Xiaomi Mi Note 2: review/análise [vídeo]

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Imagem de: Xiaomi Mi Note 2: review/análise [vídeo]

Talvez você não saiba, mas a Samsung lançou na segunda metade do ano passado um top de linha chamado Galaxy Note 7. Ele estava sendo considerado o melhor dispositivo do ano e, consequentemente, o melhor trabalho da divisão mobile da Samsung até então. Contudo, o aparelho apresentou uma série de problemas de bateria e começou a explodir mundo afora. Com isso, ele foi recolhido pela marca definitivamente, e o seu melhor clone, Mi Note 2 da Xiaomi, pôde florescer.

Esta análise aqui é referente a esse aparelho da marca chinesa, que tem um design muito similar ao do da Samsung e, por ironia do destino, acabou assumindo seu lugar de celular grande e parrudo com as bordas da tela curvadas no mercado. A GearBest nos enviou uma unidade desse dispositivo para testes, e agora você confere o que eu tenho a dizer sobre o Mi Note 2.

Só um clone?

Vamos começar a falar desse smartphone pelo aspecto do hardware. Nesse sentido, ele é bem diferente do finado aparelho da Samsung. Isso porque ele tem nada menos que 6 GB de memória RAM e usa o processador Snapdragon 821 em todas as suas versões. Ademais, a versão internacional tem 128 GB de armazenamento, o que garante ao usuário um conjunto de especificações bem impressionante. O processador não é o mais recente Snapdragon 835 da Qualcomm, mas esse chip só está começando a aparecer no mercado agora, com o Galaxy S8/S8+ norte-americano.

O aparelho é extremamente potente e consegue dar conta de qualquer app ou jogo da Google Play com as duas mãos nas costas

Seja como for, o aparelho é extremamente potente e consegue dar conta de qualquer app ou jogo da Google Play com as duas mãos nas costas. Por conta do excesso de RAM — excesso porque, em minha opinião, 6 GB ainda é um exagero —, ele consegue rodar tranquilamente uma série de títulos pesados e mantê-los carregados na memória por um bom tempo. Assim, você pode alternar entre um em outro sem ter que recomeçar tudo do zero.

Eu joguei games como Uncharted: Fortune Hunter, N.O.V.A Legacy e Power Rangers Legacy Wars sem nenhum tipo de problema nos gráficos ou na performance geral. Os carregamentos acontecem muito rapidamente, com a exceção das atualizações constantes de Power Rangers. Contudo, acredito que isso seja mais uma condição do jogo do que do próprio smartphone.

Dito isso, é seguro você assumir que ele também lida superbem com apps mais simples, como Facebook, Instagram, WhatsApp e todos os itens do pacote Google, tais quais Maps, Gmail e por aí vai. Ele funciona muito bem também para navegar na web, sendo sempre muito ágil.

Benchmarks

Para a realização desta análise, o Xiaomi Mi Note 2 foi submetido a três aplicativos de benchmark. São eles: 3D Mark (Ice Storm Unlimited), AnTuTu Benchmark 6 e Vellamo Mobile Benchmark (HTML 5 e Metal).

O teste Ice Storm Unlimited, do 3D Mark, é utilizado para fazer comparações diretas entre processadores e GPUs. Fatores como resolução do display podem afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

Um dos aplicativos de benchmark mais conceituados em sua categoria, o AnTuTu Benchmark 6 faz testes de interface, CPU, GPU e memória RAM. Os resultados são somados e geram uma pontuação final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

O Vellamo Mobile Benchmark aplica dois testes ao aparelho: HTML5 e Metal. No primeiro deles é avaliado o desempenho do celular no acesso direto à internet via browser. Já no teste Metal, o número final indica a performance do processador. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

Parecido até demais

É, não dá para negar. O Mi Note 2 da Xiaomi é uma cópia descarada do Galaxy Note 7 da Samsung. Mas como o dispositivo da coreana não está mais por aí, você não vai passar por nenhum momento constrangedor com ele no bolso, caso alguém o confunda com o Note 7. Mas isso não é grande coisa. O que importa mesmo é a aparência e a qualidade de construção do celular da Xiaomi.

