Lag mínimo: como configurar a sua TV para jogos

12 min de leitura
Imagem de: Lag mínimo: como configurar a sua TV para jogos

O ritmo acelerado de desenvolvimento de novas tecnologias, ou de aprimoramento das já existentes, promove uma infinidade de melhorias em nosso dia a dia. Um dos destaques desses avanços, que pode ser facilmente percebido, está no entretenimento, em especial nos jogos.

A cada nova geração de console, novo modelo de placa gráfica ou até mesmo novo título de uma franquia, é possível ver que graficamente os games se tornam mais polidos e, em alguns casos, mais próximos da realidade.

Assim, é natural que ao comprar um video game você queira usufruir ao máximo do seu potencial de processamento e visual. Porém, para isso é fundamental que a televisão usada para reproduzir os jogos esteja bem “calibrada”. Se você tem dúvidas de como configurar a sua TV para jogar ou não faz a menor ideia de como fazer isso, este artigo traz dicas bacanas para ajudá-lo nessa busca por diversão de qualidade.

Premissas importantes

Antes de qualquer coisa, é essencial que façamos algumas observações pertinentes e apresentemos algumas informações para que você fique mais familiarizado com o assunto. O primeiro dilema com que muitas pessoas se deparam é qual a melhor tecnologia de TV para jogos: plasma ou LED?

De maneira bem objetiva, a melhor opção é a de plasma devido ao seu menor tempo de resposta e maior contraste. Nesta publicação você encontra um infográfico e maiores detalhes de comparação entre esses tipos de televisores. Todavia, antes de optar pela compra de uma televisão de plasma pesquise muito bem para saber se ela não sofre com burn-in, o que pode fazer com que a tela fique marcada por jogos que possuem menus fixos.

Outra dúvida muito recorrente é sobre o tamanho de tela. Para saber quantas polegadas a sua TV deveria ter, você pode medir a distância do seu sofá ou cama até a televisão (lembre-se de adotar a medida em metros) e multiplicar por 12. Essa é uma das técnicas possíveis, mas clicando aqui você encontra mais alternativas para realizar tal estimativa.

E os questionamentos não terminam aí. Você já deve ter percebido que muitas fabricantes indicam e até destacam a frequência com a qual seus produtos operam — 60, 120, 240 e 480 Hz. Basicamente, essa é a velocidade com que a TV faz a leitura das cenas transmitidas pelo game ou filme, por exemplo.

Assim, em teoria, quanto maior for esse valor, menores as chances de você encontrar imagens desfocadas ou borradas. Contudo, é preciso cautela ao analisar essa especificação para não cair em uma jogada de marketing das empresas ou gastar dinheiro com um modelo muito potente para os conteúdos que você irá realmente consumir. Para evitar isso, não deixe de ler esta matéria.

E qual seria o melhor cabo a ser utilizado para a transmissão das imagens: HDMI, VGA, Componente ou Composto? Embora o HDMI não seja o único a, teoricamente, reproduzir conteúdos em 1080p, ele é o mais indicado por enviar os sinais por meio digital e oferecer um resultado mais equilibrado entre cores, contraste e nitidez. O VGA também pode ser uma boa opção, mas os demais devem ser evitados.

Por fim, devemos salientar a importância de se atentar para a altura na qual a televisão ficará. Caso ela esteja muito alta ou apoiada em um móvel muito baixo, dependendo da qualidade da TV, as imagens podem apresentar distorções de cores e nitidez, mesmo que a angulação não seja grande. Aqui não tem segredo: sentado com as costas e a cabeça retas, o ideal é que a sua visão siga para o centro do televisor.

Conceitos básicos

Além dessas premissas, você deve ainda ter em mente alguns conceitos básicos, os quais com certeza vão aparecer na sua frente quando for configurar sua televisão. Portanto, é relevante que você saiba o que cada um significa. Vamos às explicações.

  • Brilho: é ele quem determina a intensidade da cor preta. Se estiver configurado com taxas muito altas, a imagem assume aspectos acinzentados. Em contrapartida, se o brilho estiver baixo, a reprodução ganha tons mais escuros e a diferenciação de contraste entre cores é dificultada.
  • Contraste: grosso modo, é uma função complementar ao brilho, mas com o objetivo de regular os tons de branco. Quando está muito alto, o contraste acaba promovendo a sensação de cenas borradas. Caso esteja abaixo do ideal, ele reduz a definição da imagem.
  • Cor: basicamente, ao ajustar a cor da sua TV você está regulando a saturação das diferentes tonalidades reproduzidas. Ao aumentar a intensidade dessa característica, as nuances das diversas cores são reforçadas, e as imagens ficam mais vivas. Por sua vez, a redução da saturação deixa prevalecer os tons de cinza, e as cenas ganham um aspecto de “lavadas”.
  • Temperatura de cor: presente apenas em modelos mais modernos, a temperatura de cor manipula os tons de branco e, consequentemente, toda a paleta de cores. As configurações “quentes” são indicadas para o uso do televisor em ambientes muito iluminados, enquanto os modos “frios”, para locais mais escuros.
  • Nitidez: controle responsável pela nitidez das imagens, como era de se imaginar. Se sua regulagem estiver muito alta, os elementos exibidos podem ser contornados por linhas brancas e transparecer baixa resolução. Porém, se o ajuste estiver muito baixo, a sensação é de que os objetos e personagens estão “recortados” do cenário.
  • Matiz: mecanismo que dá equilíbrio à tonalidade das cores e, para isso, utiliza ajustes com base em tons de verde e violeta. Contudo, esse recurso se faz necessário apenas no padrão NTSC, que pode sofrer interferências. Nas diretrizes mais atuais e usadas no Brasil, como a PAL, essas correções são feitas automaticamente. Assim, sua TV pode nem ter tal opção.

