Review: testamos Deus Ex Go, novo jogo mobile para Android e iOS

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Lançado próximo a Deus Ex: Mankind Divided, Deus Ex Go não tem a pretensão de emular a experiência para consoles de mesa e PC. Compartilhando o mesmo universo, o game para Android e iOS se trata de uma coleção de quebra-cabeças com dificuldade progressiva em que você deve usar bastante a sua capacidade de observação para vencer os desafios que surgem pela frente.

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Você toma o controle do agente-duplo Adam Jensen, que é chamado para investigar um ataque terrorista perpetuado por humanos “aumentados” — pessoas que usam alguma espécie de implante cibernético para expandir suas habilidades. Conforme investiga o ocorrido, o personagem desvenda uma trama que reserva algumas reviravoltas interessantes, mesmo que não exatamente surpreendentes.

Um jogo de quebra-cabeça

Ao contrário do que o nome “Go” pode dar a entender, o novo Deus Ex para plataformas mobile não tem nada a ver com o recente sucesso envolvendo Pokémon. A inspiração aqui surge do milenar jogo chinês, que pode ser comparado a uma versão muito mais complexa e estratégica de nosso xadrez.

O título faz justiça a essa inspiração ao apresentar uma série de “tabuleiros” virtuais nos quais você usa os toques para guiar Adam Jensen rumo a um ponto específico do mapa. Inicialmente, esse é um processo simples: basta se movimentar e ficar fora da visão dos inimigos para conseguir atingir seu objetivo.

O jogo não é uma mera adaptação da experiência encontrada nos consoles

Aos poucos, o game ganha complexidade e passa a ser mais desafiante: você pode ter que usar o movimento de um inimigo para acionar uma alavanca ou para garantir que ele bloqueie os disparos de uma metralhadora automática, por exemplo. Também há momentos em que você vai ter que hackear terminais para desbloquear o caminho a seguir ou para tomar controle de um inimigo e exterminar os demais adversários — isso só para citar alguns dos exemplos encontrados durante a aventura.

O game é bem-sucedido em manter a atenção do jogador por não abusar das mesmas estruturas excessivamente. Novos desafios são introduzidos de maneira gradual, permitindo que você se familiarize com eles o suficiente para vencer os desafios propostos, mas não o bastante para que eles se tornem fáceis demais.

Deus Ex Go pode se tornar um jogo bastante difícil em alguns momentos

E acredite em mim quando digo que Deus Ex Go pode se tornar um jogo bastante difícil em alguns momentos: enquanto a maioria das fases não dura mais do que alguns minutos, houve situações em que tive que dedicar de 30 a 60 minutos para descobrir o que fazer.

Felizmente, o título consegue balancear bem entre essas dificuldades diferentes para que você não se sinta frustrado a ponto de abandonar a experiência. Ao mesmo tempo, os desenvolvedores sabem como provocar o jogador ao deixar “iscas” que dão uma ideia errada do que é preciso fazer: muitos cenários exibem itens que parecem importantes, mas que, na prática, só estão ali para distraí-lo do que você realmente deveria fazer.

O game tem desafios com dificuldade progressiva

Quando você se sentir incapaz de progredir, é possível usar um sistema que mostra exatamente o que é preciso fazer em um cenário. E é aí que entram as microtransações do título: para obter essas dicas, é preciso investir dinheiro real (como padrão, o jogador sempre começa com dois usos gratuitos) — felizmente, o título não faz qualquer pressão para que o jogador opte por esse caminho, tampouco apresenta desafios que não podem ser vencidos com um pouco de observação e paciência.

No entanto, não é possível dizer que o game é totalmente bem-sucedido em suas mecânicas, especialmente no que diz respeito à maneira como elas são explicadas. Em diversos momentos me vi perdido e incapaz de progredir simplesmente porque o jogo não me avisou que eu havia adquirido poderes como realizar hacks a distância ou destruir inimigos com uma rajada de energia, que se mostram essenciais para prosseguir com a missão.