Nesse aspecto, eu digo com segurança que este é sim um aparelho bonito. Ele tem um visual bem elegante, com essas placas de vidro de bordas curvas perfeitamente simétricas se encontrando na moldura metálica. Fora isso, é necessário destacar dois pontos positivos: a câmera é completamente rente ao vidro traseiro, e todos os botões são de excelente qualidade. Você não sente que eles podem estragar em um futuro próximo quando os aperta.

Senti falta de uma caneta stylus como a S Pen do Galaxy Note 7

Por outro lado, senti falta de uma caneta stylus como a S Pen do Galaxy Note 7, que tinha uma infinidade de funções e muitos recursos de software bem elaborados para acompanhá-la. Como a Xiaomi decidiu copiar a Samsung, seria interessante ter copiado a melhor parte do aparelho da coreana. Do jeito que está, parece incompleto.

Agora sobre qualidade de construção: o celular aparenta ser bastante resistente e passa uma sensação bem sólida na mão, de qualidade mesmo. Contudo, as proteções de vidro não são Gorilla Glass, e a Xiaomi não diz oficialmente do que elas são feitas. Não tenho como afirmar se isso é mesmo um problema, porque existe a possibilidade de esse material anônimo ser tão resistente quanto o da Corning, ou ainda mais. Mesmo assim, essa história me preocupa um pouco em um aparelho todo de vidro.

No que tange à moldura metálica, ela não risca com facilidade, e eu acredito que ela tenha uma durabilidade boa. No geral, é um celular resistente sim, mas não dá para saber o quão resistente de verdade.

Melhor que o original

O software que a Xiaomi entrega no Mi Note 2 é melhor que o da Samsung no Note 7, mas apenas em alguns aspectos. Em minha opinião, estilo gráfico da interface da chinesa é bem superior e mais moderno. Se estivéssemos fazendo uma comparação com o Galaxy S8, nesse momento eu diria que as duas marcas estariam empatadas. Contudo, a situação não era essa no finado Note 7.

Dito isso, posso afirmar que me senti mais confortável utilizando o software da Xiaomi do que ao usar um telefone da Samsung. Mas é preciso admitir que a MIUI 8 da chinesa tem sim seus problemas, a começar pelas traduções incompletas. Muitas coisas aparecem em inglês e em chinês no Mi Note 2, mesmo depois de fazer a configuração para o português brasileiro.

A interface da Xiaomi tem um bocado de funcionalidades próprias, além de uns aplicativos nativos muito bem elaborados e úteis. Há poucos deles, inclusive. Mas a Samsung entregou inúmeras funcionalidades extras no Note 7 que o celular da Xiaomi simplesmente não poderia sonhar em simular, em grande parte pela falta da caneta stylus.

Por conta disso tudo, digo que, visualmente, a MIUI 8 da Xiaomi é melhor que a TouchWiz/Grace UI da Samsung. Contudo, a coreana entrega algo mais completo e, especialmente, mais familiar para o usuário brasileiro.

Precisa melhorar na foto

O Mi Note 2 da Xiaomi custa algo em torno de US$ 500 ou mais na GearBest e em outras lojas de importação. Isso é preço de aparelho top de linha. Por isso, eu esperava uma câmera de excelente qualidade, mas as do modelo em questão são apenas “boas para a categoria”. Não me entenda mal: o celular faz sim boas fotos, mas eu estava imaginando algo similar à qualidade que Samsung e Apple oferecem em seus top de linha. A meu ver, a câmera do OnePlus 3T, que é mais barato, é superior.

No geral, as fotos feitas com a câmera traseira do Mi Note 2 saem boas, com uma reprodução de cor bem realista e um equilíbrio de luz ótimo. Contudo, o foco não é dos mais precisos, e, se você der zoom das imagens, é possível perceber muito ruído e um problema muito estranho: linhas retas ficam bem distorcidas.

