O 4G está chegando

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O 3G ainda está dando seus primeiros passos — principalmente no Brasil, que somente agora está vendo o salto dos usuários do serviço com a introdução de aparelhos como o iPhone e outros capazes de navegar pela internet adequadamente—, mas uma nova onda tecnológica já está no horizonte: é o 4G, a quarta geração de estratégias e especificações para as comunicações móveis.

Mas o que ela trará de bom a você? A resposta é simples: muito mais praticidade, padrões de velocidade e qualidade mais altos e muito mais integração entre os dispositivos eletrônicos com capacidade para comunicação sem fio!

Por que mudar?

Para apenas telefonia e envio de mensagens, a rede atual é mais do que suficiente, mas junto à 3G chegaram também ofertas de serviços como o envio de mensagens multimídia, conteúdo de transmissões digitais HDTV, vídeo chamadas e até mesmo transmissões móveis, que requerem uma banda enorme para o tráfego de dados e uma infraestrutura mais robusta.

É justamente para ofertar tudo isso (e mais novidades que virão no futuro) com a qualidade necessária para os usuários de forma simultânea que novos padrões estão sendo desenvolvidos e estudados.

Muitos vídeos... em qualquer lugar!

Uma longa disputa pela frente

Se a briga das mídias de nova geração viu o Blu-Ray contra o HD-DVD (disputa levada a sério pela gigante Sony), a quarta geração das tecnologias de comunicação sem fio está de olho no embate entre o WiMax e o LTE (que é o acrônimo para Long Term Evolution, ou evolução a longo prazo), as duas tecnologias de transmissão 4G.

Ambas partem da ideia de movimentar dados e informações (através de endereços de IP) e são baseadas na tecnologia OFDM (do inglês Orthogonal frequency-division multiplexing, uma técnica de modulação construída sobre a multiplexação por divisão de frequência), o que as distancia do cenário visto com o CDMA e o GSM em que havia duas tecnologias completamente distintas e incompatíveis no mercado. Mesmo assim, isso não significa que as duas não estão em competição.

Conhecendo melhor os concorrentes

WiMax

A primeira (WiMax, Worldwide Interoperability for Microwave Access) se desenvolveu de um conceito próximo do Wi-Fi (e de especificações também abertas, que se traduzem em equipamentos mais baratos, mas com implementações de melhorias e recursos mais recentes), permitindo acesso à banda larga sem fio com custos reduzidos e com muito mais eficiência principalmente no que diz respeito aos usuários finais em locais mais remotos.

Existem também duas variações dela, uma nomádica (IEEE 802.16-2004, que seria útil para transmitir a conexão para lugares de difícil cabeamento, reduzindo o custo para as operadoras), com hotspots para conexão local e outra móvel (IEEE 802.16-2005), que funcionaria para as redes telefônicas e em velocidades de deslocamento de até cem quilômetros por hora.

WiMax: Banda larga de qualquer lugar

O WiMax também possui uma ligeira vantagem de implementação (está a mais tempo no mercado), além do suporte das gigantes Sprint e Intel. Infelizmente, mesmo embora projetada para altas velocidades, ela vem sofrendo pressão constante por não manter a velocidade esperada na maioria dos testes realizados até agora, fato que indica a falta de maturação da tecnologia.

Outros problemas que limitam sua inserção são a possível sobreposição de banda em alguns países, contratos de proteção de investimentos já estabelecidos com os padrões LTE e também a alta interferência (em algumas frequências mais altas de transmissão) causada por chuvas, o que limita seu raio de utilização e reduz ainda mais a velocidade do tráfego de dados.

Chuva e o WiMax: uma combinação que não funciona

LTE

Já o LTE (resultado do 3rd Generation Partnership Project, 3GPP) desponta como sucessor natural para os atuais padrões UMTS, já que se trata de uma evolução natural para os padrões 3G atuais, pensado desde o início para a comunicação móvel. O resultado é a transmissão de dados bidirecional, com velocidades que são de 15 a 100 vezes maiores que as vistas atualmente (teoricamente 100 Mbits por segundo para Downlink e 50 Mbits por segundo para Uplink) .