Modo Jogo

As TVs mais modernas oferecem um perfil predefinido para a jogatina, o clássico “Modo Jogo”. Esse mecanismo tem o objetivo de adaptar automaticamente as configurações da televisão para que você possa usufruir de games com melhor qualidade. A princípio, a sensação é de que essa opção apenas torna a tela mais escura. Porém, ela vai muito além disso.

Resumidamente, os televisores precisam decodificar os diferentes sinais enviados para ela eles e transformar esse conteúdo em algo compreensível para o seu sistema interno, além de converter essas informações para a linguagem suportada pelo tipo de tela empregado em sua fabricação.

Obviamente, todo esse processo leva algum tempo, e, embora não passe de milissegundos, ele pode ser percebido em jogos que apresentem cenas mais dinâmicas e intensas. Se o console e o televisor não operarem em ritmos iguais ou parecidos, surgem os problemas de tempo de resposta — como atrasos de transição de cenas que induzem a erros de movimentos e falhas de sincronia labial de personagens.

Para reduzir e até mesmo eliminar tal problema, as fabricantes começaram a criar tecnologias capazes de desativar alguns recursos das TVs que não são tão influentes durante a jogatina (incluindo escalonamento avançado de imagens, redução de ruídos e processamento de cores) e acabam atrasando aqueles procedimentos de conversão já mencionados.

Mas nem tudo no Modo Jogo é melhoria. A configuração pode trazer alguns efeitos colaterais, como a aparição de artefatos em imagens, sutis distorções nas cores e até borrões de elementos que se movem com muita velocidade pela tela. Não existe milagre: quanto menor o tempo de resposta estabelecido, menor será a qualidade geral de imagem — algumas características têm que se sacrificar para outras se sobressaírem.

Assim, esse tipo de função pode compensar algumas limitações da TV, mas o complemento com ajustes manuais é necessário para se obter a melhor experiência. Caso você queira se aprofundar no assunto, leia este artigo.

Variáveis imprevistas

Existem outras variáveis que podem influenciar nesse tempo de resposta das televisões. Algumas marcas adotam diferentes tecnologias para aprimorar a reprodução de cenas rápidas em filmes executados a partir de DVD ou Blu-ray players e programações convencionais de TV. Porém, tais recursos podem acabar afetando o desempenho do aparelho para jogos, e os consumidores nem percebem que basta desativá-los para solucionar esses atrasos.

Há ainda casos de problemas quase inexplicáveis. Se você pesquisar na internet, vai encontrar relatos de pessoas que conseguiram resolver pequenos delays simplesmente trocando o nome dado à entrada no menu do sistema da TV de “HDMI” para “PC” — como este caso contado no HTForum. Conforme o usuário Dancunhaadv do fórum cita, uma fonte bacana para conferir o tempo de resposta real de uma televisão ou monitor é o site DiplayLag, que realiza testes comparativos para averiguar o desempenho de uma infinidade de modelos.

Preparação

Como a proposta deste artigo é promover a melhor experiência de jogo, sugerimos que as configurações indicadas aqui sejam feitas com um game sendo executado. Além disso, é essencial que você verifique se determinadas configurações da TV estão “compatíveis” com as do console ou do computador.

Um exemplo disso é a definição de cores RGB. Modelos mais novos de televisores possuem suporte para uma gama maior de tonalidades, e os video games, por sua vez, podem reproduzir conteúdos com mais ou menos variedade de cores.

Assim, você deve se certificar de que ambos os aparelhos estejam operando com o chamado “Full RGB”, caso os dois possuam essa opção. Se a televisão ou o console não suportar tal especificação, é melhor que o outro dispositivo também tenha essa função desligada para não ocasionar incompatibilidades e distorções de cores.

O local onde essas configurações são disponibilizadas varia de modelo para modelo, mas geralmente está relacionado a menus de “definições de apresentação”, “saída de vídeo” e descrições do gênero. Em caso de dúvidas, consulte o manual de instruções da sua TV ou video game. É válido salientar ainda o fato de que o Full RGB opera somente por meio de uma conexão HDMI.

Pegando o controle da TV

Já com os devidos conhecimentos adquiridos e observações assimiladas, chegou a hora de pegar o controle da sua televisão e começar a configurá-la para que você possa usufruir da melhor experiência de jogatina com ela.

