Mercado Livre inicia campanha contra aumento de 51% nos preços dos Correios

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O Mercado Livre está enviando emails para seus clientes comunicando que os Correios anunciaram um reajuste no preço dos fretes de encomendas em todo o Brasil. De acordo com o marketplace, a estatal pretende aumentar os valores em até 51% na comparação com preços atuais. Frente a isso, a empresa iniciou uma campanha contra os novos preços chamda #FreteAbusivoNão.

Esse reajuste entraria em vigor no dia 06 de março e está sendo considerado pelo Mercado Livre e por consumidores nas redes sociais como abusivo, uma vez que a inflação em 2017 ficou em torno de 3% para o ano inteiro. Com isso em vista, o aumento não poderia ser justificável, ainda mais quando é 17 vezes maior que a média da inflação do ano anterior.

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O preço médio do frete no Brasil seria 42% mais caro que o da Argentina, 160% mais caro que o do México e 282% mais caro que o da Colômbia

Segundo o Mercado Livre, com os novos valores, o preço médio do frete no Brasil seria 42% mais caro que o da Argentina, 160% mais caro que o do México e 282% mais caro que o da Colômbia.

Além do impacto óbvio no bolso do consumidor que compra na internet, o marketplace destaca em uma publicação condenando o reajuste que pequenos empreendedores que vendem na web estarão entre os mais prejudicados. “A loja que escolher repassar o valor do frete ao consumidor verá suas vendas caírem”, diz.

Longe ou perigoso

Envios para cidades afastadas dos grandes centros devem ser as mais afetadas pelos reajustes dos Correios. Assim, quem mora longe das capitais terá que pagar ainda mais para receber seus produtos em casa. Cidades consideradas perigosas, como o Rio de Janeiro, ainda serão mais penalizadas. Todo tipo de entrega com origem ou destino à capital fluminense serão taxadas com um valor extra de R$ 3 por pacote, caso o reajuste seja mesmo implantado no começo de março.

O que dizem os Correios

O TecMundo entrou em contato com os Correios para esclarecer a situação, e a empresa afirma que o reajuste médio dos preços é de 8% e condena a comparação dos valores de entregas no Brasil com os de países vizinhos. Confira a nota oficial daempresa ao TecMundo na íntegra.

"Ao contrário do que foi divulgado [pelo Mercado Livre], o reajuste não será de “até 51% no frete dos produtos a todos que compram e vendem pela internet”. A média será de apenas 8% para os objetos postados entre capitais e nos âmbitos local e estadual, que representam a grande maioria das postagens realizadas nos Correios.

Cabe ressaltar que o reajuste não é para os preços de e-commerce, mas para os serviços de encomendas dos Correios, também utilizados pelo e-commerce. Trata-se de uma revisão anual, a exemplo do previsto em contrato. A definição dos preços é sempre baseada no aumento dos custos relacionados à prestação dos serviços, que considera gastos com transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustível, contratação de recursos para segurança, entre outros.

O maior dos países citados - a Argentina - tem cerca de um terço da extensão territorial do Brasil, e 40% de toda a sua população concentrada na região metropolitana de Buenos Aires

Comparar o preço de frete praticado no Brasil com os países vizinhos, como faz a nota, é tendencioso e pode levar o consumidor a acreditar em uma falsa premissa. O maior dos países citados - a Argentina - tem cerca de um terço da extensão territorial do Brasil e 40% de toda a sua população concentrada na região metropolitana de Buenos Aires. A maior cidade brasileira, por sua vez, tem 10% da população do país. Outro exemplo citado na nota, a Colômbia, é cerca de seis vezes menor que o Brasil. Os desafios de transporte em um país com dimensões continentais são muito maiores e os custos para manter a presença dos Correios em todo o território nacional são altíssimos.

Os contundentes problemas relacionados à segurança pública em diversas localidades do país também são pontos que merecem ser destacados. Conforme amplamente divulgado pelos veículos de comunicação, no Rio de Janeiro a situação de violência chegou a níveis extremos e o custo para entrega de mercadorias nessa localidade sofreu altíssimo impacto, dadas as medidas necessárias para manutenção da integridade dos empregados, das encomendas e até das unidades dos Correios. Por esse motivo, foi estabelecida uma cobrança emergencial de R$ 3,00 para os envios destinados à cidade do Rio de Janeiro, cobrança essa que poderá ser suspensa a qualquer momento, desde que a situação de violência seja controlada. Vale esclarecer que essa cobrança já é praticada por outras transportadoras brasileiras desde março de 2017.

Foi estabelecida uma cobrança emergencial de R$ 3,00 para os envios destinados à cidade do Rio de Janeiro, cobrança essa que poderá ser suspensa a qualquer momento

Os Correios ressaltam que a parceria com o e-commerce brasileiro é de extrema importância para a empresa. Parceria que, inclusive, viabiliza a atividade de inúmeras micro, pequenas e médias empresas que vendem pela internet devido à oferta de pacotes de benefícios dos Correios exclusivos para os marketplaces brasileiros, incluindo reduções de preço que chegam a mais de 30% no SEDEX e 13% no PAC quando comparado aos preços à vista.

Também em função dessa parceria, a empresa mantém uma Política Comercial com uma estratégia de precificação que segue a lógica do mercado e, mesmo com os aumentos de custos, buscou o menor impacto possível nas praças mais relevantes para o e-commerce brasileiro.  

Por fim, essa revisão mantém os Correios competitivos em seus preços praticados no Brasil inteiro, garantindo sua presença em todo o território nacional. "

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* Esta notícia foi atualizada com a nota oficial dos Correios nesta quarta-feira (28) às 13h13

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