Tecmundo Explica: por que não devemos comparar baterias pelo valor mAh?

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Quase todos os dias, trazemos uma série de notícias relatando anúncios e lançamentos de celulares, tablets, notebooks e outros tantos aparelhos eletrônicos que são do seu interesse.

Para facilitar a divulgação das informações, separamos as principais especificações, incluindo detalhes sobre o hardware e a capacidade da bateria.

Acontece que alguns números não dizem muita coisa. Inclusive, muitas vezes, costumamos fazer associações até enganosas entre gadgets usando valores que não representam diretamente uma vantagem para a utilização diária. No caso das baterias, comparamos os aparelhos tomando como base apenas o valor em “mAh”.

Isso nos leva a crer que um determinado dispositivo com bateria de 3.500 mAh é melhor do que outro com componente energético com bateria de 2.800 mAh. Todavia, na prática, isso nem sempre funciona assim. Pensando nessa questão, resolvemos explicar as diferenças de autonomia de bateria entre um gadget e outro.

Afinal, o que é o mAh?

Bom, antes de entrarmos em detalhes sobre a autonomia das baterias, devemos compreender o que é o tal valor mAh e como funciona essa medida. A primeira coisa a notar é que esse número não representa a “potência” da bateria, mas sim a capacidade dela.

O mAh é uma subunidade de carga elétrica que indica a transferência de uma determinada corrente (em miliamperes) ao longo de uma hora. Por exemplo: uma bateria de 2.100 mAh é capaz de transferir até 2.100 miliamperes em uma hora. Simples, não?

(Fonte da imagem: Reprodução/picstopin)

O que exatamente isso representa? Na verdade, não serve para muita coisa. Esse número faz muito mais sentido para a fabricante que precisa realizar cálculos (com base no consumo de cada componente de hardware) e informar valores úteis (de autonomia) ao consumidor. Nós já ensinamos em outro artigo como realizar esse cálculo, confira clicando aqui.

Para quem compra, interessa realmente saber detalhes como o tempo máximo que a bateria aguenta durante a reprodução de músicas, a realização de chamadas e assim por diante. O valor em mAh acaba sendo interessante para que o consumidor tenha apenas uma noção da capacidade total do componente energético.

No dia a dia, normalmente não sabemos o consumo real do aparelho. Alguns softwares até indicam quais componentes e apps estão usando mais energia, mas dificilmente você saberá qual a corrente necessária para que o display do seu aparelho funcione com o brilho em nível máximo.

Não é correto comparar as baterias?

Considerando a bateria como um componente isolado, poderíamos compará-las sem quaisquer problemas (aliás, podemos fazer essa comparação entre pilhas recarregáveis). Todavia, quando comparamos baterias de celulares, por exemplo, pensamos que a maior capacidade indica maior autonomia, sugerindo que uma é melhor que outra.

(Fonte da imagem: Tecmundo/Baixaki)

Acontece que as diferenças de consumo energético entre os celulares impossibilitam essa comparação, portanto se engana quem pensa que uma bateria com valor mAh elevado dura mais do que outra de menor valor — ainda que tal presunção possa ser válida em alguns casos.

Quer ver um exemplo que pode nos levar ao engano? O Samsung Galaxy S4 conta com uma bateria de 2.600 mAh, portanto, de acordo com essa ideia de que o valor mAh representa a autonomia, poderíamos pensar que o S4 tem melhor autonomia do que o HTC One, que conta com uma bateria de 2.300 mAh.

(Fonte da imagem: Reprodução/Phone Arena)

Na prática, as coisas não são bem assim. De acordo com as informações oficiais das fabricantes, a bateria do Galaxy S4 fornece energia para aguentar até 17 horas de conversação. Já o componente energético do One rende ligações por até 18 horas.

Pois é, como você pode ver, o Galaxy S4 tem bateria de maior capacidade, mas ele acaba oferecendo menos tempo de bateria durante os telefonemas. A autonomia inferior do S4 se deve ao consumo excessivo de energia. Aliás, o consumo é justamente a explicação para todo esse assunto.

Quase tudo depende do hardware

Como você deve imaginar, cada componente eletrônico (CPU, GPU, adaptador WiFi) necessita de energia elétrica (tensão e corrente) para funcionar apropriadamente. Acontece que cada celular conta com diferentes dispositivos internos e designs de funcionamento próprios — o que explica os resultados diferentes.

(Fonte da imagem: Reprodução/imore)

Mesmo no caso de componentes idênticos (pegue dois aparelhos quaisquer que tenham o processador Snapdragon 800), podemos notar que, até em casos de similaridade no hardware, haverá resultados distintos.

É importante notar que há alguns componentes específicos que consomem mais energia que outros. É o caso da tela, da conexão com a operadora, do GPS, das redes WiFi, do processador e de outros. Portanto, a autonomia é muito relativa, dependendo muito do que é executado, como acontece a execução de uma determinada tarefa e qual hardware está em uso.

Além das questões de consumo de cada componente, devemos notar que cada aparelho funciona de forma diferente e tem suas formas de otimizar o uso da energia. É complicado comparar aparelhos com telas de tamanhos distintos, baterias mais e menos capacitadas e componentes de hardware totalmente diferentes.

(Fonte da imagem: Reprodução/GSM Arena)

Há alguns produtos, como é o caso do Moto X, que possuem componentes de hardware especiais para melhorar o uso da energia e é justamente por isso que às vezes um celular com a mesma capacidade de bateria que outro consegue ter uma autonomia elevada.

O software desempenha um papel importante

Por fim, devemos notar que o software influencia diretamente no consumo da energia. Um sistema que não é capaz de entender como funciona cada componente e gerenciar todos os itens pode acabar fazendo a energia acabar rapidamente.

Ampliar (Fonte da imagem: Reprodução/Ordinary Computer Guy)

O Mac OS X é um bom exemplo de software que sabe fazer bom proveito da energia. A versão Mavericks, por exemplo, conseguiu aumentar a autonomia de bateria dos notebooks da Apple, sem que a empresa precisasse modificar os componentes de hardware ou incluir uma bateria mais capacitada.

Vale notar que a autonomia também depende da quantidade de aplicativos que permanece em execução. É difícil conseguir excelente duração de bateria mantendo Facebook, Instagram, player de música e jogos rodando em segundo plano.

Número irreais

Muitas vezes, a fabricante informou que determinado celular tem bateria capaz de oferecer 10 horas de conversação, mas na prática você não consegue esse tempo. Infelizmente, você terá de se contentar com isso, pois os testes das fabricantes são realizados em laboratórios sob condições bem específicas.

(Fonte da imagem: Reprodução/GSM Arena)

Moral da história: a capacidade em mAh de uma bateria é importante, mas os resultados na prática não dependem somente dessa característica. O brilho da tela, o uso do processador e outros componentes influenciam diretamente na autonomia. No fim das contas, vale acompanhar análises para conferir como cada aparelho se sai em diferentes atividades.

A grande verdade é que os gadgets de hoje são muito potentes e necessitam de muita energia, enquanto as baterias não acompanharam essa evolução.   Você se lembra dos tijolões que tinham baterias que duravam apenas um dia? Pois é, os atuais aparelhos realizam mais tarefas, mas suas baterias acabam durando apenas um ou dois dias. Parece que precisamos de melhores tecnologias nessa área...

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