  1. Desligue sempre que possível toda e qualquer função assistencial e complementar, incluindo economia de energia, sensor de luminosidade, redutor de ruído, contraste dinâmico, super branco, nível de preto, espaço ou gama de cores e outros. Se não for possível desativar alguma delas, deixe-a com o ajuste padrão. É válido salientar que determinadas funções podem não estar diretamente no submenu de imagem da sua TV, e não há outra saída além de procurá-las em outras seções;
  2. Baixe esta imagem e a reproduza na TV usando o video game — uma forma de fazer isso é usar um pendrive ou então salvá-la em um serviço de armazenamento online que possa ser acessado do browser do console, como o Dropbox. Nessa figura, a configuração ideal é que a faixa da esquerda (0) seja completamente preta, enquanto a da direita (255) seja totalmente branca. As faixas imediatamente ao lado de ambas as extremidades devem ser levemente mais claras e não podem se misturar a elas;
  3. Com isso em mente, coloque o contraste no máximo e vá baixando-o até que a escala 248 assuma o padrão mencionado, ou seja, fique um pouco mais escura que a faixa totalmente branca (255);
  4. Ainda com essa imagem aberta, reduza o brilho para a metade da sua regulagem máxima, ou um pouco menos do que isso, e o aumente até que a escala 8 fique levemente mais clara que a faixa completamente preta (0);
  5. É possível que, ao ajustar o brilho, a configuração de contraste sofra pequenas alterações e vice-versa. Vá alternando entre essas regulagens até encontrar um equilíbrio entre elas;
  6. Caso você esteja enfrentando problemas para que a escala 8 deixe de ser completamente preta ou a faixa 248 se distinga da faixa totalmente branca, há grandes chances de sua televisão não suportar o Full RGB. Portanto, desative essa opção no video game e use esta imagem para realizar os ajustes dos passos 3 e 4;
  7. A próxima etapa exige que você baixe esta figura e também a reproduza diretamente do console. Aqui, o ajuste mais desejado será alcançado quando a última barra da escala, de cor azul, tiver as suas duas tonalidades mescladas e apresentar um resultado homogêneo, ou seja, quando não for possível perceber a diferença de azuis;
  8. Para isso, você deve reduzir bastante a regulagem de cor e ir aumentando esse ajuste até que esse padrão seja alcançado;
  9. Se no procedimento anterior você percebeu que o televisor não é compatível com o Full RGB, use esta imagem para executar a configuração descrita no passo 8;
  10. Caso você esteja encontrando dificuldades para chegar a essa homogeneidade na escala de azul ou se perceber que as cores não estão naturais — o vermelho parecendo laranja, por exemplo —, é possível tentar consertar isso mexendo na matiz;
  11. Ainda em relação à exibição de cores, muitas TVs disponibilizam um mecanismo de temperatura de cor. Teste as diversas opções das categorias quente, fria e normal para ver qual delas agrada mais aos seus olhos;
  12. No tocante à nitidez, você deve colocá-la em níveis bem baixos (é normal a imagem ficar um pouco borrada) e ir aumentando até que os objetos exibidos demonstrem que estão adquirindo contornos brancos;
  13. Para finalizar, você pode ajustar o nível de intensidade da luz de fundo da tela, caso a sua TV permita isso. Esse quesito também deve ser modificado com as suas preferências pessoais, mas se lembre que uma luz muito intensa pode cansar a sua vista mais rapidamente e que ela deve ser proporcional à luminosidade do ambiente. Em outras palavras, se a luz estiver apagada, o backlight do televisor deve estar configurado em níveis menores, e o contrário se faz verdade.

Feitas essas configurações, você deve evitar mexer nas opções de configuração de ajuste de contraste e brilho oferecidas por alguns jogos — tal ação só estragaria as mudanças que você acabou de fazer. Se você perceber que um game está meio “apagado”, use as ferramentas de gama de cores do próprio jogo para que o brilho e o contraste sejam ajustados de maneira uniforme.

Não há uma fórmula exata

Para finalizar, é essencial que ressaltemos o fato de que as diferentes tecnologias de tela (como LED e plasma) funcionam de maneiras diferentes, inclusive em relação ao processo de geração de imagens — isso sem contar a complexidade desse procedimento e as diferentes luminosidades nas quais os conteúdos são consumidos.

E o que tais observações querem dizer? Elas significam que não existe uma fórmula exata para a calibragem de TVs. Cada modelo, dependendo das tecnologias empregadas e de suas especificações de hardware, vai exigir ajustes específicos. Portanto, esse guia traz apenas sugestões de regulagem, e nada impede que você encontre ajustes mais adequados para o seu televisor.

Aliás, se você achar uma configuração diferente das que citamos e que tenha ficado bacana na sua televisão, deixe um comentário explicando qual é essa regulagem. Não se esqueça de mencionar a marca e o modelo da sua TV para que os demais leitores possam aproveitar a dica caso possuam o mesmo dispositivo.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.