Crítica: 'Titãs' agrada com tom sombrio e rebelde no streaming DC Universe

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A Warner anunciou neste ano sua nova frente para atacar a concorrência no mercado de streaming. Para isso, vai usar o DC Universe, serviço que promete trazer várias produções exclusivas, entre outras atrações. E antes mesmo da plataforma ser lançada por completo, a companhia exibiu na semana passada o primeiro capítulo de “Titãs”, a reinterpretação dos Novos Titãs para esses tempos em que os heróis de rua da Marvel Comics estão na Netflix.

Bem, “Titãs” tem como ponto central a chegada de um novo detetive em Detroit. Cansado de atuar contra o crime ao lado de um antigo parceiro (quem será…), Dick Grayson, um jovem ginasta de circo que viu os pais morrerem durante uma acrobacia, resolve encarar uma vida nova fora de Gotham City.

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Embalado pela vida dupla como Robin, o vigilante é atraído por uma estranha garota, Ravena, que é vista pela mãe católica como uma criança atormentada pelas forças do mal. Em outro lugar, uma mulher chamada Estelar sofre de amnésia e tenta encontrar pistas sobre seu passado enquanto descobre ter poderes sobrehumanos. Como se não bastasse, todos os caminhos se cruzam com o Mutano, um garoto que pode se transformar em animais.

Violento, cru e letal

Bem, a primeira grande impressão de “Titãs” é que a série busca um tom bem diferente de todas as séries da DC Comics na CW — aliás, aparentemente não há conexão entre essas Terras paralelas. Aqui tudo é feito com alto contraste em cinza, o que lembra mesmo bastante as produções da Netflix com a Marvel.

As sequências de ação são bastante violentas. Tem de tudo — desde tiro na cabeça até bandido sendo esfregado na parede e no caco de vidro. Dick Grayson está em sua jornada para se tornar o Asa Noturna e dele sai o “Fuck Batman”, que norteia o roteiro: são jovens que querem se desgrudar de suas filiações e seguir um caminho próprio, por mais sombria e tortuosa que esse trajetória possa ser.

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Essa rebeldia é bem-vinda, porque reflete o famoso período de Marv Wolfman e George Pérez. E a estratégia soa acertada, porque se a DC pode brincar com suas 52 Terras paralelas e trazer diferentes ângulos de personagens clássicos, não há porque ficar se debatendo e tentando criar algo interconectado como o Marvel Studios.

Grayson está bem, mas falta refinamento

Brenton Thwaites é convincente como Dick Grayson e até se assemelha como uma “continuação” do Robin de Christopher Nolan. Ao ser posicionado como um policial, o personagem pode carregar tanto o legado do Batman como as características do Comissário Gordon — lembrando que em fase recente nos quadrinhos o herói também virou agente secreto. Sua interpretação é consistente e suas sequências de luta são muito boas.

Como a narrativa não se estende por uma longa temporada de mais de 20 capítulos, então os produtores puderam evitar as “equipes” — como o “team Flash”, o “team Arrow”, o “team Superman” em Smallville, entre outros. E já que Grayson é um detetive, ele pode usar o próprio aparato dos investigadores do Departamento de Polícia para ajudá-lo a encontrar pistas e desvendar os casos — que também não são procedurais.

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Tanto Ravena (Teagan Croft), quanto Estelar (Anna Diop) e Mutano (Ryan Potter, que tem transformações que lembram a antiga série “Manimal” e o filme “Um Lobisomem Americano em Londres”) se parecem mais com mutantes vindos de Gifted, mas sem o mesmo esmero. Talvez seja porque os atores realmente se sintam mais à vontade ao longo das gravações ou devido à falta de refinamento nos efeitos especiais, diálogos, atuações e na própria produção — como no figurino ou nos cenários. Nesse primeiro episódio, o núcleo coadjuvante deixou bastante a desejar.

Vale a pena?  

A trama tem um ar mais complexo ao lidar como adolescentes se sairiam no papel de vigilantes em um mundo mais cru e violento. Ela leva em consideração esse contexto para tratar as consequências disso nas mentes dos heróis e surpreende por trazer algo palatável para a nova audiência, sem deixar de tratar personagens clássicos com respeito. Talvez seja cedo para dar um veredito mais aprofundado, mas inicialmente agradou, mesmo com os problemas de produção.

Não são os Novos Titãs de Wolfman e Pérez — que, aliás, como bem lembrou um raivoso Gerry Conway no Twitter, sequer foram citados como criadores, um erro crasso da produção executiva — e nem mesmo são os ensolarados heróis das animações. Aqui eles parecem estar mesmo criando algo próprio, com uma certa influência do selo adulto da DC Comics, o Vertigo.

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Como no segundo episódio ainda veremos Rapina e Columba e as outras séries do DC Universe contam com a Patrulha do Destino e o Monstro do Pântano, essa pegada pode fazer mais sentido e ter mais “corpo” até o final desta temporada e com a chegada das outras atrações. Por enquanto, os Titãs agradaram — e são muito bem-vindos.

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