DDR4: tudo o que você pode esperar da nova geração de memória RAM

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Imagem: AnandTech

Nos últimos anos, publicamos uma enormidade de notícias comentando sobre o futuro das memórias RAM. Em meio a tantas novidades, muitas empresas prometeram que estavam prestes a lançar o padrão DDR4, sendo que faltava apenas um ou outro ajuste para que tais módulos chegassem de fato ao consumidor.

A verdade é que já estamos na metade de 2014 e até agora ainda estamos usando o bom e velho padrão DDR3. No fundo, isso não faz muita diferença, pois os atuais componentes para armazenamento de dados temporários são suficientes para oferecer bom desempenho para quaisquer tarefas.

Entretanto, uma vez que a indústria fez inúmeras promessas quanto a melhorias e datas, as pessoas acabaram ficando ansiosas por novidades concretas sobre o assunto. Resolvemos aproveitar que o padrão está quase chegando aos nossos computadores para reunir todas as informações importantes para você saber o que é possível esperar dos próximos módulos.

Afinal, o que muda no DDR4?

Quem está antenado nas últimas notícias sobre memórias RAM sabe que o padrão DDR3 foi explorado ao máximo, sendo que os mais recentes componentes trabalham com clocks de 2.800 MHz, explorando os limites do overclock do padrão, mas ainda garantindo estabilidade e pequenos ganhos de performance para os usuários mais avançados.

Partindo do pressuposto de que as memórias basicamente são definidas através de clocks, um consumidor pode enganosamente pensar que as primeiras memórias DDR4 serão mais “lentas” que as atuais DDR3, visto que o padrão dita que a nova versão desses componentes trabalha com frequências a partir de 1.600 MHz.

Todavia, não há qualquer comparação entre as duas, visto que o padrão DDR4 começa do ponto em que o DDR3 para e apenas evolui em todos os sentidos. As alterações começam já na parte exterior do produto. O posicionamento dos chips é diferente e os demais componentes nos módulos também ficam localizados em partes distintas.

Outra alteração substancial é a quantidade de pinos. Sabe aqueles contatos metálicos que servem para o trânsito de dados entre os chips de memória e os demais componentes do PC? No padrão DDR4, há 284 pinos para realizar a alimentação das micropeças e a comunicação. Portanto, o novo padrão tem 44 pinos a mais do que o antigo, sendo que a funcionalidade de diversos deles foi alterada.

Aliás, falando em pinos, um grande diferencial das novas memórias, como pudemos ver na Computex, é o padrão diferenciado na altura do barramento. Na parte central, os pinos são mais longos, mas gradativamente eles têm sua altura reduzida até chegar às pontas do módulo. A mudança vem para garantir a facilidade na instalação e evitar que o usuário force demais o componente no encaixe e acabe danificando o slot.

Depois de anos seguidos de muito trabalho, as memórias DDR4 foram ajustadas para trabalhar com tensões menores do que as que vemos nos módulos DDR3. Os componentes comuns (para desktops) vão trabalhar com 1,2 volt, o que representa uma redução de 0,3 volt, já que o DDR3 rodava com a tensão de 1,5 volt.

As memórias de baixa tensão também serão aprimoradas. As peças DDR4 para ultrabooks e tablets deve operar com a tensão de 1,05 volt, reduzindo novamente 0,3 volt se compararmos com o padrão DDR3L, que usava 1,35 volt.

Pinos com diferenças de altura

Pode parecer irrisório, mas essa mínima redução na tensão de operação é suficiente para aumentar significativamente o tempo de bateria em notebooks. Assim como os processadores vêm sendo otimizados para aproveitar melhor a energia, essa mudança nos módulos de memória vai garantir grandes benefícios para quem busca maior autonomia das baterias.

Voltando à questão das frequências, segundo a Micron teremos memórias com as seguintes configurações: 1.600 MHz, 1.866 MHz, 2.133 MHz, 2.400 MHz, 2.667 MHz e 3.200 MHz. Pensando apenas nos clocks, podemos arriscar o palpite de que o padrão DDR4 deve dobrar o desempenho do que vemos no DDR3, o qual trabalha com frequências que variavam de 800 a 1.600 MHz (sem contar as versões com overclock que vão até 2.800 MHz).

Quanto aos clocks, existem grandes chances de que os novos módulos possam ir além dos 3.200 MHz, considerando o histórico de overclock que vimos no padrão DDR3. A ideia de levar os componentes acima do limite proposto inicialmente é garantir justamente uma sobrevida e evitar que a indústria tenha que fazer toda uma manobra para incorporar novos componentes, ou seja, algo bom para as fabricantes e bom para o consumidor.

Outro diferencial substancial diz respeito à capacidade de armazenamento dos chips. Atualmente, temos módulos DDR3 que têm variações de densidade de 512 a 8 GB. As memórias do tipo DDR4 já virão preparadas para uma nova era na informática, a qual trabalha com módulos a partir de 2 GB e vai até 16 GB.