A câmera frontal segue mais ou menos a mesma linha, mas o problema é menos evidente. O celular conta com estabilização eletrônica no sensor traseiro, porém não é a mesma coisa que vemos no Google Pixel, por exemplo. Com isso, fotos noturnas sem flash ficam ruins, no entanto as com essa iluminação são de boa qualidade. Em resumo, o Mi Note 2 não consegue superar seus concorrentes nesse aspecto, especialmente Note 7, Galaxy S7, S8, iPhone 7, OnePlus 3T e por aí vai.

É necessário ressaltar, entretanto, que o modelo da Xiaomi consegue gravar em 4K e tem várias funções no app de câmera, como Time Lapse, câmera lenta, filtros e tudo mais.

Deixe o carregador de lado

Um aspecto que não pode ser criticado negativamente é a autonomia de bateria do Mi Note 2. Ele tem uma célula de 4.070 mAh capaz de manter as luzes acessas por muito tempo. Em um dos feriados de abril que estavam com o tempo ruim em Curitiba, eu consegui passar dois dias inteiros com o celular ligado sem carregar. Mas note que, nesse período, usei bem pouco. Não foi uma rotina de trabalho nem de fim de semana normal, mas sim de descanso.

O normal para o Mi Note é ficar um dia e meio longe das tomadas com uso moderado

O normal para o Mi Note é ficar um dia e meio longe das tomadas com uso moderado. Isso quer dizer que, em uso intenso, ele ainda dura um dia inteiro. Portanto, jogar bastante, tirar fotos, ver muitos vídeos e coisas assim nunca serão um problema.

Falando nesse tipo de consumo, no nosso teste de execução contínua de vídeo, esse dispositivo conseguiu sobreviver a 11 horas e 6 minutos. Entre os top de linha que eu testei recentemente, esse foi o que obteve o resultado mais expressivo, junto com os melhores smartphones da Samsung e acima de Motorola, Apple e OnePlus.

Para título de comparação, o OnePlus 3T marcou 8 horas e 20 minutos nas mesmas condições. Esse nosso teste consiste na execução de um vídeo de 1 hora no YouTube. Colocamos a tela no brilho máximo e mantemos o WiFi e a conexão de dados móveis ligados. Nesse período, fazemos três medições de consumo e estimamos o resultado final.

Essa boa autonomia é baseada em dois pilares: a capacidade superior de carga, e a tela do celular, que é grande, mas tem resolução Full HD em vez de 2K, a qual já virou padrão da indústria.

Tela grande, porém econômica

Aproveitando a deixa, a tela do Mi Note 2 é grande, porém não tem a resolução que alguns usuários mais exigentes poderiam esperar: 2K/QHD. Em uma tela de 5,7’’, seria realmente interessante uma resolução maior que a atual Full HD, mas o fato é que você não sente falta disso no uso cotidiano. Só seria possível notar alguma pixelização ou algum ponto fraco referente a isso caso você colocasse o Mi Note em um visualizador de realidade virtual. Mas como ele não tem Google Daydream, isso essencialmente não é uma opção.

O que importa mesmo é a qualidade de representação das cores, que é boa. Um pouco mais saturada do que deveria, mas ainda realista. O fato de estarmos diante de um padrão AMOLED também facilita as coisas, já que o contraste é excelente. Os níveis de brilho também são bons, e eu nunca tive problemas para usar o Mi Note 2 sob a luz do Sol. Contudo, como Curitiba praticamente não tem dias ensolarados de verdade, não posso dizer se alguém do Nordeste brasileiro teria a mesma opinião.

