Poderia a tecnologia atrapalhar a nossa experiência de vida?

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Imagem: VF Hollywood

A tecnologia é boa e ninguém duvida, já que podemos nos beneficiar dela em qualquer área do cotidiano, como defesa nacional, medicina, construção civil e por aí vai. Contudo, será que depender dela é sempre uma boa alternativa?

Você já deve ter reparado nos eventos do dia a dia que as pessoas estão sempre tirando fotos, postando o que fazem na rede social e compartilhando o momento que vivenciam. Entretanto, é difícil separar quando isso é normal e quando é um vício.

Alguns desses pontos são abordados no livro “Novo Vício da Sociedade: Ganhar uma ‘Curtida’ em vez de ter uma Vida”, dos autores David Maxfield e Joseph Grenny. A dupla descobriu que a fixação por redes sociais tem se tornado cada vez mais comum, depois de entrevistarem mais de 1,6 mil pessoas.

Em vez de vivenciar o momento, as pessoas o registram

Imagine a seguinte situação: você está em um tour com amigos para ver os pontos turísticos de uma cidade, mas sempre que uma das atrações é vista, todos sacam os smartphones para tirar fotos e compartilhar no Facebook, sem nem reparar o que está de fato na frente deles.

Apesar de ser um exemplo fictício, aposto que você já assistiu a uma cena dessas ou até mesmo já agiu dessa forma algumas vezes. As respostas da enquete do livro revelam que 91% das pessoas já fizeram ou presenciaram isso pelo menos uma vez.

Mas fique tranquilo, isso é algo comum quando feito com moderação. A humanidade tenta eternizar o momento que vivencia há séculos, seja por pinturas, músicas, poesias e até mesmo fotos. O problema começa quando o momento em si é desperdiçado com frequência apenas para suprir o vício de curtidas no Facebook.

O autor dá um exemplo muito bom ao dizer que quando foi ao Louvre para ver o famoso quando Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, teve que esperar horas e horas na fila para admirar a obra. Entretanto, ele relata que a maioria das pessoas simplesmente tiravam uma selfie e iam embora, sem olhar um detalhe sequer da pintura.

Isso tem atrapalhado a criação dos filhos

Tudo bem, uma coisa é deixar de apreciar uma obra de arte ou um ponto turístico. Mas e quando a criação dos seus filhos está em jogo? Aí a coisa fica mais séria. Cerca de 80% dos pais responderam que têm perdido muitos momentos importantes na vida das crianças por conta de quererem “capturar o momento perfeito para um post”.

A mãe de um filho de três anos de idade relata: “Dei uma bronca no meu filho e ele teve um chilique por causa disso. Achei muito engraçado e acabei fazendo de novo para postar no Instagram. Depois que publiquei o vídeo, pensei ‘O que foi que eu acabei de fazer?’”.

Outra mãe conta sobre o festival de dança de que sua filhinha participou. Quando questionada se ela a viu dançar, respondeu: “Não, mas eu gravei tudo. Posso assistir no vídeo depois”. A questão é: isso é bom ou é ruim?

Caça aos troféus: isso traz felicidade?

Maxfield equipara o ato de tirar uma quantidade excessiva de fotos, selfies e afins e publicá-las nas redes sociais com coletar troféus. Não, não aqueles do PlayStation – apesar de a comparação ainda ser válida –, mas sim o ato de conquistar algo e ir para o próximo, sem aproveitá-lo. É como se tirar a foto de uma atividade fosse mais importante do que fazê-la.

Você pode se perguntar: “Ué... Mas se isso me deixa feliz, qual é o problema?”. Bom, não há nada de errado em tirar fotos e publicar posts das suas atividades, pois é algo natural querer preservar as memórias de um bom momento. Porém, é preciso aproveitar o próprio momento, e não apenas a mediação de uma memória, segundo o autor.

Pequenas dicas para aproveitar mais

A questão principal é: a tecnologia está aqui para nos ajudar, e nós é que a controlamos. Quando nos tornamos dependentes demais dela, temos que tomar algumas precauções. Se você está desconfiando que isso está acontecendo com você, basta seguir algumas orientações para diminuir o vício por redes sociais.

Maxfield diz que uma publicação por dia é algo bem comum, mas quando esse número é maior, pode ser excessivo. O autor diz que devemos sempre nos colocar no lugar de outra pessoa e nos perguntar se postar ou tirar aquela foto parece bobo ou desnecessário.

Resumindo, talvez devêssemos mais vivenciar o que fazemos do que tirar fotos e fazer postagens para ostentar e preservar as memórias.

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