A corrida do conhecimento sobre o câncer de mama

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A Oncologia está em constante evolução, sempre em busca de melhores técnicas diagnósticas, desenvolvimento de novas drogas e conhecimento dos mecanismos pelos quais os tumores desenvolvem resistência ao tratamento. Na área do câncer de mama, essa constante corrida por avanços apresentou uma impressionante evolução e benefício a todos os pacientes.

A incidência dessa doença é bastante elevada, uma em cada oito mulheres poderá apresentar câncer de mama em algum momento da vida, seja em pessoas jovens, seja mais idosas. 

É preciso, primeiramente, dividir o câncer de mama em pelo menos 3 diferentes grupos. O 1°, sensível ao hormônio e sem expressão da proteína denominada Her2; o 2°, corresponde ao tumor Her2 positivo, que apresenta essa proteína hiperexpressa; e o 3°, chamado triplo negativo, não apresenta expressão de nenhum dos 3 receptores (estrógeno, progesterona e Her2).

Câncer de mamaFonte: Shutterstock

Para os tumores sensíveis ao hormônio, algumas medicações, como a classe dos inibidores de ciclina, promoveu ganhos robustos para o tratamento da doença avançada. Temos três drogas aprovadas para uso no Brasil (palbociclibe, ribociclibe e abamaciclibe), e a utilização delas combinada à terapia hormonal dobra o tempo de controle da doença, melhora a qualidade de vida e posterga o início da quimioterapia, além de aumentar o tempo de vida das pacientes, que vivem mais e melhor após a incorporação desses medicamentos. 

Com todo esse impacto positivo e toxicidades controláveis, essas medicações seguem sendo estudadas na doença inicial ou localizada. Ainda não há dados suficientes para afirmar que essas medicações teriam benefício também na doença avançada. Especialistas estão trabalhando para obter maior conhecimento sobre os tratamentos, mas isso requer tempo e, por mais avanços que tenham sido feitos, ainda há uma corrida em busca de evidências científicas para direcionar melhor o tratamento para cada paciente. Essa análise é essencial para poder dar a medicação adequada ao paciente certo.

Câncer de mamaFonte: Shutterstock

Hoje, há vários conhecimentos que permitem o desenvolvimento não só de melhores tratamentos, mas também de acompanhamento de pacientes. Uma coleta de sangue comum pode detectar, na circulação, fragmentos de DNA da célula tumoral, a chamada biopsia líquida. Esse novo método possibilita o acompanhamento da evolução do tumor e o eventual desenvolvimento do organismo de resistência às drogas de forma mais precoce, apoiando o oncologista em suas condutas.

No campo dos novos tratamentos, já existe no Brasil uma classe nova de medicamentos, como o trastuzumabe deruxtecan, específico para as mulheres com câncer de mama que expressam a proteína Her2. Esse medicamento é composto de um anticorpo (o trastuzumabe) que vem conjugado à droga (o deruxtecan). Isso permite que a droga entre apenas na célula tumoral que apresenta altos níveis da proteína Her2, sendo um sistema de entregas bastante específico, diminuindo os efeitos colaterais do tratamento — uma vez no seu interior, é provocada uma explosão que destrói a célula e aquelas ao seu redor. Isso se mostrou altamente eficaz na doença avançada em pacientes que foram tratadas previamente com quimioterapia e outros anticorpos anti-Her2.

O maior entendimento da doença, de sua biologia e das alterações moleculares frequentemente relacionadas ao desenvolvimento de resistência ao tratamento vem contribuindo para a criação de moléculas mais inteligentes, direcionadas e com menor toxicidade, o que vem transformando a doença avançada em crônica, cujo tratamento é duradouro, mas também é responsável pelo impacto positivo no controle do câncer, na qualidade e tempo de vida das pacientes, possibilitando a elas viverem melhor.

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Este texto foi produzido em parceria com a Dra. Andrea Shimada, Oncologista clínica do Hospital Sírio-Libanês

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