As TVs 3D correm o risco de acabar? [opinião]

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(Fonte da imagem: Reprodução/Sharp)

Há alguns anos, a tecnologia 3D vem batalhando para permanecer no mercado. No início, a novidade agregava valores absurdos aos produtos, o que afastava os consumidores.

Além da questão de custo, a funcionalidade deste recurso teve problemas de popularização devido à falta de conteúdo compatível. De que adiantaria comprar um player, uma TV e um home theater para executar tais mídias se não havia o que reproduzir?

Bom, depois de quase quatro anos na peleja, o 3D finalmente conquistou seu lugar. Com preços atraentes, uma gama de jogos convidativos, filmes em Blu-ray e conteúdo disponível até mesmo nas TVs a cabo, os consumidores tiveram coragem para entrar nesta onda.

Eu mesmo fui uma das pessoas que não apostavam no 3D, mas que, por conta das ofertas atraentes, acabaram aderindo à tecnologia. Ocorre, no entanto, que, justamente agora que a ideia está decolando, algumas empresas estão pensando em abandonar o barco.

(Fonte da imagem: Divulgação/Panasonic)

Em notícia recente, Niclas Ericson, diretor de televisão da FIFA, comentou que a próxima Copa do Mundo pode não contar com a transmissão de jogos em 3D. Ericson afirma que, além do problema de canais interessados no conteúdo, existe a questão do custo.

É justamente por isso que a ideia é focar nas transmissões dos jogos em HD e 4K — esse último que é a grande sensação do momento. Levando isso em conta, ficamos nos perguntando se a tecnologia 3D não corre risco de ser abandonada por outros tipos de mídias e produtoras. Hoje, vou comentar sobre a Copa e outras indústrias que trabalham com conteúdos 3D.

Um conteúdo para desfrutar esporadicamente

A primeira coisa que vale colocar em pauta é que o cancelamento do canal ESPN 3D não quer dizer muita coisa. Há dois problemas para um canal que transmite exclusivamente conteúdos desse tipo: a disponibilidade de material e a demanda pelos eventos transmitidos.

Devemos considerar que a quantidade de shows, partidas futebolísticas e documentários para TVs 3D é muito limitada. No caso do futebol, por exemplo, não há sentido em investir na gravação de jogos de times pequenos. Os torcedores são poucos e não há retorno. No fundo, esse é o principal empecilho para manter um canal tridimensional sempre disponível.

(Fonte da imagem: Reprodução/3D Vision Blog)

A demanda é um aspecto relativo. Em um jogo comum, por exemplo, não há espectadores suficientes para dar o retorno necessário. Na Copa do Mundo, a história muda de cenário. Contudo, para a emissora, o que realmente importa é um público mínimo que seja constante. Tendo um público fiel, o canal pode vender espaços para anúncios. E assim vem o dinheiro.

A história toda é mais complicada para o telespectador. Mesmo que você adore ver filmes, shows e jogos de futebol, isso não quer dizer que você sempre vai ativar o 3D para assistir algo na sua TV. As pessoas não adquiriram tal costume e nem há motivo para fazê-lo.

Além de existir todo o trabalho de ajustar a configuração 3D, há o incomodo de usar os óculos e sentir desconforto após certo tempo de uso. Todas essas questões inviabilizam a popularização da tecnologia, mesmo que ela já tenha bons números de venda e conte com diversos tipos de conteúdos em disco e na TV.

Filmes 3D estão muito evoluídos

Se pensarmos no interesse de consumo em casa, talvez a tecnologia 3D realmente possa desaparecer dentro de alguns anos. Todavia, há um panorama muito maior que garante a sobrevivência dos filmes com uma dimensão extra: o cinema.

Desde o lançamento de Avatar, a quantidade de filmes tridimensionais aumentou significativamente. Hoje, é raro passarmos um mês sem ter algum longa-metragem com versão 3D. Aliás, há muitos cinemas que estão dando prioridade para as películas em três dimensões. O motivo? Há muita gente querendo ver filme 3D!

(Fonte da imagem: Reprodução/Pacific Rim Movie)

É totalmente contraditório se pensarmos que um bocado dessas pessoas não possui uma TV 3D em casa e que muitas que adquiriram equipamento doméstico não gostam de assistir a filmes 3D na poltrona da sala. A diferença consiste na experiência da tela gigante e nos lançamentos semanais, dois fatores que ajudam a impulsionar a tecnologia.

Além de toda essa questão do interesse do público, devo comentar que a técnica dos estúdios evoluiu consideravelmente. Antes, era comum nos deparamos com adaptações de péssima qualidade, as quais davam dor nos olhos e mostravam o simples interesse em fazer dinheiro. Hoje, a maioria dos filmes é projetada para a experiência 3D.

O sucesso do cinema 3D resulta em duas coisas: altos lucros para os estúdios e, de quebra, a produção de Blu-rays. Apesar de chegar com altos preços ao consumidor, as mídias BD 3D não custam quase nada para as produtoras. Venda pouco ou muito, os filmes continuam sendo produzidos e as pessoas que têm aparelhos compatíveis vão, vez ou outra, comprar um disco.

(Fonte da imagem: Reprodução/Amazon)

A meu ver, fica claro que mesmo que a tecnologia 3D não emplaque na TV, ela vai continuar existindo e dando grande retorno para os estúdios e fabricantes de eletrônicos. É possível que você esteja se perguntando sobre o 4K e 8K. Bom, mesmo quando essas novidades chegarem para ficar, o 3D ainda poderá coexistir, afinal, ele oferece algo que não existe nos filmes 2D.

O apoio da indústria dos games

Até o momento, Sony e Microsoft não falaram muito sobre jogos 3D em seus novos consoles, mas os dois contam com hardware capacitado para tal recurso. Por enquanto, temos a notícia de que Daylight será um dos games com a tecnologia RealD 3D que será lançado para o PlayStation 4. Apesar de ser apenas um jogo, nada impede que outros venham por aí.

É bom notar que as placas gráficas para computadores também já estão mais do que preparadas para quaisquer jogos tridimensionais. Os monitores 3D e acessórios para PCs estão mais comuns e baratos, o que quer dizer que essa tecnologia pode continuar existindo por mais alguns anos.

(Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons e Microsoft)

A grande questão que quero abordar, contudo, é sobre a reprodução de conteúdo 3D nesses aparelhos. Os dois video games são capazes de reproduzir Blu-ray 3D, o que quer dizer que muitas pessoas que não queriam investir em um aparelho específico para isso terão um console que supre essa lacuna que existia no Xbox 360.

Talvez os componentes de hardware do PS4 e do Xbox One possam até oferecer suporte para filmes 4K em 3D. Se isso for possível, então os aparelhos serão ideais para continuar ofertando a tecnologia e dando mais lucros aos estúdios.

Enfim, parece que será muito difícil acabar com a tecnologia 3D. Basicamente, ela estará cada vez mais difusa e, considerando os modelos de vendas da PSN e da Live, podemos até pensar que esses filmes 3D poderão ser alugados ou vendidos por meios digitais.

(Fonte da imagem: Reprodução/Market Saw 3D)

Não tenho como saber se o 3D vai continuar existindo, mas espero que ela não acabe tão brevemente — até porque, particularmente, eu investi em uma TV 3D e não quero perder meu dinheiro —, principalmente porque ela é optativa e pode oferecer experiências bem diferentes. O que você acha sobre o assunto?

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