Infinitas aventuras de Hora de Aventura (quase-review do último episódio)

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O episódio final de “Hora de Aventura” foi ao ar nos Estados Unidos no dia 3 de setembro de 2018. A série durou 8 anos com 283 episódios (e muitos jogos, HQs e produtos licenciados). Mas a aventura realmente acabou? Que nada, ela nunca termina.

Acompanho “Hora de Aventura” regularmente desde 2013, e nesse meio tempo muita coisa aconteceu: troca de casa e de emprego, noivado, conciliar vida profissional com vida pessoal, projetos, sonhos, preguiça, cansaço, amigos, hobbies… Tive dias bons e ruins, como na vida de todo mundo.

E é exatamente isso que torna “Hora de Aventura” tão especial: a capacidade da série de explorar todos esses aspectos que nos acompanham na nossa rotina e no nosso crescimento: tristeza, alegria, solidão, gratidão, confusão, bobeira, melancolia, responsabilidades, relacionamentos...

“Hora de Aventura” é um programa sobre a vida e a dificuldade de crescer… Viver a vida e ainda ter que crescer? Tá maluco!? Mas a gente cresce… Junto com o protagonista Finn, que começa a série criança, impulsivo, inocente e até um pouco violento demais (ele vive em um mundo pós-apocalíptico, então dê um desconto). Mesmo assim, Finn também cresce e, conforme a série segue, o personagem entende melhor seu mundo e sua função dentro dele. Ele se dá conta de que relacionamentos não são fáceis, corações serão partidos, amigos podem se tornar inimigos e inimigos podem se tornar amigos… Além disso, percebe que pessoas podem nos decepcionar e abandonar, mesmo sendo o próprio pai. Pesado... Mas ele vive tudo isso. Porque ele precisa, porque a vida é assim. E essa é a grande e maior aventura de todas… Essa é a grande lição de “Hora de Aventura”.

Contudo, afirmar que a série tem só uma lição seria uma injustiça, pois não aborda apenas os dilemas do humano Finn e de seu cachorro mágico Jake. Existem centenas de personagens nas mais diversas histórias, e todas têm alguma mensagem.

 

Uma das minhas preferidas é a saga do pequeno Lemonhope e sua busca pela liberdade. Lemonhope sai à procura de liberdade na forma literal da palavra e acaba colocando essa tarefa acima de sua segurança, seu bem-estar e seus amigos. Mesmo tendo escapado do reino perverso em que era aprisionado, Lemonhope ainda se sente preso. Ele abandona tudo na esperança de satisfazer seu desejo, mas isso nunca acontece, visto que a liberdade é um conceito que talvez nem exista.

São essas questões que a série apresenta e a tornam tão importante e atemporal. É claro que, falando assim, parece que ela é pretensiosa e pedante, ou mesmo tenta ensinar coisas, mas não é o caso. Na maioria das vezes, a produção é apenas… boba. E isso também é ótimo! Essa mistura de leveza e complexidade combina perfeitamente.

No episódio final, essa composição é elevada ao extremo, e a série sabe colocar um ótimo ponto-final em sua jornada tão mágica e perturbadora… E também prova que o vilão nunca foi o afetado e escandaloso Rei Gelado. O vilão da história é o mal. Coisa bem inocente mesmo, como se uma criança estivesse te contando um conto. O mal sempre foi o vilão e, para derrotá-lo, basta que você seja… Bom.

Confesso que estava preocupado com o capítulo final. Temia que ele fosse apenas a batalha da Princesa Jujuba, negligenciado todas as perguntas ainda sem respostas da história, mas acabou sendo muito maior do que isso. Em 45 minutos, foi resumido de forma ágil tudo o que os 8 anos de série representam. E isso deu uma sensação de encerramento tão forte que rolou até aquele sentimento de vazio, de “acabou mesmo”. Velhos personagens apareceram para presentear os velhos fãs (embora eu tenha sentido falta de alguns, não se pode ter tudo). Mistérios foram revelados, coisas preciosas foram perdidas, e tramas foram encerradas com risadas, lágrimas e uma última grande aventura. Assim como deveria ser.

“Hora de Aventura” ter um “fim” é essencial para a mensagem que o desenho se propôs a contar. A vida é assim, independentemente de onde você vive: mesmo que seja uma terra onde existem criaturas feitas de doce, a vida o persegue, e você precisa fazer escolhas, sofrer um pouquinho, ser fiel à sua identidade. Entretanto, é claro que você também pode curtir com seus amigos, comer besteira até desmaiar e sair por aí com uma vampira maneira que toca baixo. Porque a vida não precisa ser chata.

Mas acabou? Que nada, a aventura nunca termina.

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