Construímos e testamos uma bazuca de batatas [vídeo]

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Você já ouvir falar de uma bazuca de batata, ou spud gun? Aqui no Brasil, elas não são muito comuns, mas nos Estados Unidos  elas são bastante conhecidas. Lá existem competições onde os “atiradores” exibem suas armas — quase todas artesanais — e disputam para ver quem é o melhor. Existem campeonatos de design, poder de fogo e poder de alcance, entre outras modalidades.

Os projéteis lançados não são somente batatas, mas praticamente qualquer coisa que caiba dentro do canhão: isso pode incluir frutas, como maçãs e peras, ou até mesmo cápsulas moldadas com PVC, resina e outros materiais. Quanto mais uniforme o projétil, maior é a chance de o tiro atingir o alvo, uma vez que as batatas tendem a mudar a sua trajetória devido ao seu formato imperfeito.

Combustão ou pneumática?

Existem dois modelos básicos de spud guns: pneumático e à combustão. Ambos trabalham com o mesmo princípio: a expansão de gases dentro de uma câmara de compressão. O primeiro recebe uma quantidade de ar que, ao ser comprimido, ganha maior densidade e, consequentemente, maior poder de expansão. Quando a válvula é aberta, o gás sai rapidamente pela única saída disponível, no caso, o cano da arma.

(Fonte da imagem: Reprodução/The Spudgun Technology Center)

O outro modelo é semelhante, mas em vez de ar comprimido, ele recebe uma mistura de ar e combustível, geralmente gás propano ou até mesmo spray de cabelo. Um disparador gera uma fagulha que dá a ignição na mistura, e esta se expande rapidamente, procurando uma saída. O funcionamento é simular ao dos motores a combustão, utilizados nos automóveis.

A nossa própria bazuca de batatas

Para testar a eficácia dessas armas, decidimos construir uma bazuca de batatas do modelo pneumático. Optamos por criar um modelo mais simples e menos poderoso, apenas para conhecer de perto esse brinquedo tão perigoso.

Lembre-se: somos profissionais e levamos a segurança em primeiro lugar. Jamais tente fazer isso sem a supervisão de alguém com experiência na área.

Nós não vamos revelar exatamente como é o processo de montagem, e nem quais são os componentes necessários, devido ao sério risco de acidentes que esse tipo de equipamento pode provocar. Para testar os disparos, vamos até um local em que possamos experimentar a nossa bazuca com segurança.

(Fonte da imagem: Tecmundo)

Antes de disparar, precisamos carregar a munição. A batata deve ficar bem justa, caso contrário, o ar comprimido escapa e não consegue ser forte o suficiente para expulsar o projétil.

Depois de carregar a arma com a munição, alimentamos o equipamento com ar comprimido. Para nos certificarmos de não utilizar pressão demais na câmara, utilizamos uma bomba de encher pneus com um medidor analógico acoplado.

(Fonte da imagem: Tecmundo)

Para testar os tiros, utilizamos um boneco de plástico. O resultado é impressionante. O poder da arma, mesmo sendo em escala reduzida, é muito grande. É possível ver a força do disparo ao atingir a parede: a batata simplesmente é pulverizada, mesmo a uma distância razoável.

 

Um tiro com 30 libras de força  jogou o boneco para longe. Já outro, com 60 libras, simplesmente despedaçou nosso herói de brinquedo. É possível ver a fumaça saindo da boca do cano no momento do disparo.

(Fonte da imagem: Tecmundo)

Vamos relembrar um pouco as aulas de física?

Ao encher a arma com ar, ele se comprime, tornando-se mais denso e ocasionando maior pressão que o ar da atmosfera. Ao liberar a válvula e deixar o gás sair, ele é expulso com muita violência para a única abertura que encontra: o cano da arma. A batata que estava no caminho é disparada com a mesma violência.

Quanto maior a pressão dentro da arma, maior o poder de fogo. Em contrapartida, o perigo também aumenta. A pressão no tubo de PVC não deve passar de 60 libras, por medida de segurança. Caso o cano venha a explodir, poderá machucar seriamente o atirador e todos os que estiverem próximos, devido aos estilhaços.

Uma brincadeira perigosa

Apesar de divertida, essa brincadeira pode apresentar sérios riscos ao atirador e até mesmo a quem estiver por perto em caso de acidente. Se a arma não for bem construída, ela pode explodir e causar ferimentos muito graves ou até a morte. Acidentes envolvendo esses equipamentos são muito comuns, principalmente pelo material utilizado em sua construção.

(Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)

A maioria das pessoas utiliza canos de PVC, devido ao baixo custo. Apesar de eles serem certificados para aguentar a alta pressão da água, os tubos não são preparados para suportar explosões internas, no caso dos modelos à combustão. O calor faz com que os tubos sofram pequenas fraturas e, com o tempo, explodam, enviando estilhaços para muitas direções.

Os profissionais do ramo recomendam a utilização de tubos de cobre — ou até mesmo de aço — para garantir a segurança do atirador e das pessoas à sua volta, no entanto, o alto custo desses materiais acaba levando a maioria dos entusiastas a utilizar os tubos de PVC.

(Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)

Devido à sua natureza perigosa, essas armas são proibidas em muitos países. Em Portugal, por exemplo, para possuir uma spud gun é preciso ter licença para sua utilização. Em outros locais, como na Polônia, os modelos pneumáticos entram na categoria das armas de ar comprimido, já os equipamentos à combustão são classificados como armas de fogo.

A maior bazuca de batatas do mundo

Testes com armas de grande porte não costumam ser muito baratos. Um canhão de batatas, por outro lado, é. A marinha americana construiu uma spud gun em tamanho família para testes militares.

Desenvolvido no Naval Air Warfare Center (Centro Naval de Guerra) em China Lake, na Califórnia, o canhão que recebeu o nome de VERA ou Variable Energy Research Accelerator (Acelerador de Energia Variável) consegue disparar projéteis quase na mesma velocidade que o som. O equipamento é um híbrido que mistura ar comprimido e combustão para disparar, atingindo um poder de destruição imenso.

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