No último dia 30 de maio, o Twitter foi tomado por uma comoção homérica depois que o usuário Henrique Martins, também conhecido como "XCapim360" e membro do canal Xbox Mil Grau, postou um tweet com conteúdo de cunho racista. Desde então, a internet cobrou diversas grandes empresas para que atitudes fossem tomadas, o que resultou em uma cobrança da Microsoft Brasil a remover o nome "Xbox" do canal, no banimento do canal da Twitch e, agora, na suspensão no Programa de Parcerias do YouTube (ou seja, o canal está desmonetizado, tanto em propaganda quanto em arrecadação de Superchat) e a remoção de todos os vídeos que receberam denúncias no canal por violar as políticas de uso.
Desde que o usuário fez o tweet no último dia 30, muitos influenciadores, veículos e inúmeras pessoas que foram atacadas pelo grupo no passado reagiram e subiram as hashtags #TwitchApoiaRacista e #YouTubeApoiaRacista, pedindo mobilização e providências das empresas envolvidas: marca Xbox, Twitch, YouTube. O grupo é conhecido por seu radicalismo em compactuar com premissas preconceituosas. No tweet, Henrique Martins (XCapim360) pergunta: "Vai dar choro ou nao?" em uma imagem que diz "O que os negros estão fazendo hoje" em uma imagem de protestos nos EUA e "O que os brancos estão fazendo hoje", com os astronautas que foram ao espaço com a SpaceX. Até mesmo o Sleeping Giants se juntou à causa na data.
Após a pressão ganhar notoriedade internacional, com Motherboard da Vice, Jason Schereier da Bloomberg, Daniel Ahmad e até mesmo Phil Spencer, chefão da divisão Xbox, tomarem conhecimento do ocorrido, a Microsoft Brasil finalmente se pronunciou e pediu a remoção do nome "Xbox" do canal.
Twitch baniu o canal do Xbox Mil Grau após pressão no Twitter
Visto que a pressão popular ajudou a Microsoft a tomar uma decisão e agir de forma legal para que o canal Xbox Mil Grau não utilizasse mais a marca em suas publicações, o Twitter foi atrás de um posicionamento e ação por parte da Twitch. Vale lembrar que há muitos anos o canal cria conteúdo ofensivo em suas lives e atacam pessoas indiretamente, sem citar nomes.
Ricardo Regis, fundador e ex-integrante do Nautilus, moveu uma campanha que subiu a hashtag #TwitchApoiaRacista, que colocou o assunto nos Trending Topics do Twitter e resultou no banimento (aparentemente permanente, segundo fontes de Ricardo) na Twitch. Abaixo, você confere a thread e diversos recortes de declarações racistas do canal. Confira:
Você também confere abaixo as informações sobre o banimento da conta na Twitch:
YouTube suspende Programa de Parcerias e exclui todos os vídeos do Xbox Mil Grau
A união do Twitter contra as declarações racistas não parou por aí. Depois de conseguirem derrubar o canal da Twitch, Ricardo e diversos jornalistas e influencers cobraram o YouTube sobre um posicionamento das ações do canal em sua plataforma, que agregou diversos vídeos com conteúdo que violava as políticas do site (como diversos ataques contra minorias).
O canal XMG (antigo Xbox Mil Grau, que removeu o nome "Xbox") fez diversas lives trancadas para os seus seguidores para arrecadar dinheiro para processos e manter o canal na ativa, o que gerou milhares de reais em doações em diversos vídeos.
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A hashtag novamente entrou nos Trending Topics do Twitter, algo que ajudou as contas de suporte do YouTube darem atenção ao caso. Hoje, dia 5, o YouTube se posicionou e soltou um comunicado dizendo que todos os vídeos denunciados foram removidos e que o canal não faz mais parte do Programa de Parcerias do YouTube, o que implica na desmonetização do canal, tanto de propagandas da plataforma quanto do dinheiro arrecadado via Superchat nas lives.
Contas do Twitter suspensas e trancadas
Desde os ocorridos de ontem (04) e hoje (05), todos os membros do XMG desativaram as suas contas no Twitter ou excluíram os tweets, como você pode ver abaixo:
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O que diz o XMG (Xbox Mil Grau) sobre o caso?
O canal XMG soltou um comunicado em seu Twitter (que está desativado no momento) falando que o Xbox Mil Grau não fez comentários racistas e apoia a diversidade de pessoas em sua plataforma. Segundo Christoph (Chief), criador do canal, o conteúdo é +18 e há conteúdo de "humor negro" com piadas e brincadeiras que também são feitas por diversos humoristas pelo mundo. Por fim, Chief diz que apoia a liberdade de expressão e diz que Henrique Martins (XCapim360) fez os comentários em sua conta pessoal. Confira:
A união faz a força: o mundo gamer contra o racismo e discriminação
Toda a comoção que ajudou a colocar o assunto em níveis internacionais fez parte de uma grande união da comunidade gamer por muitos e muitos dias, fazendo com que hashtags ficassem no Trending Topics do Twitter e todas as grandes empresas tomassem posição contra as publicações, declarações e vídeos com cunho racistas ou ofensivos para outras minorias.
Foram centenas de milhares de tweets sobre o assunto, diversos jornalistas americanos ajudando na causa e até mesmo grandes celebridades, como Mark Hamill, ator que interpreta Luke Skywalker nos cinemas e é voz de múltiplos personagens de games. Confira:
O resultado vem do esforço de múltiplos jornalistas brasileiros, que ajudaram a atingir a mídia internacional e até legendas os vídeos e publicações para que todos pudessem entender o conteúdo dos ataques.
Agora, Ricardo Regis, ex-Nautilus, disse em seu Twitter que o próximo passo é acionar a justiça. Alguns advogados disseram nos últimos dias que estavam tentando levar o caso para o MPSP (Ministério Público de São Paulo) e MPF (Ministério Público Federal), já que racismo é um crime imprescritível e inafiançável. No momento, diversos usuários estão tentando contatar o PayPal, plataforma em que o XMG recebe diversas doações de seus fãs.
O Voxel está acompanhando o caso e atualizará esta notícia se novas informações surgirem.
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O Voxel reprova qualquer ato de racismo e simpatiza com as causas que lutam pela igualdade de direitos para cidadãos negros, LGBTQ+, mulheres e outras minorias. Como veículo de comunicação, entendemos que é nosso dever dar visibilidade, dentro do nosso escopo editorial, a parcelas da população que, mesmo em 2020, precisam se expor e se posicionar pelo simples direito à sobrevivência. Na NZN, nossa empresa-mãe, diversidade é um dos valores institucionais, e acreditamos que é através disso que conseguimos cultivar a criatividade. A diferença deve nos unir, jamais nos separar.