É preciso suporte dos demais componentes

Um dos problemas para lançar um novo padrão de memória no mercado é a necessidade de contar com processadores e placas-mãe compatíveis. De nada adianta fabricar novos módulos se os consumidores não tiverem uma unidade de processamento que possa trabalhar com essa novidade e uma placa que comporte tal novidade.

A verdade é que, diferente do DDR3, a próxima versão de memória RAM não é apenas a mesma que existe hoje com uma frequência elevada (conforme comentamos acima, há um mundo de alterações). Estamos tratando de uma mudança completa na arquitetura, portanto será necessário um processador que saiba se comunicar e aproveitar os novos recursos.

Tudo aqui é dependente do controlador de memória. Esse pequeno elemento vem instalado dentro do processador, portanto você pode presumir que não poderá rodar o padrão DDR4 na sua atual placa-mãe e com o seu chip Intel Core-i7 ou AMD FX.

Conforme as notícias mais recentes, os processadores Intel Haswell-E serão os primeiros a trazer tal suporte. Para poder usar essas novidades, você precisará de uma placa com chipset Intel X99, a qual deve sair ainda este ano.

No caso de uma máquina com processador AMD, as próximas APUs Carrizo (sucessora da Kaveri) com arquitetura Excavator também devem suportar a novidade. Ainda não está claro qual será a primeira CPU da AMD com essa capacidade. Produtos da série Carrizo, que talvez já necessitem de um novo tipo de soquete (talvez o FM3), devem ser lançados apenas em 2015.

Grandes vantagens para servidores

Se você parar pra pensar bem, a memória DDR4 talvez não traga vantagens significativas para o seu dia a dia. Os computadores vendidos atualmente já vêm com módulos do tipo DDR3, geralmente com uma quantidade de 4 GB ou mais. Máquinas gamers costumam trazer até mesmo 16 GB instalados, o que é uma brutalidade mesmo para os títulos mais pesados.

Além disso, já está mais do que comprovado que as memórias que operam acima dos 1.600 MHz não oferecem um aumento de desempenho tão significativo (mesmo os módulos mais robustos não vão dar um ganho de 50% que poderia ser esperado se compararmos apenas as frequências).

Agora pense nas vantagens (todas aquelas que apresentamos no início do texto) do DDR4 —memórias que, na teoria, possivelmente vão oferecer o dobro do desempenho em quase todas as aplicações. Vamos pegar um jogo para nosso exemplo.

Suponhamos que um determinado game que está instalado em seu computador é carregado em apenas 3 segundos. Imagine que as texturas e os elementos do jogo são exibidos sem delay (atrasos tão pequenos que não chegam a causar impacto algum).

Nesse caso, qual seria a vantagem do DDR4? Nenhuma. Ou ela seria tão pequena que não faria diferença prática para sua vida. Não estamos afirmando que isso realmente vai acontecer, mas a probabilidade de você ter ganhos estrondosos é muito ínfima. Não estamos nem considerando aqui os frames, pois os módulos com clocks mais altos garantem um ganho de apenas 1 ou 2 fps.

No entanto, há um mercado que vai se beneficiar grandiosamente dos módulos DDR4. Estamos falando dos computadores utilizados em grandes servidores. Nesses casos, o novo padrão de memória RAM só tem benefícios, os quais serão notados de diversas formas.

Vamos imaginar um grande servidor da Google que opera 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano. Já imaginou quanta energia milhares de módulos DDR4 podem economizar em um ano?

Também é preciso considerar que, diferente de um computador doméstico, as aplicações em um servidor ocupam uma enormidade de espaço na memória RAM. Vamos supor que as melhores máquinas deste servidor trabalhem com 32 GB de memória. Ao usar o padrão DDR4, será possível dobrar esse valor, visto que cada módulo pode ter até 16 GB. Ou seja: mais aplicações rodando ou menos computadores funcionando.

A questão do aumento de frequência é um aspecto que pode representar melhorias nas tarefas dos servidores, visto que eles podem se beneficiar de qualquer ganho e oferecer melhor desempenho aos usuários de diversos serviços da web.

Quando estará disponível?

Bom, conforme comentamos, a memória DDR4 não pode ser simplesmente lançada sem que haja um mercado estabelecido para sua comercialização. Segundo os rumores mais recentes, os novos componentes devem aparecer no terceiro trimestre deste ano, lá por setembro.

Basicamente, enquanto a Intel não lançar o chipset X99, não há por que Samsung, G. Skill, ADATA, Crucial, Corsair e outras marcas fazerem um movimento em direção ao futuro. Moral da história: o padrão DDR4 chega ainda este ano, com muito mais desempenho e exigindo todo um novo sistema (portanto, muito dinheiro investido).

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