Graham Bell ou Antonio Meucci: quem inventou o telefone?

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Nós não vivemos mais sem o telefone. Não somente sem o aparelho físico, mas também não vivemos sem tudo o que esta tecnologia proporcionou, como os modernos sistemas de telecomunicações, os celulares e a internet. Agora, faça uma pesquisa rápida em sua memória e responda: quem inventou o telefone? A esmagadora maioria deve ter respondido “Graham Bell”!

Apesar de Bell ser amplamente conhecido como pai do telefone, há alguns indícios de que isso não seja uma verdade absoluta. À sombra da história está o italiano Antonio Meucci, inventor nascido na cidade de Florença e que muitos apontam como o verdadeiro criador do telefone. Um briga histórica que conta com argumentos de ambos os lados e que o Tecmundo expõe agora para você.

Patentes da discórdia

Alexander Graham Bell nasceu na cidade escocesa de Edimburgo, no dia 3 de março de 1847. Estudioso da ciência da acústica, Bell se mudou com a família para o Canadá em 1870, onde focou suas pesquisas sobre o que viria a ser o telefone. No início de 1876, o então jovem Graham Bell registrou no Escritório de Patentes dos Estados Unidos a invenção pela qual entraria para a história da humanidade.

O registro garantia a Bell a patente de um aparelho eletromagnético que permitia a comunicação simultânea entre dois pontos a uma longa distância entre si. Na mesma época, porém, veio a primeira briga judicial de Bell: Elisha Gray, engenheiro elétrico estadunidense, também reivindicava a invenção do telefone.

Bell: amplamente conhecido como inventor do telefone. (Fonte da imagem: Wikimedia Commons)

No início da década de 1870, Gray descobriu por acaso uma função aprimorada para o telégrafo, que permitia a transmissão de sinais sonoros simultâneos pelo mesmo cabo. Seu projeto empacou, pois ele não descobriu um método de separar os sinais enviados para que pudessem ser interpretados na estação receptora. A demora em registrar seu trabalho levou Gray a ficar para trás.

Gray foi o primeiro mas não o único a contestar Bell como o inventor do telefone. Nascido em Florença, na Itália, em 13 de abril de 1808, Antonio Santi Giuseppe Meucci foi estudante de engenharia química e industrial e teria inventado um protótipo do telefone bem antes do imbróglio entre Gray e Bell da metade da década de 1870.

Meucci: do telégrafo falante ao teletrofono

O primeiro protótipo do telefone criado por Meucci era um tubo para conduzir o som entre palco e sala de controle do Teatro della Pergola, em sua cidade natal. Por motivos políticos, Meucci se viu obrigado a deixar a Itália e, em 1835, partiu rumo a Havana, capital de Cuba, onde deu sequência a seu trabalho de inventor.

Por acaso, enquanto pesquisava os efeitos das descargas elétricas no corpo humano, Meucci descobriu a possibilidade de transmitir sons por meio de cabos telegráficos. A isso, ele deu o nome de “telégrafo falante”. Em 1854, já vivendo nos Estados Unidos, o inventor italiano aprimorou sua criação e desenvolveu um sistema que permitia a sua mulher enferma se comunicar, de casa, com ele, que trabalhava em um edifício vizinho. Criava-se aí o primeiro sistema telefônico do mundo, chamado por ele de “teletrofono”.

Desenhos de 1857 e 1867, respectivamente, registrados por Meucci. (Fonte da imagem: Divulgação/HHF)

Na década de 1860, o imigrante italiano, que já era pobre, caiu de cama após ficar gravemente ferido durante a explosão do barco em que viajava. Com as finanças cada vez mais escassas, sua esposa se viu obrigada a vender algumas patentes do marido. Nessa época, ela teria negociado inclusive um protótipo do telefone.

Recuperado, Meucci retomou os trabalhos de sua principal invenção, mas não tinha recursos para patenteá-la de forma permanente. Em 28 de dezembro 1871, ele entrou com um processo para registro da patente do “telettrofono”. Como não tinha dinheiro suficiente para registrar permanentemente sua invenção, fez o registro temporário enquanto procurava investidores.

Demonstração pública e processos judiciais

Com o registro temporário da patente em mãos, Antonio Meucci voltou a realizar demonstrações de sua invenção para atrair patrocínio. Um de seus alvos foi a Western Union Telegraph Company, empresa de comunicação telegráfica que recebeu equipamentos e informações sobre o invento do imigrante italiano, mas nunca deu retorno algum.

Quando Meucci tomou conhecimento da patente número 174.465, de 7 de março de 1876, que garantia a Graham Bell a autoria do telefone, ele foi à justiça para ter seu direito de criador reconhecido. Entretanto, o processo nunca foi solucionado e se arrastou por mais 10 anos, até 1889, ano da morte de Meucci em Nova York.

Um dos motivos apontados para a morosidade da justiça dos Estados Unidos em solucionar o caso à época teria sido a pressão da Western Union. Supostamente, a empresa teria um acordo financeiro com Graham Bell e receberia 20% de todo o lucro obtido com a invenção do escocês.

Reconhecimento tardio

Antonio Meucci, reconhecido em 2002 como inventor do telefone. (Fonte da imagem: Wikimedia Commons)

Em 11 de junho de 2002, o Congresso dos Estados Unidos reconheceu, por meio da resolução 269, as contribuições de Antonio Meucci para a invenção do telefone, ou seja, atestando a o italiano como o verdadeiro inventor do aparelho. Apesar disso, a patente de Bell não foi anulada ou modificada.

Em contrapartida, 10 dias depois, em 21 de junho de 2002, o parlamento canadense aprovou unanimemente uma moção a Alexander Graham Bell, reafirmando o escocês como o inventor do telefone. A posição canadense é vista como uma resposta à ofensa à horna de Bell, que viveu no Canadá e é muito celebrado no país.

Meucci ou Bell?

O julgamento histórico sobre quem realmente inventou o telefone não vai ser realizado pela equipe do Tecmundo. Em uma análise cronológica dos fatos, não se pode negar que Antonio Meucci inventou aparelhos ancestrais ao telefone bem antes de Bell, mas talvez não seja prudente colocar o escocês na História como um mero “ladrão de patentes”.

E você, o que acha? Seria esta apenas uma coincidência histórica de inventores com projetos semelhantes ou mais um caso de roubo de ideias?

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