Gigante asiático: fomos até a China para conhecer de perto a sede da Huawei

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Em praticamente qualquer campo da tecnologia que se analise, é quase certo que você vai encontrar o nome de pelo menos uma empresa chinesa que se destaque ou seja promessa no ramo. Aqui no Brasil, começamos a sentir isso principalmente nos ramos de TI e smartphones, mas, ainda assim, a distância entre os dois países nem sempre permite que tenhamos noção do tamanho e da influência dessas companhias em sua terra natal. O que é possível fazer para desvendar um pouco mais sobre essas fabricantes? Viajar para a China, é claro!

No mês de setembro, a equipe do TecMundo fez as malas e enfrentou uma viagem tranquila de pouco mais de 25 horas para cobrir o Huawei Cloud Congress – ou, simplesmente, HCC 2015 –, um dos maiores eventos do mundo quando o assunto são os avanços das soluções em nuvem e o futuro dessa tecnologia. Como a viagem não é nada curta, é claro que não perdemos a oportunidade de bisbilhotar um pouco de tudo por lá e assim, a convite da própria empresa, visitamos a sede e os centros de pesquisa da Huawei no outro lado do mundo.

Depois de uma breve passagem sobre a cosmopolita Hong Kong – que é praticamente um capítulo à parte em relação à China –, nosso primeiro ponto de parada oficial foi a surpreendente Shenzhen. Fazendo parte de um programa de incentivos do governo local para atrair investimentos para a área no fim da década de 1970, a cidade se tornou um dos grandes polos industriais da região e é considerada o Sillicon Valley do país asiático. A semelhança se estende até a média de idades dos trabalhadores do lugar: jovens entre 25 e 30 anos.

Não por acaso, a cidade abriga a sede e o maior centro de pesquisa e desenvolvimento da Huawei – que foi fundada em 1987 por Ren Zhengfei, ainda presidente da empresa. Ao chegar por lá, deu para perceber em primeira mão que a meta da companhia em investir pelo menos 10% dos seus lucros no setor de pesquisa e desenvolvimento dá resultados palpáveis. Isso porque o centro de P&D construído em Shenzhen é simplesmente gigantesco, com capacidade para receber cerca de 50 mil funcionários sem qualquer tipo de problema.

Espaço e atividades de sobra

O terreno de cerca de dois quilômetros quadrados fica a cerca de 30 minutos do centro da cidade, podendo ser acessado de carro, transporte público ou de bicicleta – como fazem alguns do mais jovens. O local lembra muito o campus daquelas universidades que se costuma ver em filmes de Hollywood, abrigando jardins bem cuidados, quadras poliesportivas, aparelhos de ginástica, piscina e prédios voltados para todo tipo de atividade – com diversos blocos dedicados aos mais variados aspectos da tecnologia.

Não é à toa que a área, por vezes, lembre o de uma instituição de ensino de grande porte. Isso porque, além dos centros de pesquisa, estão por lá também a chamada University of Huawei – voltada para o treinamento de novo funcionários –, dormitórios com capacidade para abrigar milhares de pessoas e até uma ala dedicada aos refeitórios. Pode parecer um exagero que essa infinidade de setores na sede da empresa, mas como ela contrata jovens talentos de todo o país, é preciso ter um ambiente espaçoso para receber esse pessoal que vem de longe.

Para garantir o conforto, até uma ala dedicada aos refeitórios foi construída no coração do local, oferecendo pratos de diversas regiões da China, com opções suficientes para agradar até mesmo quem não é muito fã da culinária da região – incluindo um cardápio generoso de sobremesas. Todo esse cuidado na manutenção do campus, a organização dos prédios e o número de funcionários que circulam por lá ajudam o visitante a ter uma ideia da dimensão que a empresa tem em território chinês.

Parece demais para o que você está acostumado? Nada mais natural, afinal, aqui no Brasil, a Huawei é pouco conhecida do grande público se formos para fora do ramo de smartphones – com o Ascend P7, lançado por aqui em 2014 – modens e outros itens ligados à infraestrutura e ao universo corporativo. Em seu país de origem, a história é completamente diferente do que temos em terras brasileiras. Conforme fomos passeando pelos pavilhões de exposição da companhia em Shenzhen, deu para ter um gostinho do tamanho da Huawei.

Soluções de todos os tipos

Servindo de inspiração ao showroom aberto há poucos dias na sede da Huawei em São Paulo, os salões de apresentação em Shenzhen permitem que o público confira um pouco de cada produto ou serviço da empresa, que só há pouco tempo resolveu se aventurar em atender o consumidor final. Até então, o forte da companhia são os negócios relacionados às operadoras de telefonia, segmento em que a chinesa é líder e que representa 70% de toda a sua renda em escala global – que fechou em mais de US$ 46 bilhões em 2014.