O universo de Deus Ex de forma compacta

Construído sobre a engine Unity, Deus Ex Go é um game que se destaca tanto por sua identidade visual quanto pela qualidade de suas animações. O título apresenta ambientes futuristas com alguns toques de surrealismo — as paredes nunca são completamente fechadas, e pedaços do chão se desprendem da área principal e flutuam nos cantos da tela.

Muitos dos movimentos de Jensen surgiram nos jogos para PC e consoles

A atenção aos detalhes é grande: tanto o protagonista quanto os inimigos possuem reflexos próprios e uma boa taxa de quadros de animações. Obviamente, a fidelidade gráfica não se compara à de um jogo para console ou PC, mas, respeitado o meio em que o jogo se insere, é possível afirmar com tranquilidade que ele é muito atraente.

Já a trilha sonora é boa, mas não chega a ser um destaque — é composta essencialmente por faixas com inspiração eletrônica que servem mais como um “pano de fundo” do que como um elemento condutor da trama. Em compensação, os efeitos criados pela desenvolvedora são ótimos e combinam muito bem com os personagens e as situações apresentadas — especialmente quando você calcula errado seus passos e cai nas garras de algum inimigo.

Uma história mais simples

Deus Ex Go não mantém a tradição da série de oferecer histórias com múltiplos caminhos, diálogos que definem a percepção de seu personagem e objetivos cujas implicações nem sempre ficam claras. O game para universo mobile apresenta uma trama bastante direta, que é contada na forma de diálogos entre personagens que surgem conforme você progride pelas fases — todos eles devidamente traduzidos para o português brasileiro (embora, infelizmente, não haja qualquer trabalho de voz).

Não espere nada muito complexo da história

Infelizmente, a trama não chega a envolver, tanto por exigir muito conhecimento prévio dos personagens que surgem em tela (o que prejudica recém-chegados a esse universo) quanto por seguir caminhos previsíveis e não desenvolver bem seus personagens. É difícil se importar com as motivações dos vilões ou do próprio Adam, haja vista a maneira rasa como elas são apresentadas e desenvolvidas.

A experiência não é exatamente ruim, fica em um meio-termo que a torna somente aceitável. Em outras palavras, é muito mais provável que você continue jogando Deus Ex Go devido às suas excelentes mecânicas do que por querer seguir sua história ou desejar saber mais sobre seus personagens.

Uma excelente experiência mobile

Deus Ex Go não deve ser encarado como uma adaptação de Deus Ex: Mankind Divided, mas sim como uma experiência complementar com características próprias. E é ao apostar nisso que a Square Enix conseguiu nos trazer uma das melhores experiências de jogo que você encontra atualmente em tablets e smartphones.

O título sabe balancear bem doses de acessibilidade e desafios, apresentando uma experiência que consegue manter o engajamento por diversas horas. Apesar de haver microtransações, elas estão tão escondidas (e tão desnecessárias) que você sequer vai lembrar que elas existem na maior parte do tempo.

A história não é exatamente o ponto forte, aspecto particularmente decepcionante, haja vista a presença do nome Deus Ex. No entanto, levando em consideração quesitos mecânicos e a apresentação de alta qualidade, dificilmente você vai se importar com isso durante as horas de diversão que vai obter com o lançamento.

Aprovado

  • Sabe balancear bem doses de acessibilidade e desafio
  • Apresentação de alta qualidade
  • Quebra-cabeças muito bem elaborados
  • Microtransações são tratadas como algo secundário
  • Quantidade vasta de fases

Reprovado

  • Nem sempre explica bem novas mecânicas
  • História fraca para os padrões da série

Apresentando uma experiência complementar a Deus Ex: Mankind Divided, Go é uma ótima adição à biblioteca mobile de qualquer pessoa

Deus Ex Go foi analisado a partir de um código da versão iOS cedido pela Square Enix.

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