Confiança: o bem e o mal da sociedade digital

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Você já parou para pensar na importância da confiança para as relações sociais que temos todos os dias? Nós confiamos que as empresas de transporte público nos levarão até nossos trabalhos ou faculdades no tempo planejado. Confiamos que a comida do nosso restaurante favorito não será envenenada, e assim por diante. Mas por que será que isso funciona tão bem?

Bruce Schneier, um especialista em segurança digital e criptografia, escreveu um ensaio para a revista New Scientist que fala exatamente sobre isso. No texto, Schneier utiliza o exemplo do sistema financeiro para mostrar que toda a nossa vida está baseada na já citada “confiança”. Quer saber um pouco mais sobre isso? Então, acompanhe este artigo aqui na seção Mega Curioso.

O que é confiar?

Em quem você confia? Você confiaria em um amigo para guardar uma quantia de dinheiro que ultrapassasse os dez mil reais? A maioria das pessoas diria que não, mas também são as mesmas pessoas que deixam seu dinheiro guardado em contas de bancos, estabelecimentos gerenciados por pessoas que nem conhecem. É lógico que nesse caso devemos analisar a credibilidade da instituição, mas a relação é quase a mesma.

(Fonte da imagem: iStock)

Nós depositamos os salários em contas bancárias, acreditando que, quando o dinheiro for necessário, bastará irmos até alguma máquina de saque automático para conseguirmos resgatá-lo – ou então utilizar o cartão de débito para a mesma ação. Nesse segundo caso, entra um outro momento em que a confiança é necessária: as empresas nas quais fazemos compras confiam que a administradora do cartão irá repassar o dinheiro pra elas.

Mas você pode imaginar que nem sempre isso acontece de maneira implícita. Para resguardar todas as partes dos acordos, existem os contratos assinados pelos envolvidos nos processos. Em transações bancárias, por exemplo, eles são assinados formalmente, contando com uma série de termos que protegem as pessoas e as instituições.

Há quem diga que até mesmo pagar a passagem de ônibus faz parte de contratos formais. Afinal de contas, é muito claro o que uma empresa de transporte oferece às pessoas – levá-las de um lugar a outro com rapidez e segurança –, assim como o que elas esperam do serviço prestado.

Por que todos cooperam?

Atualmente, vivemos em um mundo em que a cooperação é mais do que necessária. A grande maioria trabalha em prol de um único objetivo: obter lucros para conseguir comprar novas coisas. Isso é essencial para a sobrevivência do sistema. “E o que a confiança tem a ver com isso?”. Bem, nós compramos itens de empresas nas quais confiamos, e que outrora confiaram em seus fornecedores – isso realmente funciona em ciclos enormes.

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Schneier lembra que os seres humanos são movidos pela reputação. Como temos padrões e conceitos do que é correto ou não, fugir deles faz com que sejamos avaliados de maneira negativa pelos semelhantes. E isso leva a um ponto a que poucos seres humanos conseguem se acostumar: exclusão social – seja ela por mera falta de aceitação ou por prisão, o que pode acontecer em alguns casos.

Como disse o próprio autor: “Se nós pudermos aumentar os benefícios da cooperação ou os custos da deserção, podemos induzir as pessoas a agirem em benefício do grupo”. E isso pode ser visto nas constantes aclamações de pessoas benfeitoras, assim como o oposto acontece com quem desrespeita as leis – que é um contrato do cidadão com o Estado.

Parasitas se aproveitam da confiança alheia

Apesar de a grande maioria se adaptar às normas de conduta, há aquelas pessoas que decidem partir para métodos alternativos – são os “parasitas”, como afirma Scheiner. São os ladrões, falsários e outros criminosos, que se aproveitam da confiança que os outros têm neles e tiram vantagens de determinadas situações.

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Vamos continuar com o exemplo das transações bancárias. Os clientes dos bancos confiam que vão inserir seus cartões nas máquinas de saque automático e sairão do lugar com o dinheiro esperado. Pessoas mal intencionadas podem instalar sistemas de fraude nos equipamentos, o que causa danos a todos aqueles que caírem na armadilha.

Outro exemplo clássico é a “falsa blitz de trânsito”. Bandidos simulam uma operação de fiscalização de automóveis, se aproveitam do fato de os motoristas acreditarem que aquilo se trata de algo legal  e roubam carros. Novamente, a confiança em um sistema foi a chave para prejudicar alguém.

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É preciso compreender que a tecnologia possui um papel vital para essas relações. É com ela que as transações bancárias se tornaram mais facilitadas – assim como os ataques e invasões. Confiamos que tudo dará certo, abrindo brechas para que outras pessoas nos prejudiquem. Mas se não confiarmos em ninguém, boa parte da sociedade pode ruir por falta de recursos.

Qual seria a solução ideal para isso? A verdade é que ninguém sabe. Schneier afirma que o método mais simples para conviver com este dilema é aceitando que os dois lados da moeda (o “bem” e o “mal”, por assim dizer) são igualmente necessários – os bons para encontrar soluções e os maus para encontrar vulnerabilidades. O que você pensa sobre isso?

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