Isso fica claro pela quantidade de itens voltados para TI, infraestrutura e segurança da informação. Em um dos ambientes, por exemplo, pudemos conhecer em primeira mão o novíssimo USG9500, firewall terabit da empresa que é capaz de lidar com 1,44 Tbps de dados continuamente. Próximo ao equipamento, uma série de servidores voltados para todo o tipo de tarefa – de hardwares especializados em processamento de dados essenciais dos clientes a soluções de armazenamento ultrasseguras – complementam o repertório à disposição no local.

Não faltam também equipamentos voltados para conectividade, internet das coisas e cidades inteligentes. Os representantes de destaque nesses setor estão em um catálogo bem amplo e diversificado de base stations, com produtos como o Easy Macro 2.0, comercializado apenas na China e alguns países da Ásia, e o AtomCell, utilizado pela Vodafone na França. Outros itens, menores e mais leves, unem antena e receptor e podem ser colocados em shoppings ou aeroportos para monitorar e analisar o comportamento do público e oferecer anúncios.

Entre as peças mais encorpadas encontradas por lá, o vencedor, com toda a certeza, é o Huawei Container Data Center Solution. Além de ser um equipamento construído dentro de um container, o que possibilita que ele transportado e movido com uma facilidade considerável, o servidor chama atenção pela sua robustez. Capaz de resistir a condições climáticas extremas, incluindo calor extremo, nesvascas, chuvas torrenciais e até terremotos, a caixa dispensa infraestrutura avançada e pode ser usada em locais afastados ou menos favorecidos.

Discutindo o 5G em Xangai

Dias depois desse tour de tecnologia em Shenzhen, pegamos mais um avião e fizemos um voo doméstico até a cidade de Xangai para conferir outro dos centros de pesquisa da Huawei. Inaugurado mais recentemente, em 1996, o prédio na metrópole chinesa é mais humilde que seu irmão mais velho, mas não muito quando comparado com outras construções da vizinhança. Isso porque o edifício tem espaço de sobra para mais de 10 mil funcionários da empresa e é um dos mais amplos, em questão de área total, na região.

Nesse local, o foco é o desenvolvimento de sistemas wireless, comunicação digital e pesquisa de chipsets. Por conta disso, os processadores Kirin, fabricados pela HiSilicon – também de propriedade da Huawei –, marcam presença em uma bancada reservada apenas para eles nos salões do Shanghai MBB Experience Center. Atualmente, os chips integrados dessa linha têm evoluído para bater de frente com soluções de concorrentes, como Exynos (Samsung) e Snapdragon (Qualcomm), e integram boa parte dos smartphone da empresa.

Com luz baixa e telões ainda mais vistosos que os encontrados em Shenzhen, a área do showroom passa um clima, vamos dizer, mais hi-tech para as apresentações – incluindo até um robozinho dançante que arranca risadas dos visitantes durante seu show. O astro do local, porém, são as ideias e os conceitos planejados para o badalado 5G. A empresa detém 55% de participação em todo mercado 4G LTE, avança na entrega do 4,5G – que deve facilitar a transição para o próximo nível – e lidera o desenvolvimento do novo formato mobile.

A Huawei aposta tanto na tecnologia, que pensa em um projeto de implementação oficial dela até 2020. Ousada, a conexão deve ser flexível para atender a demanda prevista de mais de 100 bilhões de dispositivos conectados – entre celulares e objetos dentro do conceito de Internet das Coisas – e com latência extremamente baixa, na faixa de 1 ms. Essa largura de banda e agilidade devem permitir que carros autônomos, por exemplo, possam fazer cálculos de frenagem e conversar com outros veículos de forma virtualmente instantânea.

Merece menção também um pacote interessante de soluções voltadas para o uso cotidiano das linhas mobile – tanto para as operadoras como para os clientes comuns. Entre os integrantes desse nicho estão o protocolo vLTE, que permite usar o 4G para melhorar a qualidade das chamadas de voz, e o recurso SingleSON, que promete organizar o emaranhado virtual de ligações nos grandes centros urbanos. Como? O serviço rearranja, de forma automática, a cobertura de rede local para reduzir buracos e desafogar regiões populosas.

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E aí, imaginava que companhias chinesas como a Huawei investiam em tantas vertentes da tecnologia e eram tão grande fora do Brasil? Qual desses produtos e serviços você gostaria de ver sendo comercializados por aqui? Gosta de poder conhecer um pouco mais sobre os bastidores e história das empresas do setor? Deixe seu comentário e fique ligado no TecMundo para mais artigos como esse.

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