Como o feed do Facebook está ficando cada vez mais irrelevante [opinião]

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A popularidade do Facebook é inquestionável e, embora tenha quase uma década de existência, a rede social criada por Mark Zuckerberg continua a ganhar novos adeptos ao redor do mundo. Você pode perceber a grandiosidade desse site de relacionamento parando e pensando quantos dos seus conhecidos possuem uma conta nele, ou melhor: quantos deles não têm um perfil no “Face”.

É comum que esse círculo de amizades passe do mundo offline para o virtual, criando uma verdadeira rede de contatos. E, se cada um das suas centenas de amigos no serviço publicar três coisas ao longo o do dia, você terá uma imensa lista de atividade para conferir no final dele.

A questão é que boa parte desse conteúdo não tem a relevância esperada por muitos de nós, sendo difícil achar algo que realmente valha a pena parar para ler. É exatamente esse feed lotado que vamos discutir neste artigo opinativo.

“Adicionar aos amigos”

A principal explicação para esse gigantesco volume de informações que alimenta a nossas timelines é o acúmulo de contatos ao longo do tempo. Você passa pelo ensino médio, termina a faculdade, ingressa em alguns trabalhos distintos e os “amigos” permanecem no seu Facebook.

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Se você ainda não possui centenas de amigos na rede social, não é preciso navegar muito em meio à sua lista de contatos para encontrar quem esteja conectado a 200, 400 ou 600 pessoas — e não é muito difícil achar adeptos do site com milhares de conexões.

Porém, dificilmente você se relaciona com frequência com toda essa gente. A probabilidade é que você converse, troque imagens ou envie vídeos para poucas dezenas de seus contatos no Facebook, número que é ainda menor quando pensamos em contato fora do computador ou celular.

Enxurrada de publicações

E isso é completamente aceitável. As pessoas mudam, ganham gostos musicais diversos, começam a curtir atividades físicas diferentes, participam de novos círculos sociais e os interesses em comum acabam se tornando cada vez mais escassos — o que resulta na clássica falta de assunto. Resumindo, as contribuições dessas pessoas que pouco têm a ver com você são as responsáveis por um “feed de notícias” com uma infinidade de temas, discussões, eventos e fotos que não satisfazem nenhum de seus interesses e não têm a menor relação com o seu cotidiano ou objetivo de vida.

Assim, você tem sua atenção desviada de publicações que realmente importam para você e dificulta a localização de postagens de pessoas ou páginas que participam ativamente da sua vida no momento. Em outras palavras, a cada dia, a cada novo contato e a cada “curtida”, a timeline do Facebook pode se tornar mais “irrelevante”.

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No mundo real, o mundo offline no qual vivemos, perder o contato com pessoas que não se transformaram em amigos muito próximos é normal — e muitos dizem que é saudável para a sua vida social. Você vai vivendo, conhecendo novas pessoas, adquirindo outros interesses e contatos do passado vão sendo deixados de lado, até que caiam no esquecimento.

Contudo, essa não é uma característica do Facebook e das redes sociais de uma maneira geral. Depois de estabelecer uma conexão com uma pessoa, enquanto você não romper esse vínculo, as atividades diárias desse velho amigo vão continuar inundando a sua timeline por anos, décadas. Agora imagine isso sendo somado às centenas e até milhares de contatos que conhecemos ao longo da nossa vida. O caos informacional está estabelecido sem você se dar conta.

Essência jovial

O Facebook surgiu no ambiente universitário, como uma forma de integração entre os estudantes de Harvard. E parece que o modelo de amizades da rede social faz mais sentido para tal propósito. Isso porque é na faculdade que a maioria das pessoas deseja fazer o máximo de amigos possível, sendo que o perfil na rede social serve para dar acesso fácil e total às fotos, vídeos e atividades de todo o seu passado e do presente. Uma forma rápida de aproximar a relação das pessoas.

Mas, ao deixar a universidade e ir para o mercado de trabalho, além do fato de ficarmos mais velhos, algumas prioridades vão sendo alteradas e outras necessidades vão surgindo, inclusive em relação à nossa interação social. A tendência é de que façamos menos amizades, mas que elas passem a ser mais “sólidas”.