O Long Term Evolution é também retro-compatível (assim como o GSM foi com o TDMA), o que significa que usuários, serviços e aparelhos da nova rede e da antiga podem coexistir sem quaisquer problemas.

Celulares antigos podem continuar sendo utilizadosOutra vantagem é o suporte para diversas bandas, que vão de 1920 MHz até 2620 MHz, bem como as tecnologias FDD (Frequency Division Duplexing) e TDD (Time Division Duplex). Já com relação ao alcance, a melhor distribuição é realizada dentro de um raio de cinco quilômetros, mas pode chegar até cem quilômetros com um desempenho ainda aceitável.

Para aumentar ainda mais as forças deste padrão fechado, todas as grandes operadoras norte americanas e diversas outras ao redor do globo (como a Verizon, AT&T, TeliaSonera, T-Mobile, Vodafone, Bell, Telus, e Cox Communications, por exemplo) anunciaram que pretendem converter suas redes até o final deste ano para os padrões LTE.

Entretanto, o sistema não é perfeito: por exigir a utilização de um cartão SIM — assim como os aparelhos das redes GSM atuais —, o padrão teoricamente excluiria da brincadeira outros dispositivos que não fossem provenientes das operadoras, como notebooks, por exemplo. Os custos finais (para os usuários) também devem ser ligeiramente mais elevados que os observados com o formato WiMax.

Se quiser saber um pouco mais sobre esta tecnologia que promete revolucionar o mundo dos portáteis, confira também nosso artigo exclusivo: LTE: o futuro da banda larga móvel?

Uma guerra de morte?

Como já vimos acima, as duas são baseadas nos mesmos princípios e na mesma tecnologia para a transmissão de dados, entretanto, com a adoção forte que está ocorrendo com o LTE nas operadoras telefônicas, é provável que ela assuma o controle total do cenário, deixando para o WiMax a conexão banda larga para usuários finais.

Isso significa que nem uma e nem outra desaparecerá, mas sim que as duas servirão a propósitos diferentes em um futuro muito próximo. Outro ponto a ser considerado é que não será difícil e nem mesmo tão caro o desenvolvimento de plataformas com capacidade de conexão simultânea entre os dois padrões.

Quando a tecnologia deve aparecer

Os testes do WiMax já estão em andamento a mais tempo, contando com o suporte da Intel, com implementação aqui no Brasil em cidades como Brasília, Belo Horizonte, Mangaratiba, Ouro Preto e Parintins.

A própria Embratel passou a oferecer internet banda larga e telefonia VoIP para algumas regiões, sem requerimentos de linhas tradicionais. O número de cidades está em doze, mas deve pular para 61 em breve. A UFPR (Universidade Federal do Paraná) também planeja implementar hotspots de acesso, os quais servirão tanto aos alunos da instituição com dispositivos portáteis quanto àqueles que não possuem internet em suas casas.

Celulares e computadores juntos no 4G?

Já na questão móvel (das redes telefônicas) e na implementação do 4G em si, o processo deve ser um pouco mais lento devido a diversos fatores. O primeiro é a recessão global, que afetou os investimentos de todas as grandes companhias e desacelerou as modificações nos equipamentos (e já que o desempenho do 3G não foi dos melhores, as próprias provedoras não encontram ânimo).

No caso do Brasil, teriam que ser comprados e instalados bilhões em fibra óptica para que a estrutura correspondesse com a velocidade teórica prometida pelo LTE, evitando um cenário próximo ao visto com o 3G (em que a conexão caía o tempo todo e que a velocidade era sofrível).

Em segundo lugar, existem problemas em algumas regiões (novamente como o Brasil), nos quais a oferta de faixas de tráfego é muito baixa, ocupado também pelas transmissões televisivas analógicas. Se os dados fossem transmitidos na rede e nas frequências disponíveis atualmente, o que ocorreria seria um enorme congestionamento de dados.

Faltam também muitas etapas na regulamentação dos padrões e até mesmo a oficialização. Com tudo isso em mente, não espere pelo LTE e por suas vantagens tão cedo. A previsão para alguns países é de mais um ou dois anos no mínimo. Por aqui fica a esperança de que haja logo a regularização das faixas e de que as prestadoras de serviço se animem com a velocidade prometida.

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