Visitamos as pistas e laboratórios do campo de testes dos carros da Ford

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Desenvolver um bom carro certamente não é uma tarefa das mais fáceis. Criar um veículo que tenha a mistura certa de força, consumo de combustíveis, design, conforto, segurança e sustentabilidade – tudo isso com um custo-benefício atraente para os consumidores – envolve bastante trabalho. Quando consideramos que o produto final ainda precisa estar de acordo com as regras estabelecidas pela legislação, então, a questão se torna ainda mais complexa.

Abrindo suas portas na cidade de Tatuí, no interior de São Paulo, a Ford convidou a imprensa para conhecer os laboratórios e pistas de testes usados para desenvolver e regular seus automóveis de acordo com seus padrões de qualidade e com as leis brasileiras, e o TecMundo foi até lá conferir. Indo desde o controle do nível de emissão de gases de cada carro até os locais onde o desempenho dos veículos é posto à prova, confira as instalações da companhia a seguir.

Preocupação com o ambiente

Nossa primeira parada foi o laboratório de emissões, em que a Ford realiza todos os testes sobre a quantidade de gases que é liberada pelos veículos durante seu funcionamento, seja por meio do escapamento ou por simples evaporação. Com esses dados, a companhia consegue aprimorar o desenvolvimento e calibração de motores, homologar veículos, controlar de qualidade da produção e acompanhar a durabilidade de componentes.

As instalações da empresa contam com dinamômetros e sistemas analisadores de gases para ensaios de motores a gasolina, flex ou diesel, de acordo com as normas brasileiras e europeias. “Entre outras inovações, já estamos equipados para a homologação de veículos com a norma Euro 6 de motores diesel para a Argentina e o Chile, que só deverá ser adotada no Brasil em 2018”, diz Astor da Silva Filho, supervisor do laboratório.

A área conta ainda com uma câmara do tipo “Sealed Housing for Evaporation Determination” (SHED), feita para medir as emissões que o carro produz no ambiente quando está desligado. O equipamento simula as variações de temperatura ao longo do dia e mede a concentração de hidrocarbonetos na evaporação de combustível, pneus, graxa e outros componentes, com sensores e analisadores

O silêncio é de ouro

Na sequência, conhecemos o laboratório de qualidade sonora, onde a Ford analisa e refina a acústica de seus veículos para atingir o nível de conforto acústico e o padrão de qualidade que serão percebidos pelos clientes. Para realizar esse trabalho, a empresa conta com equipamentos e softwares sofisticados que permitem registrar, quantificar e identificar cada tipo de som.

Um desses novos equipamentos é o VisiSonics, que conta com múltiplos microfones e câmeras para gerar um mapa de 360 graus capaz de sobrepor sons e imagens. Com ele, os engenheiros da área de Ruídos, Vibrações e Asperezas (NVH, na sigla em inglês) conseguem identificar a origem de sons em cada ponto da cabine e adotar ações para a melhora da sua qualidade ou anulação.

“O objetivo é buscar o menor nível de ruído interno na cabine do veículo, considerando diferentes tipos de pistas, para permitir, por exemplo, uma melhor compreensão da fala entre os ocupantes e, consequentemente, um melhor conforto acústico”, diz Jorge Marano, engenheiro de testes de NVH.

O mundo em uma sala

Outra instalação do campo de testes da Ford é o simulador de rodagem, feito para garantir o conforto ao dirigir em qualquer situação de solo e avaliar eventuais rangidos na estrutura, suspensão e níveis de vibração – trabalho feito junto à equipe do laboratório citado acima. Essa tarefa é viabilizada por um aparato que permite isolar e avaliar separadamente áreas-chave do veículo.

O simulador de pistas (também conhecido como "Four Poster") é composto de quatro pilares que sustentam e movimentam as rodas do veículo por meio de atuadores hidráulicos, controlados por softwares capazes de reproduzir mais de 30 tipos de pistas do Brasil e outros países. Dessa forma, é possível verificar como a suspensão de um protótipo se comporta, por exemplo, em uma estrada da China sem precisar levar o carro até lá, sofrendo interferências externas.

“Na cabine, instalamos acelerômetros na direção, nos apoios de cabeça dos bancos, na alavanca do câmbio e no chassi, além de microfones para medir o nível de ruído e conforto do motorista e dos passageiros com a suspensão do carro em movimento", explica Wanderley Pella, engenheiro de testes.

Hora da ação

Por fim, tivemos a chance de conferir também parte dos 50 km de pistas de teste que a empresa usa para realizar todas as análises necessárias durante o desenvolvimento de protótipos e a adaptação de veículos estrangeiros às leis brasileiras. Divididas em cerca de 10 km de vias asfaltadas e aproximadamente 40 km de trajetos de terra e lama, as instalações simulam diferentes tipos de ruas e estradas da América do Sul.

As pistas asfaltadas são divididas em seções de alta e baixa velocidade, labirinto, colinas e rampas com diferentes ângulos de inclinação. Segundo a companhia, o objetivo do trabalho no local é garantir que os veículos cheguem ao mercado preparados para atender todos os requisitos de qualidade, funcionalidade e eficiência.

Todas as vias de testes são dotadas de um rígido sistema de segurança, que inclui sinalização especial, controle de acesso, cercas e passagens subterrâneas para animais silvestres e treinamento de todo o pessoal operacional e de apoio. Sua estrutura inclui também equipe médica, bombeiros com equipamentos para atendimento de urgência e resgate e motoristas profissionais com anos de experiência.

Outros cuidados

Além das áreas liberadas durante a nossa visita ao campo de testes da Ford em Tatuí, as instalações da empresa também estão preparadas para a realização de outros tipos de exames, que incluem a avaliação do desempenho e consumo de combustível, arrefecimento, freios, penetração de água e poeira, cabines de névoa salina dinâmica veicular, calibração e desenvolvimento de motores e durabilidade.

“Com o avanço da tecnologia impulsionado pelas plataformas globais, os veículos passaram a ter um conteúdo crescente de eletrônica embarcada e os testes ficam cada dia mais sofisticados. Por isso, fazemos investimentos constantes em equipamentos e especialização técnica”, diz Fábio Lang, gerente do Campo de Provas de Tatuí. Você pode conferir um pouco do que o TecMundo viu durante a visita nas imagens e vídeos ao longo deste texto.

O que achou do trabalho envolvido nos testes de qualidade e segurança dos carros da Ford? Comente no Fórum do TecMundo

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