Extras

O áudio é bem claro e sem distorções, mas não fica muito alto

É interessante comentar que esses furinhos na parte inferior da carcaça não significam que estamos lidando com um aparelho com duas saídas para alto-falantes. Somente uma delas de fato joga som para fora, fazendo deste um sistema mono. O áudio é bem claro e sem distorções, mas não fica muito alto e, por conta do posicionamento, é fácil ficar completamente abafado. Outro detalhe acerca do áudio: esse celular não vem com fones de ouvido na caixa, porém tem um plugue para isso.

Vale mencionar ainda o fato de o Mi Note 2 ser dual-SIM, mas não ter entrada para cartões micro SD. Com isso, não é possível expandir a memória do dispositivo. Mas como a versão global (aquela que você deve comprar) só vem com 128 GB de espaço interno, a falta de slot para cartão de memória é um problema praticamente inexistente.

Ah! Algo que precisa ser celebrado: o leitor de impressões digitais desse smartphone é de excelente qualidade. Ele é bem rápido, muito preciso e permite cadastrar vários dedos. O legal é que você aperta no botão home (que faz um clique muito gostoso), e a tela já abre desbloqueada. Você nem vê a tela de bloqueio.

Vale a pena?

É bom tomar cuidado na hora de comprar um Xiaomi  Mi Note 2 na GearBest ou em qualquer outra loja online de importação. A meu ver, não vale a pena investir nenhuma das versões locais desse dispositivo, aquelas que contam com 4 GB de RAM e 64 GB de armazenamento. O preço não é lá grandes coisas, e o OnePlus 3T de 64 GB acaba sendo mais interessante.

Apenas a versão global tem todas as bandas do 4G brasileiro

Fora isso, apenas a versão global tem todas as bandas do 4G brasileiro, garantindo que você teria cobertura de qualidade em qualquer localidade do país agora e nos próximos anos. Por isso, só vamos considerar a versão global nesta análise.

Com isso esclarecido, é possível dizer que o maior ponto fraco desse smartphone é o fato de ele não ser vendido oficialmente no Brasil. Por mais segura que a importação possa ser por meio de sites confiáveis, ela é demorada e está sujeita à aplicação de imposto na alfândega brasileira. Aí, a taxa é de 60% em cima do valor em nota fiscal.

Agora que você sabe da situação toda, vamos fazer as contas. Na GearBest, o preço desse celular gira entre US$ 500 e US$ 580. Mas para simplificar as coisas, vamos considerar US$ 500 como valor padrão. Em reais, isso representa quase R$ 1,6 mil. Com o imposto, sobe para R$ 2.560. Considerando as variações de preço, esse celular pode sair por até R$ 2,9 mil. A versão chinesa de 64 GB pode custar no fim das contas uns R$ 2 mil, mas, como é sendo inferior ao OnePlus 3T com mesma quantidade de armazenamento, acaba não valendo a pena.

Se você conseguir uma forma mais barata de importar, esse modelo se torna um verdadeiro negócio da China

O aparelho internacional, entretanto, é outra história. A adição de 50% de RAM e de 100% de espaço interno, além das bandas 4G globais, compensam o preço mais salgado e tornam o smartphone mais competitivo. Se você conseguir uma forma mais barata de importar, sem ter que pagar nada na alfândega, por exemplo, aí sim é que esse modelo se torna um verdadeiro negócio da China.

Na condição normal de importação, ele acaba se tornando um aparelho caro. Contudo, em comparação com os top de linha atuais que custam praticamente o mesmo e nem de longe oferecem tanta memória, ele acaba compensando para quem tem até R$ 3 mil para torrar. Isso porque novos aparelhos, como LG G6, estão chegando ao mercado por R$ 4 mil e com hardware consideravelmente inferior.

O próprio Galaxy S8 também não é tão melhor que o Mi Note 2 em questão de hardware e vai custar ainda mais caro. Por fim, a minha opinião pessoal é que este aparelho aqui vale tanto a pena quanto o OnePlus 3T. São as duas melhores opções para importar via GearBest e similares, mas podem sim ser mais caros do que a maioria das pessoas pode pagar.

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Opções de compra:

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