Dedo da tecnologia

Obviamente, a tecnologia também tem sua participação na evolução de nossas ambições sociais, mas nem sempre essa influência pode ser da forma como imaginamos. Isso é o que revela uma pesquisa realizada pelo professor Felix Reed-Tsochas, da Universidade de Oxford, nos EUA.

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"Embora a comunicação social seja agora mais fácil do que nunca, parece que a nossa capacidade de manter relacionamentos emocionalmente próximos é limitada", explica a notícia sobre a publicação do estudo na página da própria instituição de ensino.

"Os indivíduos são capazes de manter relações estreitas com apenas um pequeno número de pessoas, sendo que novas amizades são estabelecidas à custa de amigos existentes", complementa a matéria. Em suma, a pesquisa segue o pensamento popular de que nós não conseguimos manter muitas amizades por muito tempo e concluiu que as tecnologias devem “entender” isso.

Vivendo em uma bolha

Mas o tema mais polêmico nesse sentido começa quando os algoritmos do Facebook entram em ação e começam a decidir por você. A rede social possui filtros que levam em consideração a relevância de determinado assunto para o seu perfil de internauta. Porém, quais são os critérios para tal filtragem? E quem disse que você não quer ou jamais desejará conhecer coisas novas ou saber de fatos curiosos que saem do seu cotidiano?

Essa tomada de decisão autoritária por parte não só do Facebook, mas do Google, Yahoo! e vários outros serviços online, é amplamente discutida por Eli Pariser, cientista político e ativista da internet, em seu livro “The Filter Bubble”.

Nesta palestra para o TED, organização que realiza apresentações dos mais variados assuntos relacionados à tecnologia, entretenimento e design, ele comenta sobre como a “internet” nos mostra o que ela pensa que queremos ver, mas não necessariamente o que precisamos visualizar.

As redes sociais e os serviços de internet tentam implementar mais e mais mecanismos que direcionem conteúdos com base em inúmeros fatores, como nossa idade, os links que mais clicamos, a marca e a configuração do computador que usamos, o browser que utilizamos naquele momento, etc.

Isso faz com que, na verdade, estejamos em uma espécie de bolha que nos separa do resto do mundo — o que foge da proposta essencial da internet, que é a de conectar as pessoas ao redor do planeta. Assim, no fundo estamos sendo excluídos em espécies de redes privadas e isoladas. E o que é pior: a gente não decide o que entra nas nossas bolhas e, o mais preocupante, não vemos o que fica de fora delas.

Você no controle

É válido mencionar que o Facebook tem investido em maneiras que deem mais liberdade para os seus adeptos e permitam que eles gerenciem e monitorem melhor a sua privacidade na rede social.

Você pode deixar de visualizar as atualizações de contatos específicos cancelando a assinatura do perfil dessas pessoas, determinando que somente as postagens mais importantes sejam exibidas na sua timeline, aplicando filtros de restrição de publicações vindas de determinados contatos e bloqueando definitivamente um contato.

(Fonte da imagem: Reprodução/Tecmundo)

O caminho inverso também é possível, ou seja, você pode definir quem pode e deve receber uma publicação sua. Isso pode ser feito de duas maneiras: direcionando para quais contatos aquela postagem deve ser exibida ou quem não poderá ver tal conteúdo.

Você pode ainda ocultar a visualização da sua lista de contatos e da sua timeline e até ficar invisível para pessoas específicas no chat do Facebook. Quer aprender a fazer tudo isso? Então não deixe de ler as seguintes matérias e tutoriais:

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E o que você tem a nos dizer sobre o assunto? O Facebook, ou as redes sociais em geral, está tão inflado que acaba nos trazendo apenas conteúdos irrelevantes? Os serviços de internet estariam nos alienando com seus algoritmos e filtros que são pouco “transparentes”? Na sua opinião, qual a melhor forma de reduzir ou acabar com essa enxurrada de informações “inúteis”? Não se esqueça de deixar a sua visão nos comentários.

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