suas perdas para apenas 2 mil Bitcoins da época.

Mark Karpeles à direita (Fonte da imagem: Reprodução/The Verge)

Responsabilidades legais

Antes desses ataques ao serviço, todas as operações gerenciadas pela Mt. Gox eram quase exclusivamente anônimas. Porém, a empresa não viu solução para desencorajar tentativas similares futuras senão começar a jogar usando as regras do mercado financeiro “real”. Jogada esperta, por sinal, pois recentemente um departamento do governo dos EUA (ligado à prevenção de crimes financeiros) declarou ilegais serviços de Bitcoin não registrados no órgão.

Aliar-se ao governo dos EUA foi um investimento que custou 25 milhões de dólares no primeiro para a Mt. Gox. Pode parecer caro, mas, considerando que essa medida impede qualquer atravancamento de transações no país e ainda consegue que o órgão financeiro do governo apreenda qualquer dinheiro que venha a ser roubado em ataques de hackers, o investimento acaba valendo muito a pena – é como se fosse um “seguro contra roubo”.

Segundo Gonzague Gay-Bouchery, chefe de marketing da empresa, justamente por ela ser a líder do setor é que precisa fazer tudo legalmente. Contudo, muitos dos usuários do serviço não concordam com essa atitude por pensar que ele não opera via meios legais – essas mesmas pessoas usam o Bitcoin para comprar drogas, lavar dinheiro ou são apenas libertários reacionistas.

Cotação atual (Fonte da imagem: Reprodução/Mt. Gox)

Porém, esses usuários não poderiam estar mais enganados. Afinal, como o próprio programador-chefe do Bitcoin Project (responsável por fazer a moeda funcionar), Gavin Andresen, disse, muitos se irritam pelo Bitcoin usar regulamentações do governo de décadas atrás por acharem besteira alguém dizer como o cidadão deve ou não gastar o seu dinheiro. Embora concorde parcialmente com isso, Andresen diz que os políticos fazem as regras, então a Mt.Gox precisa segui-las por se tratar de uma empresa.

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